O universo da AIDS: desmistificando alguns termos
- Jornal A Sístole
- 23 de nov. de 2021
- 4 min de leitura

ELUCIDANDO TERMOS
Luisa Erthal
No Brasil, no ano de 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos de HIV e 37.308 novos casos de AIDS. Apesar dos números terem diminuído em relação aos anos anteriores, demonstrando uma tendência de queda da contaminação pelo vírus HIV, as taxas ainda são bem expressivas, respaldando o que muitos especialistas pregam: a AIDS é uma doença que está longe de ser erradicada no Brasil.
Infelizmente, ainda há muita desinformação acerca do tema HIV. Que a principal forma de prevenção da doença é o uso de preservativos, grande parte da população já tem conhecimento, mas poucos sabem outras informações básicas acerca do assunto. Por isso, em homenagem ao dia internacional da luta contra a AIDS, comemorado em 1º de dezembro, o Jornal “A Sístole” resolveu desvendar alguns termos relacionados ao universo dessa patologia ainda tão presente na nossa sociedade.
Qual a diferença entre o indivíduo HIV positivo e o portador de AIDS?
Uma pessoa HIV positiva é aquela que sofreu contaminação pelo vírus HIV, possuindo carga viral detectável pelos exames. Essas pessoas são chamadas de soropositivas. Já o portador de AIDS é aquele que, além de ter carga viral positiva (ou seja, além de ser portador do vírus HIV), também desenvolve manifestações clínicas da doença AIDS, como perda de peso, aumento de predisposição a doenças oportunistas, como pneumonia e candidíase oral, dentre outras. Todo mundo que é portador de AIDS é HIV positivo (afinal, precisa haver a infecção pelo vírus para que a doença se manifeste), mas nem todosque são HIV positivos chegam a desenvolver a doença AIDS. Se uma pessoa infectada pelo HIV vai desenvolver ou não a AIDS depende de uma série de fatores, principalmente relacionados ao sistema imunológico de cada um. É fundamental ressaltar que todos os indivíduos portadores do vírus HIV, independente de manifestarem ou não a AIDS, devem receber o tratamento com medicamentos antirretrovirais. Isso ocorre porque quem tem HIV e ainda não desenvolveu a AIDS, caso não se medique, tem altas chances de um dia desenvolver a doença.
Qual a diferença entre PrEP e PEP?
A PrEP é a Profilaxia Pré-Exposição, um coquetel de medicamentos que é disponibilizado gratuitamente pelo SUS para populações consideradas de maior risco para a contaminação pelo vírus HIV. Os indivíduos contemplados prioritariamente são homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo, população transgênera e usuários de drogas injetáveis. O coquetel da PrEP pode ser solicitado em algumas unidades de saúde por qualquer pessoa que se julgue em situação de risco, e deve ser tomado diariamente durante o período de possível exposição ao vírus.
A PEP, por outro lado, é a Profilaxia Pós-Exposição, um coquetel de medicamentos, também disponibilizado gratuitamente pelo SUS, indicado para qualquer indivíduo que tenha sido exposto a alguma situação de alto risco para contaminação pelo vírus, como relações sexuais desprotegidas, perfuração ou uso de material biológico infectado (agulhas, pinças, seringas, entre outros), e assim por diante. A PEP funciona melhor se administrada até 72 horas após o contato com o vírus, mas esse período pode ser estendido, e os medicamentos devem ser usados por 28 dias.
A lista de serviços de saúde que disponibilizam a PrEP e a PEP consta no site www.aids.gov.br.
O que é taxa de CD4?
O HIV, ao se instalar no organismo, infecta principalmente os nossos linfócitos TCD4, células do sistema imunológico responsáveis, dentre outras funções, pela defesa do corpo contra vírus. Nesse sentido, a taxa de CD4 é utilizada como um marcador de gravidade da AIDS, visto que, quanto mais avançada for a doença, mais o vírus ataca os linfócitos TCD4 e, portanto, menor é a taxa de CD4 do indivíduo. Tal taxa pode ser verificada através de exames de sangue específicos. Indivíduos com CD4 abaixo de 200, por exemplo, são considerados de alto risco para adoecimento por infecções oportunistas graves, como pneumocistose e toxoplasmose.
Qual a diferença entre o teste rápido e o molecular?
Ambos são exames que podem confirmar a infecção pelo vírus HIV. O teste rápido é feito através de punção digital (e coleta do sangue digital) ou coleta da saliva, estando disponível em diversas unidades de saúde e até em farmácias, permitindo que o resultado da infecção pelo vírus ou não saia em cerca de 30 minutos. Dois testes rápidos de dois fabricantes diferentes, ambos dando positivo, são capazes de confirmar a infecção pelo HIV. Já o teste molecular pode ser realizado a partir de amostras de sangue ou saliva, sendo um exame mais específico do que o teste rápido, visto que permite quantificar a carga viral do indivíduo, ou seja, dizer a quantidade de vírus que a pessoa tem no organismo, em cópias/mL. O teste molecular também é disponibilizado gratuitamente pelo SUS, porém, seu resultado demora alguns dias para ficar pronto. Esse teste costuma ser usado para confirmar a infecção pelo vírus quando outros testes apresentam resultados inconclusivos.
O que é TARV?
A TARV é a terapia antirretroviral, um coquetel de medicamentos destinados ao combate à AIDS, disponibilizados gratuitamente pelo SUS. São 19 medicamentos de diferentes classes terapêuticas e em 34 formas de apresentação distintas, como pelas vias oral e intravenosa. Quais medicamentos cada indivíduo portador do HIV vai utilizar é uma escolha que depende de vários fatores, como doenças prévias do indivíduo e perfil de efeitos colaterais, só podendo ser decidido por um médico capacitado. De forma geral, cada indivíduo portador do HIV costuma tomar um coquetel composto por 3 medicamentos diariamente.
REFERÊNCIAS
CAI O NÚMERO DE CASOS E MORTES CAUSADOS PELA AIDS NO PAÍS. Governo do Brasil. Em 01 de dezembro de 2020. Disponível em https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/12/cai-o-numero-de-casos-e-mortes-causados-pela-aids-no-pais#:~:text=No%20Brasil%2C%20em%202019%2C%20foram,%2C4%25%20do%20sexo%20feminino. Acesso em 18 de novembro de 2021.
ONDE POSSO ENCONTRAR A PREP? Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível em http://www.aids.gov.br/pt-br/faq/onde-posso-encontrar-prep. Acesso em 18 de novembro de 2021.
ROSA, Rovena. HIV não é sinônimo de AIDS e tratamento pode garantir vida normal a pacientes. Agência Brasil. Brasília, 01 de dezembro de 2017. Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-12/hiv-nao-e-sinonimo-de-aids-e-tratamento-pode-garantir-vida-normal-pacientes. Acesso em 18 de novembro de 2021.
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