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PRESS RELEASE: EXERCÍCIO FÍSICO E SAÚDE

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 4 de mar. de 2021
  • 4 min de leitura


Por: Stella Benjamin e Rachel Boechat


A realização de atividade física de forma contínua é um consenso social em relação aos benefícios para a saúde. A população, em geral, reconhece a sua importância, apesar de muitos não saberem explicar os motivos fisiológicos pelos quais os exercícios são tão importantes. É comum a prescrição médica de dieta e atividade física no final dos atendimentos em saúde, contudo, essas prescrições tendem a ser pouco detalhistas e não esclarecem de forma eficaz a real validade dessas atividades. Nesse sentido, iremos abordar alguns benefícios à saúde da prática rotineira dos exercícios físicos.


Efeitos vasculares preventivos

Vários estudos epidemiológicos já evidenciaram a relação existente entre o aumento dos níveis de atividade física e a redução da mortalidade geral e por doenças cardiovasculares em indivíduos adultos e idosos. Dentre os mecanismos responsáveis por esse feito, podemos citar a redução da adiposidade corporal, a queda da pressão arterial, a melhora do perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, o aumento do gasto energético, da massa e da força muscular, da capacidade cardiorrespiratória, da flexibilidade e do equilíbrio.


É importante destacar que, apesar do peso da herança genética na susceptibilidade às doenças cardiovasculares, o desenvolvimento destas depende muito mais de fatores ambientais e do estilo de vida adotado pelo indivíduo, como sua rotina de atividades físicas, estresse e alimentação. Além disso, é possível incorporar à rotina de exercícios o tratamento não medicamentoso de doenças como diabetes, hipertensão e dislipidemias, de acordo com as orientações corretas.


Entre os benefícios cardiovasculares, a atividade física é capaz de aumentar a capacidade aeróbia máxima, o que tem alta correlação com a qualidade de vida dos indivíduos. Ademais, o coração doente se beneficia grandemente de treinos aeróbicos que facilitam a remoção de mitocôndrias disfuncionais nas células cardíacas, protegendo contra um possível infarto agudo do miocárdio e melhorando a função cardíaca, conforme mostra um estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista Autophagy.


Liberação hormonal

O condicionamento físico é capaz de reduzir a secreção de insulina (que tem potencial aterogênico, ou seja, pode aumentar a formação de placas de ateroma que tendem a causar bloqueio de vasos e, consequentemente, infarto) e diminui também a secreção de catecolaminas, reduzindo anormalidades eletrocardiográficas como as arritmias. Por fim, outros mecanismos de adaptação são desencadeados, aumentando a tolerância do coração ao esforço.


O exercício físico também afeta diretamente a produção de hormônios circadianos. Um dos exemplos de variação desses hormônios é a melatonina, uma substância produzida pela glândula pineal e responsável por regular o ciclo de sono e vigília. Essa variação hormonal ocorre porque, durante a realização da atividade física, o corpo passa por uma variação de temperatura muito grande e um gasto energético exacerbado. Por esses fatores, existem algumas explicações de como o exercício físico pode melhorar a qualidade do sono através do aumento da melatonina, sendo esses:

(1) o aumento da temperatura corporal em consequência da atividade física facilita a iniciação do sono pela ativação de mecanismos de dissipação de calor e indução do sono, processos controlados pelo hipotálamo;

(2) o aumento do gasto energético durante a vigília aumenta a necessidade do sono, objetivando alcançar um balanço energético positivo

(3) a alta atividade catabólica durante a vigília reduz as reservas energéticas, aumentando a necessidade de sono, favorecendo a atividade anabólica.


Saúde mental

O exercício físico também melhora a saúde mental de indivíduos que sofrem de patologias como a depressão e a ansiedade. Em um determinado estudo correlacionando homens com ansiedade e a corrida, foi observado que, após o término da atividade, nos primeiros 20 minutos o estado de ansiedade diminuía abaixo da linha basal de acordo com os parâmetros utilizados e, depois desse período, a ansiedade aumentava, porém em menores valores do que anteriormente à prática da corrida. Além disso, quanto à depressão, os exercícios aeróbicos mostram-se positivos, uma vez que o organismo produz uma quantidade superior de serotonina e endorfina. A serotonina é um hormônio responsável por regular o humor e o bem-estar, encontrando-se em níveis inferiores à normalidade nos indivíduos com depressão. Assim, a prática de atividade física com o objetivo de compensar esse quadro é uma alternativa terapêutica interessante no controle da doença.


A atividade física se configura como uma prática essencial para a melhora da qualidade de vida tanto nos aspectos fisiológicos quanto nos mentais. Essa prática intervém no sono e na diminuição do estado de ansiedade, também podendo ser uma boa opção adicional no tratamento da depressão. Ademais, os exercícios previnem a ocorrência de doenças cardiovasculares, tanto na formação de placas de ateroma que poderiam causar o infarto do miocárdio, como na prevenção de arritmias. Por esses motivos, a prescrição desse hábito deve ser realizada pelos profissionais de saúde de forma detalhada, a fim de evidenciar o valor positivo do exercício físico.



REFERÊNCIAS


Campos JC, Queliconi BB, Bozi LHM, Bechara LRG, Dourado PMM, Andres AM, Jannig PR, Gomes KMS, Zambelli VO, Rocha-Resende C, Guatimosim S, Brum PC, Mochly-Rosen D, Gottlieb RA, Kowaltowski AJ, Ferreira JCB. Exercise reestablishes autophagic flux and mitochondrial quality control in heart failure. Autophagy. 2017 Aug 3;13(8):1304-1317. doi: 10.1080/15548627.2017.1325062. PMID: 28598232; PMCID: PMC5584854.


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