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VOCÊ JÁ OUVIU FALAR NA NEUROFOBIA?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 16 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

por Pedro Victor S. Monteiro


A jornada na graduação em Medicina representa um momento essencial para a formação da identidade profissional. Levando em conta uma sociedade que estabelece diversas atribuições e expectativas sobre os médicos, certas cobranças feitas pelos próprios estudantes, envolvendo a necessidade de deter o máximo de conhecimento possível, se tornam cada vez mais presentes. Nesse sentido, o aparecimento da “Neurofobia” ganha espaço em debates sobre a maneira na qual os cursos de ensino superior médicos se estruturam.


O QUE SERIA A NEUROFOBIA?

No ano de 1994, o pesquisador Ralph Jozefowicz da Neuromedicina – uma área que envolve os campos de estudo sobre o sistema nervoso, indo da formação e desenvolvimento anatomofuncionais até os distúrbios, métodos de diagnóstico, tratamento e reabilitação das enfermidades – definiu um termo que descreve o medo da neurociência e da neurologia, surgido a partir de uma incapacidade de o estudante unir o conhecimento básico com a prática clínica: a Neurofobia. Com o passar dos anos, a relevância dessa problemática permaneceu alta e, no presente contexto mundial, ainda apresenta consequências na saúde pública. Uma vez que os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para um crescimento do peso das doenças neurológicas¹, a demanda de profissionais que não apresentem características da Neurofobia e sejam capazes de atuar como generalistas, tendo um vasto conhecimento sobre as patologias neurológicas, só passa a ser maior.

A NEUROFOBIA NO BRASIL

Em 2018, um estudo conduzido por uma equipe do Estado do Pará² afirmou que, até aquele momento, não existiam trabalhos sobre Neurofobia no Brasil. Então, com a sua publicação na Revista Brasileira de Educação Médica que detalhava a experiência dos estudantes de quatro escolas médicas paraenses, atestaram que a Neurofobia estava presente em nosso país e se manifestava a partir de justificativas como a necessidade de saber Neuroanatomia e Neurofisiologia, os conhecimentos básicos das Neurociências. Ainda, os pesquisadores foram capazes de levantar a possibilidade de novas abordagens educacionais serem potenciais modificadoras da percepção desfavorável de estudantes de Medicina sobre a área da Neurologia.

Seguindo um caminho semelhante, a dissertação do Me. Guilherme Lucas de Oliveira Lima, apresentou a Neurofobia em mais um contexto brasileiro no ano de 2019³. Realizando uma pesquisa com estudantes de Medicina do Estado do Rio Grande do Norte, a realidade neurofóbica no Nordeste do Brasil também se confirmou. Trazendo, para mais, um indicativo de que a distância entre as disciplinas da Neuromedicina e a baixa integração do conteúdo contribuem para esse panorama de dificuldade na aplicação do conhecimento básico na prática clínica.

O QUE A NEUROFOBIA PODE NOS FAZER PENSAR?

De acordo com o capítulo “Neurofobia: reflexões sobre as causas do desinteresse de jovens médicos por uma especialidade tão promissora” – publicado em 2020 e escrito pelo professor da UFRJ Macaé, Dr.º Renato Faria da Gama¹ – a Neurofobia escancara a necessidade de modificar o perfil de ensino apresentado por educadores médicos na área neurológica. Sendo assim, de maneira semelhante ao estudo do Pará previamente abordado, o argumento sobre a incorporação de estratégias de aprendizagem (como a gameficação, em que jogos são utilizados como motivadores e facilitadores da aquisição de conteúdos) são indicados como possíveis facilitadores desse processo. Portanto, a reflexão obtida a partir da noção de Neurofobia expõe o quanto se faz necessário levantar pontos presentes na educação médica, para que o debate sobre elas possa ser feito, as mudanças sejam uma consequência e os problemas sejam mitigados.



REFERÊNCIAS

GAMA, R. F.; SOUZA, S. N.; RIBEIRO, C. C. A. Neurofobia: reflexões sobre as causas do desinteresse de jovens médicos por uma especialidade tão promissora. Avanços Na Neurologia E Na Sua Prática Clínica 3 [recurso eletrônico] (Organizador: Tallys Newton Fernandes de Matos). Ponta Grossa, PR: Atena, 2020.


2 SANTOS-LOBATO, B. L. et al. Neurofobia no Brasil: Detectando e Prevenindo um Problema Global. Revista Brasileira de Educação Médica [online]. 2018, v. 42, n. 1, pp. 121-128.


3 LIMA, G. L. O. A neurofobia nos estudantes de medicina da UFRN: um estudo com métodos mistos. 2019. 71f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

 
 
 

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