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EXISTE RELAÇÃO ENTRE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E O DIABETES MELLITUS?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 21 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura


Por Karine Teotônio e Leandro Oliveira


Com elevadas prevalências, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) destacam-se entre os principais problemas de saúde pública na atualidade, e são reconhecidos como fatores de risco para as doenças cardiovasculares e causas de óbito pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mundialmente, a HAS e suas complicações são responsáveis por 9,4 milhões de mortes por ano, enquanto que 4,2 milhões de óbitos foram atribuídos aos efeitos do DM em 2019. No Brasil, em 2018, 24,7% e 7,7% da população, na idade de 18 anos ou mais, apresentava diagnóstico de HAS e DM, respectivamente, predominando em indivíduos de maior idade e de menor nível educacional.


Não é rara a coexistência das duas doenças na mesma pessoa: no ano de 2012, mais de 15% dos idosos com 60 anos ou mais possuíam simultaneamente HAS e DM, combinação que as torna ainda mais nocivas do que individualmente e aumenta em 6 vezes a chance de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVCs. Esse fato levanta uma questão: existe relação entre a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus?


Estudos mostram que há, de fato, uma sobreposição substancial entre diabetes e hipertensão na etiologia. Por exemplo, pacientes com HAS essencial (sem causa ligada diretamente a outra doença) sem tratamento apresentam maiores taxas de glicose em jejum e pós-prandial, independentemente da massa corporal, e filhos de pais hipertensos também têm um metabolismo anormal de glicose. Isso se explicaria por fatores genéticos em comum entre as doenças, que predispõem ao aumento da pressão arterial e à resistência à insulina - hormônio responsável pela redução da glicemia. A HAS e o DM podem, portanto, desenvolver-se um após o outro em um indivíduo.


Os mecanismos envolvidos no curso das doenças também estão conectados. Um exemplo disso é que a resistência à insulina leva ao aumento da glicemia e da secreção de insulina como compensação. Tais fatores levam ao remodelamento e enrijecimento das artérias, elevando a pressão. Além disso, os níveis elevados de insulina promovem o aumento da ação do sistema nervoso simpático, da frequência cardíaca e da contratilidade dos vasos. Outros mecanismos comuns, como a regulação positiva do sistema renina-angiotensina-aldosterona (responsável por regular a pressão arterial), estresse oxidativo, inflamação e ativação do sistema imunológico, provavelmente, contribuem para a estreita relação entre diabetes e hipertensão. Tais fatores levam a um agravamento da HAS que, se não controlada, pode ocasionar eventos ou agravar doenças cardiovasculares.


Por fim, é conhecida também a contribuição da HAS nas várias complicações vasculares do DM. Um exemplo é o caso da nefropatia diabética, ocasionada por mudanças na estrutura dos rins e de seus vasos sanguíneos devido a alterações metabólicas promovidas pelo diabetes mellitus. Essa condição pode ser agravada pela hipertensão arterial, que agride ainda mais as artérias e arteríolas renais, contribuindo para a progressão do dano, o qual pode levar à insuficiência renal crônica.


Desse modo, conhecer as causas comuns e os mecanismos da doença permite uma abordagem mais eficaz e proativa em sua prevenção e tratamento. Portanto, é necessária uma reavaliação periódica dos pacientes diagnosticados com base em suas classificações de risco e comorbidades, além da educação em saúde para evitar progressão de agravos.



Referências Bibliográficas


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