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PRESS RELEASE: MEDICINA PALIATIVA

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 2 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura


Por Miguel Soares de Brito Júnior e Rachel Boechat


Segundo a Academia Nacional de Cuidados Paliativos, a filosofia dos cuidados paliativos em saúde surgiu na Antiguidade, com as primeiras noções sobre o processo de cuidado. Na Idade Média, durante as Cruzadas, era comum achar hospedarias em monastérios, onde se encontravam doentes, famintos, mulheres em trabalhos de parto, pobres, órfãos e leprosos. Tais entidades tinham como características, para além da cura, o acolhimento, a proteção e o alívio do sofrimento.

Entretanto, em relação ao profissional médico, esse enfoque ao cuidado nem sempre foi visto como prioridade, uma vez que, com a evolução da farmacologia e as inovações tecnológicas de instrumentação e diagnóstico, o médico tornou-se responsável pela cura da doença, descaracterizando o sujeito paciente. Portanto, sabendo das necessidades do paciente como ser social, Cicely Sandeurs fundou o St. Christopher´s Hospice, o primeiro serviço a oferecer cuidado integral, desde o controle de sintomas, alívio da dor e do sofrimento psicológico. Esse hospital é reconhecido como um dos principais serviços no mundo em cuidados paliativos e medicina paliativa, além de inovar e criar uma nova filosofia a respeito do cuidado ao paciente psiquiátrico.

A geriatra e especialista em cuidados paliativos, Dra. Ana Claudia Arantes, explica que tal linha de cuidados objetiva prestar assistência a portadores de doenças graves e incuráveis que apresentam risco à vida. Em um de seus vídeos no YouTube denominado “O que são os cuidados paliativos?”, ela destaca: “Nós cuidamos do sofrimento que a doença causa”.

Os cuidados paliativos abarcam as demandas de pacientes que possuem doenças em progressão e que ameaçam a continuidade da vida, sendo indicados para aliviar o sofrimento gerado por uma determinada patologia.

Podemos dizer que, enquanto diversas áreas da medicina possuem um enfoque nas doenças e em seus impactos orgânicos nos indivíduos, a medicina paliativa trabalha com os efeitos relativos ao sofrimento. Logo, abrange não apenas o sofrimento físico, já nítido da doença, mas também o sofrimento emocional, psicológico, familiar e social. Quando doenças muito graves, como um câncer, acometem a vida de um sujeito, o status de se conviver com tal mazela faz com que as pessoas pensem sobre a finitude da existência, bem como questionem os porquês desses distúrbios estarem acontecendo no organismo delas.

Os cuidados paliativos cuidam dos momentos de fragilidade, fazendo leituras singulares de acordo com a manifestação de cada caso e, assim, promovendo mais qualidade de vida. Além disso, estão relacionados a um tempo de vida mais interessante e menos angustiante.

Segundo Fonseca (2013), o desenvolvimento dessa área do cuidado no Brasil tornou-se evidente nas últimas décadas e culminou com o reconhecimento da especialidade médica em 2011. Ressalta-se, ainda, que dialogar sobre a morte na graduação implica em abordar o treinamento em habilidades como comunicação, trabalho em equipe e suporte à família, além do controle de sinais e sintomas, para que se possa oferecer cuidados ao final de vida com qualidade e minimizar o sofrimento de quem enfrenta a fase de terminalidade da doença. Ou seja, reforçando o discurso da profissional que apresentamos nessa discussão, os cuidados paliativos surgem para somar na vida do sujeito que sofre com seu processo de adoecimento, de modo a garantir a ele mais harmonia e compreensão.


Quais são os profissionais que compõem a equipe de cuidados paliativos?

Segundo Ana Cláudia Arantes, os profissionais necessitam de formação na área de cuidados paliativos, especialmente porque cada um atuará de acordo com o seu conhecimento; uma vez que lidar com pacientes com doenças crônicas incuráveis e com risco à vida, não necessariamente, os torna aptos a exercer esses tipos de cuidados.

A formação em cuidados paliativos é de grande complexidade, visto que a graduação em medicina caminha muito mais no sentido de tratamento das doenças. Nesse sentido, os cuidados paliativos trabalham majoritariamente com os sintomas que surgem, levando em consideração todas as dimensões que afetam um sujeito. Também é válido reforçar que é muito difícil realizar esse projeto sozinho, portanto, geralmente, associam-se profissionais psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, entre outros.

Portanto, pontuando novamente Cicely Saunders, até hoje, famílias e pacientes ouvem de médicos e profissionais de saúde a frase “não há mais nada a fazer”. Por outro lado, a ótica dos cuidados paliativos diz: “ainda há muito a se fazer”.


Referências

FONSECA, Anelise; GEOVANINI, Fatima. Cuidados paliativos na formação do profissional da área de saúde. Revista brasileira de educação médica, v. 37, n. 1, p. 120-125, 2013.

MATSUMOTO, Dalva Yukie. Cuidados paliativos: conceitos, fundamentos e princípios. Manual de cuidados paliativos ANCP, v. 2, p. 23-24, 2012.

TV Oncoguia. Que profissionais compõe a equipe de cuidados paliativos? 2013. (4m49s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ej9Q8sIqgss >.

TV Oncoguia. Cuidados paliativos: aos pacientes e também aos familiares. 2013. (3m12s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=f2b9nOTpC9k>.

TV Oncoguia. O que são Cuidados Paliativos? 2013. (2m41s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fa4ctd1uxNc>.

HISTÓRIA dos cuidados paliativos. Academia Nacional dos Cuidados Paliativos, São Paulo. Disponível em: <https://paliativo.org.br/cuidados-paliativos/historia-dos-cuidados-paliativos/>.

 
 
 

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