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Você Conhece?: CASA DA LOUCURA

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 8 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

Pulseiras de identificação.

Camisa de força.

Mercúrio.

Eletroconvulsoterapia.

Marie Bonaparte, Freud e nazistas.

Estão todos na Casa da Loucura.

Por Carolina Daré

Localizada no ambiente virtual e de acesso público, a Casa trata-se de um acervo com mais de trezentas peças que ajudam a contar a História da Saúde Mental. Engana-se quem pensa que os registros da coleção trazem casos de pacientes com transtornos mentais pitorescos. Isso, pois, a proposta da exposição é questionar os preconceitos e os vieses pseudocientíficos que estiveram entremeados no tratamento de condições psicológicas e psíquicas. Entretanto, as críticas não excluem os progressos feitos no cuidado nesse campo. Afinal, em seus múltiplos aspectos, o passado importa na compreensão do presente.

Assim, os polêmicos itens e as figuras históricas, mencionadas no início do texto, auxiliam no conhecimento de períodos pregressos. Cada um deles tem sua história contada em um post no perfil do Instagram. As pulseiras, por exemplo, remetem à época em que os chamados “loucos” as usavam para que não fugissem dos estabelecimentos de reclusão, que ficaram conhecidos como Asilos, ao qual eram destinados.

Também, como estratégia de contenção, eram usadas as camisas de força, que, segundo o acervo, perduraram desde 1739 até a segunda metade do século XX, quando se intensificou o movimento pela reforma psiquiátrica. O mercúrio, por sua vez, foi utilizado nos séculos XVII e XVIII sob o pretexto de tratar a “loucura”, mais especificamente, com objetivo de induzir a salivação que - segundo o raciocínio dos que adotavam o tratamento - estava associada à redução de sintomas psicóticos.

Em oposição a tais itens, a eletroconvulsoterapia, aplicada pela primeira vez em 1938, tem sua eficácia comprovada pela ciência no tratamento de certos transtornos mentais. Apesar disso, por ter sido muitas vezes usada de forma errônea com fins punitivos, adquiriu a má reputação do período manicomial.

No que diz respeito às pessoas que marcaram a história da psiquiatria, a Casa traz uma carta datilografada e assinada por Marie Bonaparte, pertencente à família do estadista francês que, ao se interessar pela Psicanálise, entrou em contato com o próprio Sigmund Freud e ajudou a fundar a Associação Psicanalítica na França. O acervo também compartilha a história de Ernst Rüdin (1874-1952), psiquiatra suiço-alemão que foi partidário do nazismo, grupo de ideologia totalitária que forneceu amparo às pesquisas voltadas aos componentes genéticos de transtornos mentais. Assim, em consonância com as ideias do movimento, Rüdin defendeu a eugenia falando em nome das ciencias médicas para justificar programas de esterelização e eutanásia involurtária como estratégia de “limpeza racial”.

Outras peças também estão disponíveis para visualização no site casadaloucura.com.br, onde estão divididas de acordo com a classificação didática em três períodos: Pré-psiquiátrico; Era de ouro do Alienismo e Psiquiatria Médico-Farmacológica. O primeiro compreende desde a antiguidade até meados do século XVIII. O segundo tem as circunstâncias sociais e políticas francesas como marcos representativos do olhar sobre “comportamentos não conformes” e vai até o final do século XIX. O último, por sua vez, só começa no século XX, quando o protagonismo médico foi alicerçado pela farmacologia.

​Conheça, aprenda e viaje no tempo!

casa da loucura – Coleção online de Psiquiatria. Casadaloucura.com.br. Disponível em: <https://casadaloucura.com.br/>. Acesso em: 31 Dec. 2021.

‌Casa da Loucura. Instagram.com. Disponível em: <https://www.instagram.com/acasadaloucura/?hl=pt-br>. Acesso em: 31 Dec. 2021.

‌CASTEL, Robert: A Ordem Psiquiátrica - A idade de Ouro do Alienismo. Rio de janeiro: Graal, 1978.



 
 
 

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