INFORMAÇÃO E ENTRETENIMENTO: TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E CAPACITISMO
- Jornal A Sístole
- 23 de mar. de 2021
- 3 min de leitura

Autores: Isadora Santana e Matheus Oliveira
Participação: Motivados pelo Autismo Macaé (Lúcia Anglada e Caroline Muzarine)
O capacitismo é uma estrutura de discriminação, a qual corresponde ao ato de subestimar a capacidade e a aptidão das pessoas em razão da deficiência que possuem.
A despersonalização da pessoa com deficiência e, consequentemente, da pessoa no espectro do transtorno autista, e a ignorância em relação ao assunto são as principais bases para a construção e a perpetuação da estrutura capacitista e um olhar que reduz as infinitas características de gosto, personalidade, sonhos, desejos e toda a imensidão relacionada ao ser à uma deficiência.
Diante desse cenário, muitas obras têm focado em demonstrar o cotidiano e a realidade das pessoas com deficiência. Além de conscientização, elas são importantes também para identificação e representatividade.
Seguem algumas dicas de obras que abordam o tema e que valem a pena assistir:
Amor no espectro:
Disponível na Netflix, é um documentário/ reality show que segue jovens adultos no espectro do autismo enquanto eles exploram o universo do amor e dos relacionamentos. A obra mostra que, diferente do que muitos acreditam, é um mito o fato de que pessoas no espectro não têm interesse em interagir ou se relacionar com outras pessoas. Além disso, o reality deixa explícito a diversidade e a singularidade dos indivíduos no espectro.
Atypical:
Produzida pela Netflix, a série de comédia conta a história da família de Sam, um adolescente no espectro que vive uma jornada pela independência. Composta por muitas cenas engraçadas e dramáticas, a série demonstra a vida do personagem para além de sua deficiência, explorando seus gostos, traços de sua personalidade, a relação com a irmã e o melhor amigo, além de evidenciar como a família lida com as situações do dia a dia.
Podcast Introvertendo- Autismo por autistas:
Introvertendo é um podcast no qual pessoas com autismo conversam sobre aspectos da vida cotidiana, sobre a sociedade, ou questões pouco populares, com a intenção de ter uma conversa descontraída e informativa.
“Acreditamos que sermos autistas e falarmos de nós para o mundo seja bastante relevante para que as pessoas conheçam um pouco deste universo complexo e multifacetado chamado autismo. Ao mesmo tempo, precisamos reafirmar que não temos a intenção de falar pela ‘classe’ de autistas como um todo. Mas a partir dos nossos episódios vocês conhecerão um pouco do que somos.”- Relato no site do podcast
Você pode acompanhar o podcast a partir de algum aplicativo: Google Podcasts, Apple Podcasts, Spotify, Deezer, Castbox, Amazon Music, ou pelo site: https://www.introvertendo.com.br/category/podcast/.
Fonte da imagem: https://www.superplayer.company/podcasts/introvertendo/
Relato da Lúcia e Caroline - Motivados pelo autismo Macaé:
Lúcia e Caroline são coordenadoras do movimento Motivados pelo Autismo Macaé. O grupo tem como objetivo acolher as famílias que possuem pessoas com autismo por meio das redes sociais, proporcionando oportunidades de socialização e troca de experiências. Além disso, a equipe também é determinada a lutar pela prática dos direitos da pessoa autista considerando a Lei Berenice Piana 12.764/2012 e demais legislações relacionadas à pessoa com deficiência.
“Uma forma de combater o capacitismo é dar voz às pessoas com deficiência, de forma que elas tenham espaço para se manifestar, expor suas necessidades e, principalmente, declarar o que as impede de exercer sua cidadania. É preciso conscientizar a sociedade, informando, elucidando e divulgando conteúdos socioeducativos. É possível citar participações de personagens autistas em séries e telenovelas - Atypical e Malhação - relatando os desafios do autismo leve nos ambientes regulares de ensino. Suas falas tiveram grande relevância e repercussão, pois conseguiram alcançar uma sociedade pouco informada, mas é preciso reconhecer que nem todas as pessoas com autismo foram representadas ali.
O autismo é uma deficiência que possui diferentes graus e possíveis comorbidades em cada indivíduo. De acordo com os manuais de Medicina, o autismo é subdividido em três níveis - Leve, Moderado e Severo, sendo a autonomia o principal fator diferencial entre eles.
Pensar que toda pessoa com autismo foi representada pelos personagens das séries supracitadas é um grande erro. Existem aqueles que sequer conseguiram ser alfabetizados e aqueles que têm graves complicações comportamentais.
A sociedade precisa reconhecer que existe uma infinidade de possibilidades no universo das pessoas com deficiência. E respeitar a diversidade é o início de tudo.
Acessibilidade é um direito fundamental e precisa ser garantido. Não é um favor. É dignidade.”
“É necessário reconhecer a capacidade das pessoas, sejam elas com deficiência ou não, bem como entender os pontos de vista, valores e necessidades que compõem as deficiências. Todos esses fatores estão relacionados ao comportamento e percepção dos desafios impostos e encontrados na sociedade.” - Matheus Oliveira
Referências:
AMOR NO ESPECTRO (Documentário/ Reality show). Direção: Cian O’Clery. Produção: ABC. Austrália, 2019.
ATYPICAL (Seriado). Direção: Joe Kessler, Michael Patrick, Jann Seth. Produção: Jennifer Jason Leigh. California: Netflix, 2017.
INTROVERTENDO (Podcast). Organizado e apresentado por Tiago Abreu. Produzido por: Superplay & Co.
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