Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)
- Jornal A Sístole
- 23 de fev. de 2023
- 4 min de leitura

Por Wallace Soares
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são infecções causadas por diferentes agentes etiológicos – como vírus, bactérias, fungos e protozoários – cuja transmissão ocorre prioritariamente por relação sexual desprotegida com uma pessoa que se encontra infectada através do sexo oral, vaginal ou anal. Eventualmente, também podem ser transmitidas por contato de mucosas ou pele não íntegra com sangue e secreções corporais contaminadas, assim como da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. Se não tratadas adequadamente, podem provocar diversas complicações, por isso o rastreio de ISTs é essencial para quem tem vida sexualmente ativa, independente de orientação sexual ou número de parceiros.
As ISTs ocorrem com alta frequência na população e têm múltiplas apresentações clínicas. Segundo a OMS, estimam-se 376 milhões de novos casos por ano, ou seja, mais de 1 milhão de novos registros diários. Com isso, em média, 1 a cada 25 pessoas no mundo possui, pelo menos, uma IST, mesmo que não manifeste sintomas. Aliás, a terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas aparentes.
Geralmente, as ISTs se manifestam por meio de feridas, corrimentos ou verrugas anogenitais, porém muitos outros sintomas podem estar presentes, como dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aparecimento de ínguas (“caroços” decorrentes do aumento de linfonodos). Em alguns casos, no entanto, não há sinais e sintomas perceptíveis, embora a infecção possa ser detectada por exames específicos e continuar sendo transmitida. De qualquer forma, é importante que o corpo sempre seja observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma possível IST. Assim, sempre que suspeitar de alguma alteração em seu organismo, procure o serviço de saúde, independentemente de quando foi a última relação sexual.
As ISTs são causadas por diferentes microrganismos e, por isso, possuem características, especificidades e tratamentos particulares. Em relação às principais infecções de origem viral, destacam-se HIV/AIDS, herpes genital, HPV, hepatite B, hepatite C, HTLV, meningite viral e monkeypox. No que tange às infecções bacterianas, denota atenção patologias como sífilis, clamídia, gonorreia, cancro mole (cancroide), donovanose, linfogranuloma venéreo (LGV), gardnerella vaginalis e mycoplasma. Ainda, há aquelas causadas por fungos, como a candidíase, enquanto outras são causadas por protozoários, como a tricomoníase.
Como visto, existem diversas ISTs que podem causar múltiplos problemas de saúde, logo é fundamental que os indivíduos e suas parcerias sejam tratados para melhorar a qualidade de vida e interromper a cadeia de transmissão dessas infecções. Para além disso, também é imprescindível adotar ações e estratégias que visem a prevenção, impedindo que surjam ainda mais casos.
Nesse sentido, nos últimos anos, o Ministério da Saúde passou a difundir a ideia de Prevenção Combinada, isto é, um conjunto de ações, estratégias e ferramentas que podemos escolher de acordo com as características individuais e o momento de vida para nos prevenirmos das ISTs. Em outras palavras, a prevenção combinada consiste em um leque de opções cientificamente eficazes com diferentes abordagens de prevenção para que cada um de nós escolha de que forma queremos nos prevenir de acordo com nosso contexto sexual, a partir da combinação de duas ou mais formas de prevenção.
Os métodos que podem ser combinados encontram-se resumidos na mandala da prevenção combinada, que engloba as seguintes ferramentas: i) usar preservativo peniano, vaginal e gel lubrificante; ii) tratar todas as pessoas com HIV e/ou AIDS, pois é considerado intransmissível quem se mantém com carga viral indetectável por pelo menos seis meses (I = I); iii) testagem regular para ISTs, sobretudo os testes rápidos para HIV, sífilis, Hepatite B e C disponíveis no SUS; iv) profilaxia pós-exposição (PEP), que deve ser procurada em até 72 horas em caso de relação sexual desprotegida; v) profilaxia pré-exposição (PrEP), indicada para pessoas que tenham maior chance de entrar em contato com o HIV; vi) prevenir a transmissão vertical com a realização do pré-natal; vii) imunização para hepatites A, B, meningite e HPV; viii) redução de danos para usuários de álcool e outras drogas; e ix) diagnosticar e tratar as pessoas com ISTs e hepatites virais.

Por último, vale ressaltar que o diálogo permeia todas as ferramentas de prevenção, pois falar e se informar sobre ISTs é a principal forma de praticar sexo protegido e consciente. Por isso, as melhores formas de prevenção são as que você adere e são adequadas para o seu momento atual de vida. Caso você seja diagnosticado com uma IST, não se culpabilize por exercer a sua sexualidade, que é tão natural e saudável quanto qualquer outra função fisiológica. Na verdade, só não corre risco quem não transa e se sexo é importante para você, não abandone por medo, procure um serviço de saúde, trate-se e siga adiante sem julgamento ou culpa.
Referências bibliográficas:
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● CHAVES, A. F. C. et al. Cartilha Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST,
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● MINISTÉRIO DA SAÚDE. Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível
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● MORRIS, S. R. Considerações gerais sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Manual MSD – Versão Saúde para a Família.
Disponível em: < https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3% A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis- dsts/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-doen%C3%A7as- sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts>. Acesso em: 05 de fev. 2023.
● PORTAL DRAUZIO VARELLA. Bactérias sexualmente transmissíveis. Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/bacterias- sexualmente-transmissiveis/>. Acesso em: 06 de fev. 2023.
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