PRESS RELEASE: ADESÃO AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
- Jornal A Sístole
- 6 de ago. de 2020
- 3 min de leitura

Quais os fatores influenciam na decisão de manter ou não a amamentação?
Por Karine M. Corrêa
A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2001, recomenda o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida. Esse pode ser definido como a nutrição do bebê apenas com o leite materno (diretamente do peito ou ordenhado), sem complementos líquidos ou sólidos, podendo incluir medicamentos e vitaminas¹.
O aleitamento materno, além de promover fortalecimento do vínculo mãe e filho(a), tem diversos benefícios:
Para o bebê: reduz a mortalidade neonatal; evita diarreias, infecções respiratórias e risco de alergias; diminui o risco de hipertensão, diabetes e hiperlipidemia; reduz a chance de obesidade; promove melhor nutrição; contribui para o desenvolvimento cognitivo.
Para a mãe: reduz o risco de hemorragias pós-parto; promove proteção contra o câncer de mama; menor custo financeiro.
Apesar dos benefícios já conhecidos, de acordo com um levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com a OMS², em 2017 a taxa de aleitamento exclusivo no Brasil até os seis meses de vida era de 38,6%. Sabendo que o consumo energético de crianças em aleitamento exclusivo é o ideal, entende-se que a introdução precoce de alimentos pode acarretar diversos prejuízos à saúde da criança, como a desaceleração do crescimento e o ganho de peso acima do esperado para a idade, o que aumenta o risco do desenvolvimento de obesidade ao longo da vida.
Afinal, por que a adesão ao aleitamento exclusivo ainda é baixa?
Um estudo realizado com 1.029 mães com filhos(as) de até seis meses na atenção básica do Rio de Janeiro³ fez uma análise dos fatores associados ao aleitamento materno exclusivo. Diversos pontos foram considerados, tais como: características maternas, características do bebê e da assistência pré-natal e ao parto, características da unidade básica de saúde e das orientações sobre o aleitamento materno.
Os resultados encontrados apontam que há maior prevalência do aleitamento exclusivo em mulheres brancas, com maior escolaridade, que possuem um companheiro e com experiência prévia com a amamentação. Isso aponta a importância de oferecer atenção especial para as mães que não se encaixam nesses perfis.
Além disso, a alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo foi um fator importante na manutenção do aleitamento exclusivo até os seis meses, assim como o ensino da técnica correta de amamentação, visto que contribui para o desenvolvimento nutricional adequado da criança, além de prevenir lesões nos mamilos. Outro dado observado foi que grupos de amamentação nas unidades básicas de saúde são mais efetivos na promoção do aleitamento do que a orientação individual. Esses dados demonstram que as ações de promoção, proteção e apoio à amamentação produzem bons resultados na prática.
Por outro lado, um estudo realizado em Viçosa (4) trouxe relatos das mães sobre a dificuldade de manter o aleitamento exclusivo. As vivências negativas estavam associadas, principalmente, a demanda de estar disponível para amamentar sempre, o que gera uma sensação de privação da liberdade; ao cansaço e a sobrecarga; a dor associada ao ato de amamentar, visto que as mães entendiam que deveriam se conformar com a dor para manter o aleitamento e a ideia de que a quantidade de leite produzida não era adequada para saciar a criança.
Esse mesmo estudo também abordou experiências positivas associadas ao aleitamento materno exclusivo, sendo o principal deles o reconhecimento da importância do leite materno. Isso porque ter acesso às informações e compreender que é por meio da amamentação que seu filho(a) irá dispor de seu melhor alimento, as mães se sentem mais estimuladas a manter o aleitamento exclusivo.
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. 2009. Acesso em 21 jul. 2020.
2. UNICEF. Global breastfeeding scorecard. 2017. Disponível em: <https://www.unicef.org/nutrition/index_100585.html>. Acesso em 21 jul. 2020.
3. PEREIRA, Rosane Siqueira Vasconcellos et al. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo: o papel do cuidado na atenção básica. Cadernos de Saúde Pública, v. 26, p. 2343-2354, 2010. Disponível em: < https://www.scielosp.org/article/csp/2010.v26n12/2343-2354/#top>. Acesso em 24 jul. 2020.
4. ROCHA, Gabriele Pereira et al . Condicionantes da amamentação exclusiva na perspectiva materna. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 34, n. 6, e00045217, 2018. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2018000605014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 24 jul. 2020.
Comments