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Estresse pode causar acne?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 25 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

por Carolina Daré


Acne vulgar é o nome que os médicos chamam as populares e indesejadas “espinhas” e “cravos”. Frequente em adolescentes devido às oscilações hormonais da puberdade, consiste numa inflamação crônica da pele e de etiologia multifatorial. Sabemos que hereditariedade, medicamentos e higiene pessoal relacionam-se com seu desenvolvimento. No entanto, para uma investigação completa de seus fatores desencadeantes ou agravantes, primeiramente, precisamos entender como essa dermatose se desenvolve.


Em linhas gerais, na unidade pilossebácea, composta por um folículo piloso e uma glândula sebácea, ocorre a proliferação de bactérias que estão naturalmente em nossa pele e se alimentam do sebo produzido nessa região. Dessa forma, se ocorrer o aumento de sebo, esses microrganismos aumentam em número. Consequentemente, há maior produção de resíduos metabólicos inflamatórios que alteram a pele, formando as características lesões sólidas e arredondadas denominadas pápulas.


Considerando essa breve explicação, como poderíamos relacionar os diversos relatos individuais que alegam surgimento ou piora do grau da acne em períodos de tensão emocional? O estresse “chega” à unidade pilossebácea?


Para entender o mecanismo proposto pelos pesquisadores, saiba que as células da pele comunicam-se com sistemas de atuação interna, como o endócrino e o imune. Assim, a pele é afetada por substâncias que viajam pelo sangue, como os hormônios, e pela presença de diversos tipos de células que atuam na defesa de nosso organismo de potenciais agentes invasores.


Estimulado por estresse, o hipotálamo secreta o hormônio liberador de corticotrofina (CRH) que, além de induzir à produção de mediadores químicos pró-inflamatórios na pele, ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Dessa maneira, há a produção de cortisol e androgênios que, assim como o CRH, estimulam as glândulas sebáceas, culminando no aumento significativo da produção de sebo. Os efeitos do estresse não se limitam ao estímulo hipotalâmico, pois, sob sua influência, as fibras nervosas periféricas também são sensibilizadas e liberam a substância P que, dentre outras funções, induz ao aumento da produção sebácea.


Vale ressaltar que, apesar de reconhecida a associação entre o estresse e a acne, detalhes de seus mecanismos ainda não foram elucidados. Portanto, ainda que a resposta completa à pergunta do início do texto siga como alvo de investigação científica, já é possível concluir que o cuidado com a pele não se limita ao uso de cremes e antibióticos. Sua pele pode ser um lembrete explícito de sua saúde mental - capaz de afetar seu sistema endócrino, imune e nervoso - que merece sua atenção.



Referências:

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CESTARI, S. Dermatologia Pediátrica: Diagnóstico e Tratamento. 1a ed. Editora dos Editores. 2018.


 
 
 

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