QUALIDADE DE VIDA NO CONTEXTO DO TRABALHO REMOTO
- Jornal A Sístole
- 6 de mai. de 2021
- 4 min de leitura

Por Thalita Sodré
Apesar do famoso “home office” não ser algo novo em nosso meio, a pandemia do novo Coronavírus nos trouxe essa realidade de maneira muito mais corriqueira do que a de costume. Muitas empresas, na atualidade, já haviam adotado a forma de trabalho remoto devido à/ como forma de redução de custos, otimização de tempo e melhora da qualidade de vida do trabalhador. No entanto, quem jamais havia trabalhado “em casa” teve que se adaptar às novas condições impostas pelo isolamento social associado a outras questões pessoais de extrema relevância no contexto da pandemia. Apesar da frase “trabalhar em casa” nos trazer uma ideia de algo bem mais confortável, com o passar dos meses, observamos que talvez o home office não seja, de fato, toda essa maravilha em que se acreditou.
Por que o trabalho remoto, no contexto em que nos encontramos, é muito mais problemático?
Muitos são os entraves do processo que envolve a execução do Home Office, iniciando-se pelo processo socioeconômico do nosso país, no qual podemos observar uma realidade em que muitos não possuem um notebook de última geração ou, até mesmo, um smartphone para a execução das tarefas. Muitos indivíduos, do dia para noite, viram a necessidade de ter consigo um bom notebook, aparelhos de som auxiliares, fones de ouvido com microfone…
Sabe-se que, tanto as redes públicas, quanto as privadas, não forneceram um auxílio adequado para esses trabalhadores, nesse sentido. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, mostrou que uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet, sendo, em números totais, cerca de 46 milhões de brasileiros. Essa escassez se reflete por alguns motivos importantes que saltaram aos olhos nessa pandemia: muitas pessoas não sabem utilizar a internet e não tem quem as oriente, o serviço de internet é caro para ser contratado, e não é uma prioridade de gastos pessoais, e o equipamento necessário para esse acesso também é muito caro.
Além dessa questão que divide um papel principal, temos a própria dinâmica pessoal do indivíduo trabalhador em questão que pode viabilizar, ou não, a execução de um ambiente de trabalho adequado em casa. Sabemos que neste período de pandemia, mesmo diante de tanto medo e preocupação, as obrigações permaneceram e a maneira de lidar com elas, frente a tantas questões psicossociais importantes, tornou-se ainda mais complicada. Será que todos possuem um quarto separado para seu trabalho? Um ambiente silencioso adequado? Uma iluminação necessária? Uma cadeira confortável? Uma mesa única para isso? Certamente não.
Outro aspecto importante sobre o trabalho remoto durante esta pandemia diz respeito ao aumento de horas diárias trabalhadas e de dias trabalhados semanalmente. Algumas coletas de dados já demonstram que realmente houve um aumento do processo produtivo desses trabalhadores neste período remoto - principalmente dos trabalhadores que, antes da pandemia, não executavam suas tarefas em modo “Home office''. A política do aumento da produtividade dentro do conforto de casa tornou-se, na verdade, algo perverso que colocou muitos trabalhadores em condições de autocobrança muito elevadas.
Além das questões já levantadas, como toda atividade laboral repetitiva, temos as questões de saúde diretas envolvidas no exercício do trabalho remoto, tais como: o longo período nas mesmas posições e a exposição às telas de forma incessante. Pensando em tudo isso… Como ter uma maior qualidade de vida no ambiente de “Home office”?
Nós, do Jornal “A Sístole” nos inspiramos em algumas dicas para uma melhor execução do trabalho remoto em épocas de pandemia. São elas:
Exercite a tolerância. Apesar de parecer que precisamos e podemos produzir o tempo todo, precisamos respeitar nossos limites. A ajuda de um psicólogo durante esse processo é muito importante para os cuidados da saúde mental. A produtividade perversa que tomou conta das redes durante a pandemia, com seus milhares de vídeos, podcasts e cursos on-line pode nos dar a ligeira impressão de “atraso” quando não estamos seguindo nessa maré de produtividade.
Separe um momento para intervalos! É essencial ter alguns minutos para beber uma água, ou fazer algo que você goste! Esses intervalos, se possível, devem ser feitos longe da influência das telas. Muitas vezes, durante esse período, estamos tão inseridos nesse processo tecnológico que até mesmo nossos intervalos estão nas redes sociais! Que tal ir até a varanda de casa e ver como o sol está?
Faça atividades fora do computador! Além do “Home office” outras atividades benéficas se popularizaram nas redes, como os vídeos com diferentes tipos de exercícios em casa, práticas de alongamento, yoga… Esse alcance facilitado de atividades benéficas para a saúde podem ser excelentes formas de escape mental e de benefício corporal pela atividade laboral repetitiva do dia a dia.
Tenha atenção à ergonomia do trabalho: a altura das mesas não deve ser tão baixa ou tão alta. O ideal é realizar o ajuste de acordo com a altura para compensar com a cadeira a ser utilizada. Prefira colocar a cadeira bem próxima à mesa, para o melhor posicionamento da coluna. Evite manter a cabeça para cima ou para baixo, procurando fixar para um ponto no centro da tela.
Por fim, sejamos esperançosos, pois em breve esperamos ter o fim da pandemia, mas podemos levar grandes aprendizados com tudo isso.
E aí, você toma todos esses cuidados na hora do seu home office?
REFERÊNCIAS GERAIS:
Melo, Elizabete. Teletrabalho, Qualidade de Vida no Trabalho e Satisfação Profissional: Um estudo exploratório numa amostra de profissionais na área da Tecnologia da Informação. MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA. Univ. de Lisboa, Portugal. 2011.
ROCHA, Cháris T. M, AMADOR, Fernanda S. O teletrabalho: conceituação e questões para análise. Cad, Ebape.BR, v.16, nº1, Rio de Janeiro, 2018.
BOHLER, Fernanda Ribas. O teletrabalho no setor público: um estudo junto aos teleservidores do TRT do Paraná. Curitiba: PGSOCIO-UFPR, 2019.
O trabalho remoto/home-office no contexto da pandemia COVID-19. Disponível em: < https://www.eco.unicamp.br/remir/images/Artigos_2020/ARTIGO_REMIR.pdf> Acesso, 23/04/2021, 16h.
Cartilha Instituto Federal Baiano. Disponível em: < https://ifbaiano.edu.br/portal/coronavirus/wp-content/uploads/sites/94/2020/06/Cartilha-Trabalho-Remoto-Qualidade-de-vida-no-trabalho-em-tempos-de-Pandemia.pdf > Acesso, 23/04/2021, 17h.
“Um em cada 4 brasilieros não têm acesso à internet”. Reportagem: AgênciaBrasil. Disponível em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-04/um-em-cada-quatro-brasileiros-nao-tem-acesso-internet >. Acesso em: 24/04/2021, 20h.
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