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OBESIDADE PANDÊMICA: Como a COVID-19 aumentou nosso peso e como evitar?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 15 de jul. de 2021
  • 4 min de leitura

Autores: Leandro Oliveira e Luisa Erthal

Nos últimos meses, os olhares de todos têm se voltado para a pandemia da COVID-19, que já soma mais de 160 milhões de casos e quase 3.45 milhões de óbitos globalmente. Entretanto, com todo esse destaque à (já não tão) nova pandemia, vários outros problemas de saúde globalmente prevalentes continuam a existir em segundo plano. É o caso da obesidade, uma condição que, segundo dados de 2016 da Organização Mundial da Saúde, afeta mais de 650 milhões de pessoas no mundo e 41 milhões de brasileiros (segundo o IBGE), trazendo consigo más consequências à saúde.


A obesidade é uma doença crônica caracterizada pela presença de um Índice de Massa Corporal maior ou igual a 30 Kg/m². Representa um dos mais importantes fatores de risco preveníveis para várias causas de morte em todo o mundo, como doenças cardiovasculares (hipertensão, infartos do miocárdio e AVCs), diabetes mellitus, doenças musculoesqueléticas, cânceres, dentre outras. O aumento de sua prevalência está intrinsecamente relacionado ao sedentarismo e às dietas ricas em carboidratos simples e gorduras, mais convenientes ao ritmo acelerado da vida contemporânea, que acabam cobrando um preço à saúde do corpo.

É claro que as pandemias da obesidade e a da COVID-19 coexistem e se relacionam nos dias atuais. Sabe-se que a obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento de casos graves de COVID-19, mas será que a relação entre estes problemas globais de saúde é uma via de mão única? A resposta é não: as transformações sociais e cotidianas organizadas em resposta à disseminação do SARS CoV-2 no mundo provocaram um aumento nas taxas de obesidade e um sensível ganho de peso em parte da população de diversos países; é o que apontam estudos científicos acerca do tema.

Um destes estudos foi conduzido pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP), em que foram analisados dados de peso corporal de 14.259 participantes antes da pandemia de COVID-19 e 6 meses após o início dela. O trabalho revelou que 19,7% dos entrevistados ganhou 2kg ou mais em seis meses, sendo esta alteração mais relacionada a jovens, sexo masculino, baixa escolaridade e excesso de peso prévio. Os autores ainda levantaram algumas hipóteses para explicar o porquê de tal distribuição. Por exemplo, idosos podem ter sofrido menor variação por já estarem acostumados a permanecer mais em casa se comparados a jovens, enquanto que indivíduos com menor escolaridade podem ter sofrido com dificuldades financeiras ou de acesso a alimentos de melhor qualidade nutricional e maior influência de publicidade de alimentos menos saudáveis.

Similares resultados foram encontrados em estudos conduzidos em países europeus, como Polônia, França e Espanha, que avaliaram as alterações no peso corporal em meio às medidas de isolamento social adotadas pela pandemia - todos mostrando uma tendência a algum ganho de peso na população (25,8% da coorte espanhola e 35% da francesa). Uma das razões que pode ter motivado tal fenômeno foi trazido à luz por uma pesquisa britânica que utilizou dados de localização de smartphones e outros dispositivos inteligentes, os quais demonstraram um aumento dramático na permanência em casa e uma queda brusca na contagem de passos diários. Ou seja, os lockdowns feitos para a contenção da COVID-19 podem ter contribuído indiretamente para o aumento de peso na população, aumentando a incidência de obesidade.

Mas se o isolamento social é fundamental para a contenção do contágio pelo vírus, o que podemos fazer para frear os índices de obesidade? A resposta parece ter surgido como uma onda nas redes sociais desde o início da pandemia em 2020: exercícios em casa! A Organização Mundial da Saúde recomenda, no mínimo, cerca de 150 minutos por semana (30 minutos por dia) para combater o sedentarismo. Diversos treinadores físicos e até mesmo influenciadores digitais têm mostrado incansavelmente suas rotinas de exercícios em casa, movimento que acaba por incentivar muitas pessoas a seguirem os mesmos passos. Muitos treinadores, inclusive, têm oferecido programas de exercícios à distância com preços diferenciados e, algumas vezes, até gratuitos. Diversas academias também passaram a oferecer treinos à distância como parte de seus pacotes. São ótimas oportunidades para manter a movimentação, mesmo no ambiente doméstico. E sempre existe a possibilidade de realizar exercícios ao ar livre como caminhadas, corridas e ciclismo, respeitando, é claro, as regras de distanciamento social e o uso de máscaras. Manter uma rotina de exercícios diária no isolamento é fundamental para afastar o ganho de peso e o sedentarismo até que possamos voltar às nossas atividades cotidianas.



Bibliografia


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