PRESS RELEASE: VOCÊ JÁ OUVIU FALAR SOBRE CIÊNCIA ABERTA?
- Jornal A Sístole
- 18 de jun. de 2020
- 3 min de leitura

Por: Ítalo Silva, Karine Corrêa e Ramila Tostes
Ciência aberta é um assunto que deve interessar todos nós, independentemente se você realiza ou consome pesquisas científicas, exerce uma profissão ou se ainda é estudante em uma instituição de ensino. Em virtude disso, nesse press release abordaremos, a partir do artigo “O ecossistema da Ciência Aberta” (SILVA, 2019), elementos que posicionam essa temática no centro dos interesses de toda a sociedade.
Inicialmente, partimos do entendimento de que a dinâmica de vida das pessoas e sociedades é influenciada e dependente da ciência, seja em decorrência do que consumimos de tecnologias para a saúde e qualidade de vida ou de informações que impactam as nossas tomadas de decisão para o exercício de ações simples ou complexas. Desse modo, tomando parte na provocação do professor Volpato (2017), em sua obra “Ciência além da visibilidade”, convidamos você a refletir sobre o mundo à sua volta para que, em um esforço do pensamento, tente imaginar a retirada de tudo aquilo que foi criado a partir do conhecimento racional científico e veja o que resta. Verás, então, que não sobrará muita coisa, não é mesmo? Portanto, a ciência aberta é também de seu interesse, porque vai influenciar como você acessa o conhecimento científico atualizado e de forma livre.
Afinal de contas, o que é ciência aberta? Para Silva (2019) é um movimento que incentiva a transparência da pesquisa científica em todas as suas etapas, ou seja, não só para o acesso gratuito aos resultados científicos, mas para todo o processo investigativo, que inclui desde o registro do projeto, os dados da pesquisa, e a transparência sobre quem avalia a pesquisa para ser publicada. É importante destacar que, nesse movimento amplo e complexo, há o entendimento de que a sociedade que financia o desenvolvimento das pesquisas, a partir dos impostos destinados para tais fins, deve ter acesso integral a todas as informações envolvidas na ciência gerada. Contudo, destacamos que o acesso integral não significa romper nenhum aspecto ético como a exposição da identidade dos participantes da pesquisa - no caso de estudos com seres humanos - por exemplo.
Além disso, é importante pontuar que, atualmente, a relação mercadológica da produção científica confere uma sobrecarga financeira aos pesquisadores e instituições de ensino/pesquisa a partir do pagamento de taxas para submissão, apreciação e manutenção (uma vez aceito) do artigo em plataformas que visam, entre outras finalidades, impulsionar a visibilidade da ciência produzida. Esses valores chegam a custar entre US$ 500 a US$ 5000 (ELSEVIER, 2019). Em certas ocasiões, nem mesmo o autor da pesquisa tem direito a “gratuidade” do seu próprio artigo.
Portanto, a ciência aberta estabelece um conjunto de discussões e ações que, certamente, trará impacto para toda a forma da produção/acesso/consumo de pesquisas científicas, a partir do acesso livre de todas as etapas da pesquisa. Para tanto, é preciso investimento em políticas públicas e clareza da comunidade científica sobre a importância de uma ciência 100% aberta, cuja transparência dos dados e análise dos pareceristas possam auxiliar o compromisso da ciência em rede. O que resta refletir, sobretudo no contexto da saúde, é se estamos e como estamos nos preparando para esse novo modelo do acesso e compartilhamento de conhecimentos para a melhoria das condições de vida das pessoas, a partir da ciência.
REFERÊNCIAS:
Silva FCC. O ecossistema da ciência aberta. 2019, Transformação. [Internet. Acesso 15 de junho, 2020]; 31(e190001). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001
Volpato G. Ciência além da visibilidade: ciência, formação de cientista e boas práticas. Botucatu: Best Writing, 2017.
Elsevier. Acesso aberto. Holanda: Elsevier, 2019 Disponível em: https://www.elsevier.com/pt-br/about/open-science/open-access. Acesso em: 16 maio 2020.
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