PRESS RELEASE: Musicoterapia - Saúde muito além dos bipes dos hospitais
- Jornal A Sístole
- 9 de jul. de 2020
- 3 min de leitura

Por Izabel Feitosa e Arthur Bortone
Desde a antiguidade, a música tem sido aplicada, de forma intuitiva, como recurso terapêutico para intervir, principalmente, em patologias mais severas, tendo em vista o seu efeito benéfico e libertador de tensões nos indivíduos. Nesse sentido, há relatos de papiros médicos egípcios e da Bíblia que constam o uso da terapêutica musical, como Davi que tocava sua harpa para o rei Saul com o objetivo de tratar seus episódios depressivos e ataques de raiva. Na Grécia, os filósofos Platão e Aristóteles também buscaram compreender as potencialidades musicais no tratamento de doenças, sendo considerados como os precursores da musicoterapia.
De acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia: “Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, em um processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.”
Entre as funções terapêuticas da música, citam-se:
Melhoria da atenção, por meio de estímulos ao desenvolvimento motor e cognitivo;
Trabalhar as habilidades comunicativas;
Expressão emocional;
Reflexão/sentimento da situação existencial.
Na realidade brasileira, a musicoterapia é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), compondo as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) a partir da portaria n°. 849 de 2017. Além disso, para exercer a profissão de musicoterapeuta, é preciso ter nível superior ou especialização, com formação reconhecida pelo MEC; dessa forma, o profissional é habilitado a atuar em áreas como Educação, Saúde, Social/ Comunitária, entre outras.
O que dizem os estudos?
Grande parte das revisões bibliográficas disponíveis ressaltam a carência do profissional musicoterapeuta como interventor experiente e capacitado para melhor atender os pacientes. Entretanto, uma revisão sistemática da UFMG analisou a eficácia da musicoterapia em pacientes do espectro autista e a grande maioria dos estudos ofereceu resultados positivos como a construção de empatia, comunicação e construção de vocabulário. Por fim, pesquisadores da UNESPAR, analisaram 15 anos da literatura disponível sobre musicoterapia na população idosa, e evidenciaram os benefícios em áreas cognitivas como memória, humor, relacionamento e até mesmo melhora na pressão arterial e glicose.
Diante dos fatos, há de se convir que a música não é apenas um meio de entretenimento, mas também um meio de manutenção da qualidade de vida, sendo necessário seu incentivo, estudo e amparo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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