SURF: MAIS QUE UM ESPORTE, UM ESTILO DE VIDA
- Jornal A Sístole
- 1 de jul. de 2021
- 3 min de leitura

Por Izabel Feitosa e Guilherme Moraes
O ato de surfar ou deslizar sobre as ondas é uma prática milenar, com relatos de surgimento em várias localidades do planeta, como a Oceania, a África e as Américas. A concepção do surf, tal como conhecemos, foi especialmente elaborada na cultura Havaiana por volta dos anos 1000 d.C., tendo relação direta com crenças religiosas, mitos e lendas regionais. No entanto, foi fortemente suprimida por missionários calvinistas no século XIX, vendo a atividade como perigosa ou pouco produtiva - visão que perdura até os dias atuais por alguns segmentos da população. Ao longo do século XX, com o resgate da cultura havaiana, o surf se dispersou e ganhou forma de prática esportiva, com milhares de competições de diferentes modalidades ocorrendo anualmente por todo o planeta.
No Brasil, a prática ganhou tração a partir da década de 30, sendo amplamente popularizada a partir da década de 80. Seja como for, o surf tem ultrapassado inúmeras barreiras sociais e culturais, ganhando a atenção de crianças a idosos de todos os gêneros. Contemporaneamente, o lazer e a prática esportiva são também acompanhados como instrumentos pedagógicos e de interação social. Assim, o estilo de vida do surf vem sendo fundado em bases de extremo benefício individual e social.
A prática do surf, muito mais do que um exercício físico capaz de promover benefícios à saúde e prevenir doenças, está intimamente ligada a um estilo de vida saudável e ao aumento da qualidade de vida. A seguir, destacaremos alguns benefícios que o estilo de vida do surf proporciona em relação aos aspectos biopsicossociais:
Quando praticado regularmente, o surf aprimora a capacidade cardiorrespiratória, aumenta a flexibilidade, força de membros superiores e inferiores, coordenação motora, velocidade de reação e de movimento, além do equilíbrio e concentração. O surf também é capaz de modular e reduzir a dor, sintomas de ansiedade e estresse por meio da liberação de endorfinas e outros neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina.
Hábitos saudáveis são cada vez mais comuns entre os surfistas, como uma alimentação balanceada, qualidade de sono e menor consumo de álcool e tabaco. Ademais, os praticantes não costumam relatar tais mudanças de hábitos como um sacrifício, mas simplesmente como uma tendência de qualquer surfista que busca ter um melhor desempenho.
Por ser um esporte de aventura e contato com a natureza, o surf gera impactos relevantes na saúde mental. Citam-se aspectos relacionados à melhora da autoestima, confiança, superação de limites psicológicos, descobertas de novas sensações e emoções, além de sensação de bem-estar.
“Ao surfar ondas diariamente ou com frequência e ao levá-lo suficientemente a sério, corre-se o risco de ficar totalmente viciado no surf” - Nat Young, 1985.
Apesar de ser uma atividade individual, a interação social é inerente ao surf, proporcionando aos seus praticantes momentos de diversão e comunicação entre pessoas de diferentes idades e gêneros. De acordo com Guimarães (2011), 83,8% dos praticantes não competidores afirmam fazer novas amizades todos os dias e 77,5% procuram ser ativos em sua comunidade.
O surf proporciona uma conexão do indivíduo com a natureza que, consequentemente, passa a apreciar e valorizar mais o meio ambiente. Sendo assim, com o crescimento do esporte, temos visto cada vez mais os frutos dessa mentalidade, o que se reflete no aumento de iniciativas de limpezas de praias, margens e fundos marinhos e no incentivo ao uso de produtos biodegradáveis.
Dessa forma, evidenciam-se os benefícios da prática do surf à saúde e como o estilo de vida relacionado a esse esporte promove qualidade de vida. Ao contrário do que muitos pensam, não há idade “certa” para começar a surfar e, portanto, essa atividade merece ser incentivada para todas as faixas etárias. Afinal, é indescritível a sensação de deslizar na parede de uma onda e todas as pessoas deveriam experimentar isso ao menos uma vez na vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUIMARÃES, Rui Enes. Estilo de vida, saúde e surf: Análise do contributo do surf para o estilo de vida dos seus praticantes. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciências do Desporto) - Faculdade de Desporto - Universidade do Porto, Porto, 2011.
ROCHA, João Moraes. História do Surf em Portugal: As origens. 1ª edição. Lisboa: Quimera Editores, Ida. 2008
VASCONCELOS, Eduardo H. de. Levantamento de hábitos de saúde e aptidão física dos surfistas de Florianópolis. 1995. Monografia. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997.
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