top of page
Buscar

O impacto de aplicativos de mensagens na prática médica e na relação médico-paciente

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 30 de jan. de 2022
  • 3 min de leitura


Por Karine Teotônio e Stella Benjamin


O uso de aplicativos de mensagens é muito comum para fins pessoais, mas, na área da saúde, o uso dessa tecnologia como canal de comunicação entre médico e paciente implica questões que devem ser analisadas. Sob essa ótica, aplicativos como WhatsApp e Telegram vêm sendo usados para fins de contato imediato ou para enviar resultados de exames de natureza urgente, auxiliando o tratamento. No entanto, também pode gerar sobrecarga de trabalho e desgaste físico e emocional do profissional de saúde. Nesse sentido, em entrevista ao jornal “A Sístole”, a Profª Draª Ana Paula Rosa, médica pediatra, conta como o uso do aplicativo impacta na sua prática profissional.


1- Em sua prática profissional, você costuma fazer uso de aplicativos de mensagens na relação com os cuidadores de seus pacientes? Com que frequência usa aplicativos de mensagens com seus pacientes durante a semana?

Sim, costumo manter contato com os pais dos pacientes através do WhatsApp. Faço uso do aplicativo diariamente e mantenho contato com os pais/cuidadores.


2- Como você os orienta ao disponibilizar seu contato?

Oriento da seguinte forma: explico que estou dando o meu celular pessoal, que os pais podem me enviar mensagens para tirar eventuais dúvidas e esclarecer as angústias no período entre as consultas. Explico que, assim que possível, responderei todas as mensagens. Também explico que são muitos cuidadores que me enviam mensagens diariamente e que tenham calma, pois vou responder a todas as dúvidas.



3- Você possui celular exclusivo para atender seus pacientes?

Não, eu tenho apenas um número. Já tive a experiência de ter dois números de celular, mas confesso que achei mais complicado a utilização de dois números. Eu não conseguia desligar o número de trabalho, ficava preocupada com alguma eventual necessidade de um cuidador, de uma urgência, ou emergência, onde eu pudesse ajudar em alguma orientação. Então hoje, tenho apenas um número, que fica ligado 24h. Além de pediatra, eu também sou mãe e entendo a angústia de estar com um filho doente. Passa sempre pela minha cabeça que o juramento que fiz foi o de sempre ajudar, de tentar aliviar o sofrimento, do paciente e da sua família.

4- Quais são as vantagens e desvantagens dos aplicativos de mensagens na comunicação médico-paciente, na sua opinião?

Em relação às vantagens, fazer uso de instrumentos como o WhatsApp permitiu um maior estreitamento na relação com o paciente pediátrico e seu(s) cuidador(es), pois é possível manter a comunicação mesmo após a consulta médica presencial, no qual os pais ou cuidadores podem relatar os desdobramentos de medidas adotadas e orientadas pelo pediatra durante o atendimento presencial, em consultório.

​Também é possível observar que há uma maior aproximação com o pediatra e um aumento na relação de confiança com o paciente, bem como com os cuidadores da criança.

​Concomitantemente, é importante considerarmos que o WhatsApp é um instrumento que agiliza a comunicação com os pais ou provedores dos cuidados à criança, tornando-se uma forma prática e fácil de acessar o médico (agilidade, praticidade e acessibilidade).

​Em relação às desvantagens, essa modalidade de comunicação exige do pediatra estar disponível full time, receber mensagens a qualquer horário, incluindo finais de semana e feriados. E, ainda, também pode influenciar em atividades extra profissionais, momentos em família, momentos de lazer e férias.

​No geral, acredito mais nos aspectos positivos dessa interação que, a meu ver, consistem no aumento da confiança da família no médico, no aumento do vínculo com o pediatra, na agilidade no atendimento (para uma dúvida, por exemplo) e, por último, em uma desburocratização do acesso ao médico – facilidade de acesso, dentro, é claro, de um recorte social que tem oportunidade de acompanhamento em consultório privado.

5- Você acha adequado, do ponto de vista ético, o uso de aplicativos de mensagens entre médico e paciente?

Acho sim, mas o seu uso deve ser feito com cuidado e sabedoria ética. Inclusive, estou fazendo um estudo, sou doutoranda de Bioética do PPGBIOS (Programa de Pós Graduação em Bioética e Saúde Coletiva da UFRJ) e o meu trabalho tem exatamente a ver com esse tema. Meu objetivo é investigar a influência das redes sociais na prática clínica pediátrica. Estou fazendo o doutorado sob a orientação do professor André Martins, filósofo e psicanalista. O trabalho ainda está em fase inicial, mas acredito ser um tema de relevância para a nossa prática clínica.


Agradecemos à doutora Ana Paula pela disponibilidade e confiança em nosso trabalho!

 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post

Formulário de inscrição

Obrigado(a)

©2020 por Jornal A Sístole. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page