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Os impactos dos desastres naturais na saúde

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 10 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura


Por Wallace Soares

​Secas, estiagens, inundações, alagamentos e deslizamentos. No Brasil, esses são os principais desastres naturais que afetam a vida de milhões de brasileiros todos os anos, vítimas de fenômenos que, embora frequentes, ainda são pouco compreendidos no âmbito da saúde pública. Nesse cenário, as populações são afetadas de maneira desigual e de formas diferentes, direta e indiretamente, com consequências de curto e longo prazo determinadas pela vulnerabilidade socioambiental das comunidades afetadas.

Segundo a Estratégia Internacional de Redução de Desastres (EIRD), os desastres naturais são eventos que afetam o cotidiano ao causar uma interrupção no funcionamento normal da sociedade, a qual se depara com uma situação crítica incapaz de ser resolvida com seus próprios recursos. Em vista disso, podem ocorrer perdas econômicas, ambientais e danos à saúde das pessoas, sobretudo quando desenvolvem doenças ou, em casos mais graves, são registrados óbitos.

Para se ter ideia da dimensão desses eventos, de acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, publicado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil (Ceped - UFSC), em 20 anos de levantamentos ocorreram mais de 31.000 desastres no país. Com isso, mais de 96 milhões de brasileiros foram afetados, dos quais mais de 6 milhões tiveram que deixar seus lares.

Ainda que sejam de difícil previsão em algumas situações, as catástrofes naturais estão sempre relacionadas às condições físicas e socais que estabelecem fatores de riscos para a ocorrência desses fenômenos. Assim, além do evento em si, a ameaça se concretiza em maior ou menor grau a depender do nível de exposição da população, determinado pelas condições de vulnerabilidade socioambiental resultantes de estruturas socioeconômicas desiguais. Para exemplificar, indivíduos que moram em domicílios com infraestrutura precária sem saneamento básico adequado, como em palafitas e casas de taipa, estão mais sujeitos às pressões do ambiente, logo expressam maior vulnerabilidade a possíveis desastres.

Diante disso, os impactos sobre a saúde pública variam em intensidade e ao longo do tempo. A curto prazo, durante as ações de resgate e urgência, registram-se a maior parte dos traumas agudos – leves ou graves – e os óbitos. Em um segundo momento, nos primeiros meses, prevalecem as doenças transmissíveis, especialmente aquelas de veiculação hídrica e alimentar, como disenteria bacteriana, leptospirose, dengue e febre tifoide. Ainda, mais tardiamente, entre alguns meses e anos, os efeitos de maior destaque são as doenças não transmissíveis, como transtornos psicossociais e comportamentais, doenças cardiovasculares, desnutrição e a intensificação de doenças crônicas.

Em suma, diante dessa problemática – agravada pelas desigualdades sociais, mudanças climáticas globais, ocupação irregular do território e crescimento populacional – se as condições responsáveis pelas vulnerabilidades socioambientais não forem combatidas, espera-se que um contingente ainda maior de pessoas seja afetado. Logo, para que se diminuam as perdas econômicas, ambientais e, principalmente, para que as vidas humanas sejam preservadas, é fundamental assumir uma postura de transformação ativa que reivindique a adoção de políticas públicas em prol do bem-estar social, baseadas em ações de prevenção, preparação, mitigação, resposta e reabilitação para redução do impacto dos desastres naturais sobre a coletividade.

Referências:

• ALDERMAN, K.; TURNER, L. R.; TONG, S. Floods and human health: A systematic review. Environment International, v. 47, n. 15, p. 37 – 47, out. 2012.

• EIRD. Estrategia Internacional para la Reducción de Desastres Las Américas. Disponível em: <https://www.eird.org/esp/terminologia-esp.htm>. Acesso em: 20 jan. 2022.

• KRON, W.; STEUER, M.; LÖW, P.; WIRTZ, A. How to deal properly with a natural catastrophe database: analysis of flood losses. Nat. Hazards Earth Syst, v. 12, n. 3, p. 535 – 550, 2012.

• ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS) - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Desastres Naturais e Saúde no Brasil - Série Desenvolvimento Sustentável e Saúde. Brasília, 2014.

• UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES. Atlas Brasileiro de Desastres Naturais: 1991 a 2012. 2. ed. Florianópolis: CEPED UFSC, 2013.

 
 
 

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