Poliomielite e Vacinação

Por Cibele Loiola e Caio Vinicius

A poliomielite é uma doença erradicada no Brasil, com seu último caso registrado em 1989, e com certificado de erradicação desde 1994. No entanto, a vacinação contra a infecção do Poliovírus continua sendo fundamental, uma vez que casos dessa patologia podem retornar vindos de outros países, como ocorreu com o sarampo em 2018.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde iniciou no último dia 8 a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação, que busca alcançar uma taxa de vacinação recomendada pela OMS de 95% da população total. A campanha vai até o dia 9 de setembro.

Tal enfermidade é causada pelo Poliovírus, um agente etiológico que vive no intestino, sendo contraído por meio do contato pessoa a pessoa, ou por meio de ingestão (via oral) de material contaminado. Tal condição atinge crianças e adultos, podendo causar a paralisia ao atacar, por meio da corrente sanguínea, neurônios do sistema nervoso ligados à motricidade. O quadro pode levar à morte, caso as células neurais atingidas estejam ligadas a deglutição, ou respiração. Os sintomas variam, podendo ser assintomática - ainda podendo causar transmissões -; ou manifestar sintomas na forma não paralítica como febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação, espasmos, rigidez na nuca e meningite; até causar flacidez muscular que afeta, em regra, um dos membros inferiores na forma paralítica. O diagnóstico se baseia nos sinais clínicos e na realização de exames laboratoriais para detecção do vírus nas fezes.

1.  Retrospecto histórico

A pólio teve seus primeiros registros no Brasil no fim do século XIX, provocando diversos surtos e epidemias no Brasil e no mundo durante o século XX. Apesar de as primeiras vacinas terem surgido na década de 1950, o Brasil só iniciou campanhas de vacinação em massa a partir de 1961, mas sem o planejamento e o alcance necessários para o extermínio da doença. Somente em 1980, a partir de iniciativas internacionais de controle e erradicação, foi estabelecida a primeira estratégia de campanha nacional de imunização contra a pólio, resultando em uma erradicação completa no final da mesma década.

Contudo, nos últimos anos as taxas de cobertura vacinal do Brasil e do mundo têm caído dramaticamente. Longe da taxa recomendada de vacinação (95% da população) desde 2015, o Brasil contou apenas com 68% dos bebês com as três doses em 2021. Esse quadro não se restringe apenas à poliomielite, de modo que as principais vacinas previstas no calendário infantil tiveram índices abaixo de 73% segundo relatório do UNIFACEF e OMS.

Esse fenômeno de queda nas taxas de vacinação é de ordem global e possui raízes ligadas não só à desinformação, ondas de fake news e pandemia da COVID-19, que gerou maior busca por isolamento; mas também a um desprezo por parte de uma nova geração de pais que, por conta do próprio sucesso das vacinas, desprezam a gravidade de doenças possivelmente mortais e não levam seus filhos a se vacinar em decorrência de uma falta de percepção de risco.

1. Sobre a campanha contra a pólio

        Desse modo, a fim de contornar a atual situação de baixa cobertura vacinal, é fundamental que a população dê a devida atenção às campanhas de imunização, como a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite. O esquema vacinal contra a pólio é composto por dois imunizantes: a VOP (Vacina Oral Poliomielite) e a VIP (Vacina Inativa Poliomielite). Ao total, são cinco doses aplicadas dos dois meses aos quatro anos de idade, sendo as três primeiras doses realizadas através da aplicação da VIP, por via intramuscular, e as duas últimas com a VOP, por meio de gotinhas.

        Logo, a campanha visa alcançar a faixa etária dos dois meses aos menores de cinco anos de idade. Ademais, crianças e adolescentes com menos de quinze anos que não estiverem com o esquema vacinal contra a pólio completo também são alvo da ação. Para conseguir acesso ao imunizante, o responsável pode levar a criança ou o adolescente ao posto de saúde mais próximo. Na tentativa de ampliar ao máximo a cobertura vacinal, aproximadamente 40 mil postos de vacinação estão participando da campanha por todo o país.

1.  Campanha de vacinação GERAL para crianças

        Concomitantemente à campanha contra a poliomielite, ocorre a de multivacinação, cujo objetivo é aumentar a cobertura de imunização entre crianças e adolescentes menores de quinze anos, utilizando a caderneta de vacinação desse público.

        Além da VIP e da VOP, nos postos de saúde também estão disponíveis: Febre Amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela), DTP (tríplice bacteriana), HPV, Varicela, VRH (Vacina Rotavírus Humano), Hepatite A e B, Pentavalente, Pneumocócica e Meningocócica.

Para a correta atualização do calendário vacinal, basta levar a caderneta ao posto e o profissional de saúde irá checar quais imunizantes estão faltando. Vale ressaltar, também, que a campanha contra a COVID-19 ainda está ocorrendo e é necessária na atualização do caderno de vacinação.

1. Fechamento

         Apesar dos esforços para alcançar o maior número de pessoas, os dados do Ministério da Saúde são alarmantes: desde o início da campanha, no dia 8 de agosto, até o dia 19 de agosto apenas 5% do público alvo recebeu a imunização. Dessa forma, é importante que a população se mantenha informada e colabore para o melhor resultado possível da campanha.

     Portanto, é fundamental que a população esteja ciente da importância da imunização, a fim de proteger toda a comunidade e evitar o reaparecimento de doenças já erradicadas no país. Dessa maneira, as campanhas de vacinação precisam ser devidamente divulgadas e levadas a sério pelo público, para que a cobertura vacinal volte a atingir valores satisfatórios e seguros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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