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PRESS RELEASE: AFINAL, AINDA EXISTE TUBERCULOSE NO BRASIL?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 25 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura


Por Karine Corrêa


A tuberculose é uma doença infecciosa causada por bactérias do tipo bacilo que fazem parte do complexo Mycobacterium tuberculosis, transmitida por via aérea, que atinge principalmente os pulmões. Ela está presente no Brasil desde a colonização portuguesa, quando os jesuítas e os colonos trouxeram a “peste branca” para o país, causando a infecção e a morte de muitos nativos. Assim como ocorreu em outros territórios, a tuberculose se tornou endêmica, presente na maioria das cidades brasileiras, passando a ser chamada de “praga dos pobres” por sua associação com moradias insalubres e condições de vidas precárias. É, dessa forma, uma doença estigmatizada e ainda muito presente no Brasil.

O Boletim Epidemiológico sobre tuberculose, publicado pelo Ministério da Saúde, aponta que em 2019, no Brasil, houve diagnóstico de 73.864 novos casos de tuberculose. Avaliando por unidade federativa, observa-se que a distribuição da doença no país é heterogênea: Rio de Janeiro, Amazonas, Pará, Roraima e Acre são os estados com maior incidência. Além disso, em 2018 foram registrados 4.490 óbitos em decorrência da tuberculose no território nacional.


A TUBERCULOSE TEM TRATAMENTO?

Sim, a tuberculose é uma doença curável. Todo o tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), podendo ser feito em Unidades Básicas de Saúde. No entanto, é um tratamento longo, totalizando seis meses de medicação, o que dificulta a adesão. Em 2018, 11,6% dos pacientes diagnosticados com tuberculose abandonaram o tratamento – proporção mais que duas vezes superior ao máximo de 5% recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

Outro ponto interessante no combate à tuberculose é o uso da vacina BCG, feita em dose única ao nascimento, que protege contra as formas graves da doença (meningite tuberculosa e tuberculose miliar). No entanto, a cobertura contra a forma pulmonar é variável, o que explica a manutenção dos casos.


SE É POSSÍVEL PREVENIR E TRATAR A TUBERCULOSE, POR QUE AINDA EXISTEM TANTOS CASOS NO BRASIL?

É essencial compreender que a tuberculose está intimamente associada a fatores socioeconômicos, o que significa que a pobreza colabora para a transmissão e perpetuação da doença. Assim, pessoas que habitam regiões marginalizadas, em casas com pouca luminosidade e ventilação, com maior dificuldade de acesso ao serviço de saúde e alimentação precária, são mais propensas à doença. Isso porque ambientes fechados e aglomerados favorecem a disseminação do bacilo e, o menor acesso ao serviço de saúde dificulta o diagnóstico e o tratamento da doença, assim como a desnutrição causa impacto negativo na imunidade, colaborando para o adoecimento.

Além disso, há dois grupos vulneráveis que também são “alvos” da tuberculose: os pacientes com HIV e a população privada de liberdade. Os dados do Ministério da Saúde apontam que há um aumento no número de casos de tuberculose em pacientes com HIV: 8,4% dos novos casos registrados de tuberculose apresentaram resultado positivo também para o HIV. Já na população privada de liberdade, também foi observado um aumento na proporção de diagnósticos, sendo que 8.154 (11,1%) casos novos foram notificados na população carcerária.

Portanto, entendendo que a manutenção da tuberculose no Brasil envolve fatores socioeconômicos, é essencial traçar estratégias que abordem a desigualdade social e econômica. Embora a vacinação, o diagnóstico e o tratamento sejam parte importante do processo de erradicação dessa doença, eles devem estar associados a políticas públicas de proteção social que são imprescindíveis para a cobertura em saúde.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico de Tuberculose. Brasília, DF, 2020.

FIORATI, R.C. et al. Desigualdades sociais e os desafios à estratégia de eliminação da tuberculose no Brasil. VITTALLE - Revista de Ciências da Saúde, v 30, n. 2, p. 59-72, 2018.

GUIMARAES, R.M. et al . Tuberculose, HIV e pobreza: tendência temporal no Brasil, Américas e mundo. J. bras. pneumol., São Paulo, v. 38, n. 4, p. 511-517, 2012.

DE SOUZA MACIEL, Marina et al. A história da tuberculose no Brasil: os muitos tons (de cinza) da miséria. Revi Socied Bras Clín Méd, v. 10, n. 3, p. 226-30, 2012.

TRAJMAN, A. et al. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a tuberculose no Brasil: desafios e potencialidades. Cadernos de Saúde Pública [online], v. 34, n. 6, 2018.

 
 
 

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