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HISTÓRIA DA SAÚDE: IZABEL DOS SANTOS

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 15 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura

por Gabriella Berto

Izabel dos Santos: mulher, negra, enfermeira e cidadã inconformada com a qualidade dos serviços de saúde ofertados no país; ela, que neste ano completaria 95 anos, ficou conhecida por seu papel na luta pela defesa da qualificação do trabalhador de nível técnico em saúde no Brasil.

Nascida em 07 de março de 1927, na cidade de Pirapora - Minas Gerais, Izabel graduou-se pela Escola de Enfermagem Hugo Werneck, em Belo Horizonte (MG). Sua trajetória profissional envolve um longo percurso de experiências, ideias, práticas sanitárias e desenhos político-institucionais conformadores da saúde pública brasileira, dos quais podemos citar sua formação e trabalho no âmbito do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), o magistério na Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, o papel como consultora da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/Brasil) e do Ministério da Saúde e o desenvolvimento do projeto Larga Escala, além de sua luta em movimentos de resistência e de defesa dos direitos humanos.

O Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) consistia em uma agência criada em julho de 1942, graças à assinatura, no contexto dos esforços de guerra, de um acordo de cooperação bilateral entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos. Recém-formada, a jovem enfermeira foi contratada para trabalhar no SESP e retornou para Pirapora, onde passou a trabalhar na organização dos serviços locais de saúde e na formação de pessoal de enfermagem, lavanderia, cozinha e limpeza. No Serviço, Izabel teve a oportunidade de conhecer, sob o ponto de vista sanitário, parte da vastidão do interior do país.

Em 1986, o então Presidente da República, José Sarney, sancionou a Lei 7.498, que limitava a atuação de atendentes até o ano de 1996, de modo que, durante uma década, elesprocurassem profissionalizar-se através de cursos regulares de técnicos ou auxiliares de enfermagem, ou mesmo através da prova de suplência profissional. Com o prazo dado pela lei se aproximando, havia ameaça de desemprego em massa e os sindicatos estavam muito preocupados. Nesse sentido, Izabel propunha a criação de uma escola diferente, que se deslocasse até o aluno, a qual fosse flexível e tivesse o processo de aprendizado baseado no trabalho real do aluno; assim, embasando-se em ideais de Paulo Freire, em aspectos pedagógicos da Rússia e em um estudo realizado na França, a enfermeira tinha como objetivo transformar o ambiente de trabalho em escolar e o próprio processo de trabalho e assistência em material para o ensino-aprendizagem.

Assim, de 1975 a 1997, Izabel foi consultora da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/OMS - Brasil), em projetos de formação de nível médio e, durante a 8ª Conferência Nacional de Saúde e a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), na década de 80, Izabel ajudou a criar o Programa Formação de Trabalhadores de Nível Médio em Larga Escala. Esse projeto consistia em uma estratégia de formação de recursos humanos para o setor da saúde voltada para trabalhadores sem qualificação profissional específica, já inseridos nos serviços de saúde. Posteriormente, o programa Larga Escala serviu como base de formulação do Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE), lançado em 2000 pelo Ministério da Saúde e responsável pela qualificação profissional de cerca de 270 mil atendentes e auxiliares de enfermagem que atuavam nos serviços sem nenhuma formação, tendo Izabel como consultora especial.

Falecida aos 83 anos, em 1° de dezembro de 2010, Izabel deixou um grande legado à educação profissional em saúde no país. Foram 20 anos de trabalho pela saúde pública, além de mais de 50 anos dedicando-se à enfermagem.

Referências:

BEZERRA, Marília Martins et al. Atendente de enfermagem: por quê? Até quando? Rev Bras Enferm, v. 51, n. 1, p. 77-92, mar 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/hZ7FnXMbvB3MLRwnRBZwK5C/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 22 jan. 2022.

LEMOS, Zirlene. Morre Izabel dos Santos, batalhadora pela Saúde Pública no País. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (NESCON), Belo Horizonte, dez. 2010. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/morre-izabel-dos-santos-batalhadora-da-saude-publica-no-pais/. Acesso em: 22 jan. 2022.

MATOS, Thiago. Izabel dos Santos: A piraporense que lutou pela saúde pública brasileira deixa saudades. Jornal O Norte, Montes Claros, 08 dez. 2010. Disponível em: https://onorte.net/minas-do-norte/izabel-dos-santos-a-piraporense-que-lutou-pela-sa%C3%BAde-p%C3%BAblica-brasileira-deixa-saudades-1.508543. Acesso em: 22 jan. 2022.

PAIVA, Carlos Henrique Assunção. Izabel dos Santos e a formação dos trabalhadores da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 6, p. 1785-93, 2015. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2015.v20n6/1785-1793/pt. Acesso em: 22 jan. 2022.

SANTOS, Izabel dos. Izabel dos Santos: fazendo história na história da enfermagem brasileira. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 41 (Esp), p. 853-8, 2007. Entrevista concedida a Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca e Emiko Yoshikawa Egry.

MORRE Izabel dos Santos, referência na educação profissional em saúde. Acontece na EPSJV, Rio de Janeiro, dez. 2010. Disponível em: <https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/acontece-na-epsjv/morre-izabel-dos-santos-referencia-na-educacao-profissional-em-saude>.

 
 
 

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