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INSEGURANÇAS E INTERVENÇÕES: UMA DISCUSSÃO SOBRE CIRURGIA PLÁSTICA EM ADOLESCENTES

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 11 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura




Autora: Ingryd Toneti


Nos últimos anos, a procura por procedimentos estéticos em jovens tem aumentado de forma significativa. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e apontam que, em 10 anos, o percentual de busca por essas intervenções, na faixa etária entre 13 a 18 anos, aumentou em cerca de 141%. O Brasil fica na liderança em números de jovens que passam por tais procedimentos, nos levando a questionar quais são as motivações que impulsionam esse crescimento, especialmente nessa fase da vida.


A adolescência é um período de transformações biopsicossociais, no qual os indivíduos começam a se entender como seres pertencentes a um grupo dotado de regras e padrões, ao mesmo tempo em que precisam assimilar mudanças em suas estruturas física, sentimental e comportamental. Em meio a isso, muitos desses jovens ainda precisam lidar com comentários, exposições e ridicularizações quanto a seus corpos, em ambiente escolar ou familiar, podendo culminar em restrições alimentares e de vestimentas.


Somado a isso, é normalmente neste período da vida em que começa uma exposição massiva a meios eletrônicos e às redes sociais, possibilitando um grande consumo de informações, principalmente relacionadas a estilo de vida e padrões de beleza inacessíveis. Os jovens, então, acabam se tornando suscetíveis à venda de uma imagem muitas vezes romantizada dos procedimentos estéticos, os quais são abordados como algo muito menos complexo do que realmente são, diminuindo a preocupação com os riscos e favorecendo ainda mais o desejo por essas intervenções.


Os procedimentos mais procurados são rinoplastia, otoplastia (correção do formato das orelhas), lipoaspiração, mamoplastia redutora e mamoplastia de aumento (inserção de implante de silicone). Segundo especialistas, os riscos em adolescentes costumam ser menores, pois estes geralmente não têm comorbidades. No entanto, é preciso ter um parâmetro do grau de exigência do paciente, o qual às vezes é altíssimo, uma vez que tende a se basear em imagens irrealistas, alteradas por maquiagem ou photoshop. Assim, mesmo que a cirurgia seja bem sucedida, ainda pode ocorrer insatisfação por parte do paciente.


É importante ressaltar que a realização de um procedimento estético pode ter impacto significativo na autoestima e, consequentemente, na autoaceitação, permitindo que o indivíduo alcance melhora na qualidade de vida e no seu bem estar, especialmente em casos de cirurgias corretivas. Contudo, essas cirurgias devem ser bem avaliadas quanto a seus riscos, necessidade de realização, às mudanças que ainda podem ocorrer em um corpo que está em fase de crescimento e ao impacto psicológico em casos de insatisfação no pós-cirúrgico. Também é primordial que os familiares e as escolas estejam atentos a discursos e padrões de comportamento que reforçam a pressão estética a que esses jovens já estão submetidos. Assim, os jovens se sentirão mais confortáveis para compartilhar suas inseguranças e as motivações que os levam a optar por uma intervenção, questões primordiais para uma escolha consciente e segura.



REFERÊNCIAS:

MEIO NORTE (Brasil). Associação Nacional de Hospitais Privados. Cirurgias plásticas em adolescentes crescem 141% nos últimos dez anos. 2019. Disponível em: https://www.anahp.com.br/noticias/noticias-do-mercado/cirurgias-plasticas-em-adolescentes-crescem-141-nos-ultimos-dez-anos/. Acesso em: 26 jan. 2021.

BARROS, Ricardo do Rêgo. Cirurgia plástica na adolescência. 2007. Revista oficial do núcleo de estudos da saúde do adolescente/UERJ. Disponível em: http://adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=120. Acesso em: 26 jan. 2021.

LEMOS, Simone. Cresce o número de jovens em busca de procedimentos estéticos: o desejo de mudança e perfeição ocorre devido a padrões estéticos irreais divulgados nas redes sociais. 2020. Jornal da USP. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/cresce-o-numero-de-jovens-em-busca-de-procedimentos-esteticos/. Acesso em: 26 jan. 2021.

VITELLI, Celso. Adolescências e identidades estéticas no cotidiano: adolescence and aesthetic identities in daily life. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982009000300004&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 26 jan. 2021.

STREHLAU, Vivian Iara; CLARO, Danny Pimentel; LABAN NETO, Silvio Abrahão. A vaidade impulsiona o consumo de cosméticos e de procedimentos estéticos cirúrgicos nas mulheres? Uma investigação exploratória: does vanity boosts the consumption of cosmetics and aesthetic surgical procedures in women? an exploratory investigation. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-21072015000100006. Acesso em: 26 jan. 2021.








 
 
 

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