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PRESS RELEASE: QUALIDADE DE VIDA E INSTITUCIONALIZAÇÃO, como anda a saúde na melhor idade?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 17 de set. de 2020
  • 4 min de leitura


Por Arthur Bortone e Izabel Feitosa

Nas últimas décadas, tem-se observado um notório aumento da população idosa no mundo. De acordo com o levantamento de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos compõem 14,3 % dos brasileiros, ou seja, 29,3 milhões de habitantes e, até 2060, a previsão é de que os idosos sejam cerca de 25,5% da população total brasileira.

Nesse contexto, citam-se as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), conhecidas como Casas de Repouso, Asilos ou Clínicas Geriátricas para os quais muitas famílias encaminham seus parentes idosos na expectativa de receberem cuidados apropriados. Ainda assim, é preciso questionar: como anda a qualidade de vida destes idosos institucionalizados?

RISCO DE QUEDAS

A queda é um evento de grande importância, especialmente em idosos, sendo considerada uma das principais síndromes geriátricas tendo em vista seu potencial de gerar injúrias permanentes, complicações à saúde e, até, morte.

Estudos demonstram que o percentual de quedas em ILPI é de 40%, superior ao dos idosos que residem em comunidades, que é de 30% de quedas ao ano. Isso se explica pela maior dependência funcional, fragilidade e debilidade entre os idosos institucionalizados, além do uso de certos medicamentos, fadiga e outras condições comuns nessa faixa etária. Dessa forma, é necessária uma maior vigilância dos idosos com histórico de quedas, adaptação dos ambientes para prevenção destes eventos e acompanhamento multiprofissional, envolvendo terapias psicológicas e corporais, a fim de elevar a qualidade de vida e prevenir hospitalizações futuras.

ALIMENTAÇÃO

A avaliação do estado nutricional de idosos é complexa, pois, além dos fatores alimentares e econômicos, leva em consideração questões como isolamento social, doenças crônicas, alterações fisiológicas, estilo de vida, dentre outros, o que implica em uma maior heterogeneidade entre os indivíduos deste grupo.

Um problema frequente e relevante na população idosa é a deficiência nutricional, uma vez que a maioria destes fazem uso de muitos medicamentos e estão sujeitos a alterações no apetite e na absorção de nutrientes. Por outro lado, a obesidade também tem se mostrado prevalente, especialmente no sexo feminino, tanto em idosos institucionalizados como não institucionalizados. Portanto, ressalta-se a necessidade da atuação constante de equipes interdisciplinares nas ILPI a fim de gerar uma promoção da saúde geriátrica.

DEPRESSÃO

O processo de envelhecimento natural sabidamente acompanha algumas limitações físicas que já geram processos de frustração, isolamento e perda de independência do paciente idoso. Entretanto, o ambiente de institucionalização parece agravar tais sentimentos. A perda da individualidade, o direito de tomada de decisões e a simples expectativa de visita de familiares tornam-se um processo de sofrimento psíquico intenso.

Dados recentes indicam que a prevalência de quadros depressivos maiores e menores, bem como as depressões severas, são elevadas em pacientes institucionalizados, essencialmente entre os homens, que apresentam taxas de abandono evidentemente maiores.

DEMÊNCIA

A redução da interatividade em ambientes de institucionalização, o cuidado individualizado reduzido, além da falta de estímulo externo são fatores agravantes nos processos de declínio cognitivo na população da terceira idade.

Dados da Universidade de Passo Fundo evidenciaram uma prevalência de demência em até 32% dos idosos em casas de repouso, valor quase 4 vezes maior que a prevalência nacional; as mulheres, nesses casos, apresentaram-se como público muito mais suscetível. Além disso, quase a totalidade dos idosos utilizavam algum tipo de medicamento, evidenciando que o cuidado em saúde dessa população é um fator agravante para os quadros de demência.

CONCLUSÃO

Embora componham um terço da população brasileira, a população idosa ainda parece estar envolvida em um processo direto de cerceamento de direitos individuais, essencialmente ao de saúde e de qualidade de vida. Muito além da esfera jurídica, o isolamento social de seus familiares e amigos mais próximos os distancia de uma qualidade de vida, gerando um processo evidente de adoecimento. Diante disso, a revisão do processo de institucionalização deve ser analisada em todos os âmbitos: do paciente, da sociedade e da saúde pública, para que, assim, possa ser garantido o direito real à “melhor idade”’.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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