HISTÓRIA DA SAÚDE: OSWALDO CRUZ
- Jornal A Sístole
- 24 de ago. de 2021
- 3 min de leitura

Por: Leandro Oliveira
O que é o “História da Saúde”?
Neste novo quadro, o Jornal A Sístole pretende resgatar a história de personagens e de marcos essenciais para o desenvolvimento da saúde humana e coletiva, visando homenagear seus feitos, despertar curiosidade sobre a história da saúde e inspirar os profissionais do presente e do futuro.
Oswaldo Gonçalves Cruz foi um grande médico, epidemiologista, bacteriologista, sanitarista, pioneiro da medicina experimental e tropical no Brasil; além de figura importante no combate a várias epidemias de seu período.
Nascido em 5 de agosto de 1872, em São Luiz de Paraitinga, SP, viveu em território paulista até os 5 anos de idade, quando sua família se mudou para a cidade do Rio de Janeiro. Nesta idade e já alfabetizado, graças à sua mãe, iniciou seus estudos formais na escola. Segundo relatos, Oswaldo era um aluno com notas medianas, porém isso não o impediu de estudar no histórico Colégio Pedro II e de iniciar, aos 14 anos, os estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (que futuramente pertenceria à UFRJ).
Apaixonado pela microbiologia, foi auxiliar de laboratório da instituição e formou-se médico, em 1892, com a tese “A veiculação microbiana pelas águas”. Em abril de 1897, partiu para Paris a fim de estudar no Instituto Pasteur, maior centro de microbiologia do mundo na época. Esteve na França por 2 anos, publicou vários trabalhos científicos e adquiriu conhecimentos de toxicologia e de produção de artefatos de vidro para laboratórios – Oswaldo foi o introdutor desta técnica no Brasil e o primeiro a produzir ampolas no país.
De volta ao Brasil, em 1899, doou-se, junto dos ilustres Adolfo Lutz e Vital Brazil, ao combate de uma epidemia de peste bubônica insurgente em Santos, que já se espalhava para o Rio de Janeiro. Por seus conhecimentos e esforço, ingressou no Instituto Soroterápico Federal, o futuro Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), criado em 1900, para fabricar o soro antipestoso. Rapidamente, ascendeu à direção geral do Instituto, que, sob a gerência de Oswaldo, floresceu como um centro de pesquisas e experimentos que deu luz a vários especialistas em doenças tropicais.
Em 1903, é nomeado Diretor Geral de Saúde Pública e recebe a dura tarefa de limpar o Rio de Janeiro - capital do Brasil na época e conhecida por estrangeiros como “cidade da morte” - da febre amarela, da peste bubônica e da varíola. Para isso, adotou métodos considerados drásticos naquela ocasião, como isolamento de doentes, notificação compulsória dos casos, controle dos vetores e desinfecção de casas; tais medidas eram reprovadas pela população da cidade.
O ápice da tensão ocorreu em 1904, quando, a pedido de Oswaldo Cruz, aprovou-se uma lei que tornava a vacinação contra a varíola obrigatória. Jornais e Congresso Nacional se opuseram formalmente à medida; já o povo considerou-a uma afronta e, em 13 de novembro do mesmo ano, promoveram uma rebelião, hoje conhecida como a Revolta da Vacina. A manifestação foi debelada pelo governo, mas esse suspendeu a vacinação obrigatória.
Mesmo desaprovado pelo povo, Oswaldo continuou seu trabalho sanitarista: agora trabalhando em âmbito nacional. Em poucos anos, no entanto, os impactos das ações do médico apareceram: a febre amarela foi erradicada no Rio de Janeiro em 1907, e, após um novo surto de varíola em 1908, a população se vacinou voluntariamente.
Um ano depois, Oswaldo abandonou seu cargo público para comandar o recém-renomeado Instituto Oswaldo Cruz, cargo que abandonaria somente em 1915 por conta de uma patologia renal, mesma enfermidade que havia levado seu pai à morte. Mudou-se para Petrópolis e, em 1916, foi eleito prefeito da cidade. Em 11 de fevereiro de 1917, Oswaldo Cruz faleceu por insuficiência renal, sendo enterrado no dia seguinte no Rio de Janeiro, com grande comoção do povo.
Para os brasileiros, Oswaldo Cruz foi de vilão a herói nacional; para o mundo, foi amplamente aclamado e premiado como um grande sanitarista e pesquisador. Além de entrar para a história, A FIOCRUZ, seu maior legado, continua a auxiliar, até hoje, o Brasil no combate às epidemias, produzindo vacinas contra diversas doenças, incluindo a COVID-19.
Bibliografia
· MEDINA, Luciana. Há 140 anos, nascia Oswaldo Cruz. Relembre a história do médico e sanitarista. Portal Fiocruz, 2012. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/ha-140-anos-nascia-oswaldo-cruz-relembre-historia-do-medico-e-sanitarista. Acesso em: 14 jul. 2021.
· FIOCRUZ. Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz, 2017. Disponível em: http://oswaldocruz.fiocruz.br/index.php. Acesso em: 14 jul. 2021.
· FRAZÃO, Dilva. Biografia de Oswaldo Cruz. eBiografia, 2019. Disponível em: https://www.ebiografia.com/oswaldo_cruz/. Acesso em: 14 jul. 2021.
· MARASCIULO, Marília. Quem foi Oswaldo Cruz, um dos maiores sanitaristas brasileiros. Revista Galileu, 2020. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/03/quem-foi-oswaldo-cruz-um-dos-maiores-sanitaristas-brasileiros.html. Acesso em: 14 jul. 2021.
· PROJETO MEMÓRIA 2003. Projeto memória – Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.projetomemoria.art.br/OswaldoCruz/index.html. Acesso em: 14 jul. 2021.
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