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POR QUE É TÃO DIFÍCIL PARAR DE FUMAR? O QUE O SUS OFERECE PARA AJUDAR NESSE PROCESSO?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 12 de ago. de 2021
  • 4 min de leitura


O Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado no dia 29 de agosto, tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Criada em 1986 pela Lei Federal 7.488, a data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.


O tabagismo é uma doença (dependência de nicotina) que tem relação com diversas outras enfermidades, dentre elas vários tipos de câncer; doenças dos sistemas respiratório e cardiovascular.


Estima-se que, no Brasil, a cada ano, cerca de 157 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo. Os fumantes adoecem com uma frequência duas vezes maior que os não fumantes.


Tendo em vista os diversos malefícios à saúde causados pelo tabagismo, a interrupção desse hábito é de suma importância.


  1. Mas por que é tão difícil parar de fumar?


As dependências física e psicológica produzidas pelos componentes do tabaco, principalmente a nicotina, são os principais fatores que dificultam a cessação do tabagismo.


Durante o fumo, a nicotina é carreada junto a fumaça até os pulmões e rapidamente alcança a circulação sanguínea e atinge o sistema nervoso central, onde se liga aos receptores nicotínicos colinérgicos. Essa ligação provoca a liberação de diversos neurotransmissores, sendo o principal deles a dopamina. A atuação deste neurotransmissor, sobretudo no sistema mesolímbico, culmina com ativação do sistema de recompensa, gerando uma sensação prazerosa.


No entanto, todo esse processo causa várias adaptações nos circuitos cerebrais e condiciona o comportamento do indivíduo a buscar pela experiência agradável produzida pelo tabaco novamente. Além disso, a cessação súbita do hábito de fumar desencadeia a Síndrome de Abstinência, que é caracterizada pela presença de dor de cabeça, ansiedade, estresse, humor deprimido, inquietação e diversos outros sintomas. Ou seja, o indivíduo tabagista mantém o hábito para, além da experiência prazerosa, evitar os sintomas extremamente desagradáveis causados pela abstinência.




Fonte: Adaptado de Benowitz, 2010. *Pessoal da arte pode pegar a imagem com melhor definição com Isadora


Rede de Tratamento do tabagismo no SUS


O controle do tabagismo no Brasil vem sendo articulado, desde 1980, pelo Ministério da Saúde através do INCA, por meio de um conjunto de ações nacionais que compõem o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), em parceria com estados, municípios e Distrito Federal.

O Programa estabelece os critérios para o diagnóstico do tabagismo, o tratamento, o uso de medicamentos e outros insumos apropriados, o acompanhamento e também trata dos resultados terapêuticos. Tem como objetivo reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao fumo; prevenir a iniciação do tabagismo, principalmente entre jovens; proteger a população da exposição à fumaça ambiental do tabaco e reduzir o dano individual, social e ambiental dos produtos derivados do tabaco.

Inicialmente, o tratamento é baseado na abordagem cognitivo-comportamental: Modelo de intervenção centrado na mudança de crenças e comportamentos que levam um indivíduo a lidar com uma determinada situação. Essa abordagem não visa apenas a parada do fumo, visa principalmente a manutenção da abstinência para enfrentar as situações facilitadoras da recaída.

Como é feita:

Abordagem Breve/Mínima/Básica:

● Breve abordagem na rotina de atendimento do profissional de saúde (<10 min);

● Pequeno, mas significativo aumento na taxa de cessação;

● Apresenta maior alcance em termos de saúde pública;

● Todo profissional de saúde deve realizar um breve aconselhamento aos fumantes para deixarem de fumar.

Abordagem intensiva:

1º MÊS: Quatro sessões estruturadas: individual ou grupo de 10 a 15 pessoas; uma vez por semana. O tempo de abordagem de 90 min é o ideal.

● SESSÃO 1: Entender por que se fuma e como isso afeta a saúde;

● SESSÃO 2: Os primeiros dias sem fumar;

● SESSÃO 3: Como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar;

● SESSÃO 4: Benefícios obtidos após parar de fumar.


2º MÊS: Sessões quinzenais de manutenção: individual ou grupo de 10 a 15 pessoas; duas sessões quinzenais; com uma hora de duração.

3º ao 12º MÊS: Sessões mensais de manutenção: individual ou grupo aberto; uma sessão mensal; com uma hora de duração.

Farmacoterapia:

O uso de medicamentos tem um papel bem definido no processo de cessação do tabagismo, que é o de minimizar os sintomas da síndrome de abstinência à nicotina, facilitando a abordagem intensiva do tabagista. Medicamentos não devem ser utilizados isoladamente, e sim em associação com uma boa abordagem. Os medicamentos disponibilizados pelo Ministério da Saúde para o tratamento do tabagismo na rede do SUS são: terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) e o cloridrato de Bupropiona.

Indicações.

● Pacientes que fumam 20 ou mais cigarros por dia;

● Pacientes que fumam o 1º cigarro até 30 minutos após acordar e fumam, no mínimo 10 cigarros por dia;

● Pacientes que tentaram parar com abordagem cognitivo-comportamental, e não conseguiram devido a sintomas de abstinência insuportáveis;

● Critério clínico, não havendo contra-indicações clínicas.

Se você deseja parar de fumar e não sabe onde buscar o tratamento oferecido pelo SUS, o link abaixo te direciona a uma lista, que relaciona as secretarias estaduais de saúde e o respectivo coordenador do Programa de Controle do Tabagismo em cada estado. Nela você se informa sobre locais e horários de atendimento do Programa, entrando em contato com o coordenador responsável pela sua região.

Referências:

BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas do tabagismo: portaria conjunta sctie/saes/ms/ nº 10, de 16 de abril de 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-do-tabagismo-resumido.pdf. Acesso em: 13 jul. 2021.

MEIRELLES, Ricardo Henrique Sampaio. A metodologia do tratamento do tabagismo no SUS: I Encontro de profissionais de saúde para abordagem e tratamento do tabagismo na rede SUS. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Metodologia_do_tratamento_do_tabagismo_no_SUS.pdf. Acesso em: 13 jul. 2021.

BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Ministério da Saúde. Existe tratamento gratuito para parar de fumar? Disponível em: https://www.inca.gov.br/en/node/1728. Acesso em: 13 jul. 2021.

BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle do Tabagismo nos estados. 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo/programa-nacional-nos-estados. Acesso em: 13 jul. 2021.

Benowitz, Neal L. “Nicotine addiction.” The New England journal of medicine vol. 362,24 (2010): 2295-303. doi:10.1056/NEJMra0809890


Site do INCA: https://www.inca.gov.br


 
 
 

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