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PRESS RELEASE: PRECISAMOS FALAR SOBRE MORTE

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 3 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Por Débora Ribeiro Bastos


O MORRER AO LONGO DO TEMPO

A morte é um processo humano universal e seus rituais simbólicos remontam às civilizações humanas mais antigas, uma vez que existem evidências arqueológicas de rituais fúnebres datadas da época dos Neandertais. Crenças sobre a morte permeiam diversas culturas sob forma de arte, arquitetura, filosofia, religião e ciência. Na Idade Média havia uma íntima relação do indivíduo com a natureza, compreendendo a morte como parte inerente da vida em comunidade. O fortalecimento do poder da Igreja Católica introduziu a ideia de julgamento divino e necessidade de absolvição dos pecados associadas à morte. No final do século XVIII, iniciou-se o processo de medicalização da morte, no qual o indivíduo foi submetido ao poder biomédico sobre o morrer e o hospital passou a ser o local onde os enfermos morrem em solidão.


O MEDO DA MORTE

O horror contemporâneo da morte encarna em seu âmago a insuportável consciência da finitude da existência humana e o difícil questionamento sobre o sentido da vida e sua fragilidade intrínseca. Ela gera grande carga de sofrimento ao homem nas esferas física, emocional, espiritual e existencial. Por isso, o homem moderno evita dialogar sobre o tema que passa a ser um assunto tabu. O medo da morte permeia nossa cultura atual e os avanços da ciência e da medicina tentam derrotá-la com o objetivo de prolongar a vida, muitas vezes, à custa de grande sofrimento.


A MORTE DIGNA COMO DIREITO FUNDAMENTAL DA PESSOA

A morte digna faz parte do direito básico à dignidade humana, fundamentada na Constituição Federal de 1988, na Declaração Universal dos Direitos do Homem e no Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina. Esse conceito consiste em proteger a dignidade humana até o final da vida, respeitando a autonomia do indivíduo com doença grave e irreversível em decidir como deseja morrer e a quais tratamentos médicos não deseja se submeter. A morte com dignidade é também conhecida como ortotanásia, cujo foco é dar conforto e qualidade de vida para a pessoa em processo de morte. No lado oposto, encontra-se a distanásia, que estende artificialmente a vida de forma cruel por meio de tratamentos fúteis e invasivos.


DEATH CAFE: CONVERSANDO SOBRE A MORTE

Death Cafe é um grupo de conversa informal sobre morte, aberto ao público em geral, sem fins lucrativos, presente em 71 países do mundo e em diversas cidades brasileiras. O objetivo é desmistificar o tema ao conversar abertamente sobre experiências e percepções pessoais relacionadas à morte. Essa iniciativa reforça a necessidade visceral humana de falar sobre a morte pois o homem encaminha-se para ela desde o seu primeiro sopro de vida ao nascimento. Não há segurança do momento em que ela irá ocorrer. Só existe uma certeza insuperável: a morte é a consequência final da vida. Ela chegará para todos nós. Que seja digna.


BIBLIOGRAFIA: DADALTO, L. Morte digna para quem? O direito fundamental de escolha do próprio fim. Rev. Ciências Jurídicas Pensar, Fortaleza, v. 24, n. 3, p. 1-11, jul./set. 2019. KOVACS, M. J. A caminho da morte com dignidade no século XXI. Rev. Bioética, Brasília , v. 22, n. 1, p. 94-104, Apr. 2014. GUERREIRO, E. A Ideia de morte: do medo à libertação. Rev. Diacrítica, Braga, v. 28, n. 2, p. 169-197, 2014.

 
 
 

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