top of page
Buscar

Espaço Aberto

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 10 de mai. de 2022
  • 3 min de leitura

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Autora convidada: Carolina Corbeceiri

Mediado por: Carolina Daré


“Ser ou não ser: eis a questão”. Em uma análise mais profunda e disruptiva, por que não pensar em Ser o Não Ser? Será que verdadeiramente somos? Ou, na verdade, estamos? A genética, o ambiente, a sociedade: tudo isso, em maior ou menor proporção, molda o comportamento humano e traz a dimensão do “ser” em si. As amarras do corpo social, as crenças limitantes interiores, as necessidades de aceitação e amor contribuem para manter o “ser” estático, engessado, moldado no contexto de sua comunidade, seja convergindo ou divergindo dos ideais da mesma, todavia, muitas vezes, sem possuir autenticidade.


Fomos forjados, enquanto seres, de intensas explosões intergalácticas; somos, literalmente, poeira das estrelas. Concebida em um ambiente tão adverso, após inúmeras explosões e choques, colisões de buracos negros e estrelas convergiram para criar o campo gravitacional adequado para que a Terra estivesse no local preciso, próxima da estrela necessária, alinhada ao sistema perfeito para que formasse a atmosfera, os gases, permitindo as primeiras formas de vida e o processo de evolução… Os seres humanos, tão frágeis e vulneráveis, desenvolveram os sulcos cerebrais e polegares, aprimoraram técnicas, sobreviveram - embora mais fracos, eram mais aptos.


Hoje, escrevendo por meio dessa tecnologia formidável, construo novos saberes, novas concepções e conexões. Através de ondas eletromagnéticas, são me proporcionadas reflexões inimagináveis, permitindo-me estudar e conceber, até mesmo, extraordinárias análises sobre nossa transitoriedade. Em encontros virtuais, são provocadas emoções em mim que me fazem, verdadeiramente, nutrir grande carinho e sentimentos mesmo por aqueles que estão tão longe, sentindo o fluxo de uma energia real. Seja entrelaçamento quântico, seja o que for, eu chamo de Deus.


Vejo beleza em olharmos para as estrelas e sabermos que de lá viemos e para lá vamos... Não há um dia em que eu não olhe para elas e me lembre do meu querido e amado amigo, que se foi por câncer, e que eu não relembre qual é o meu papel diante da vida: o de ser médica e viver intensamente essa escolha. Todavia, como humana, preciso saber das minhas limitações, da minha ignorância e do não saber de nada.


A técnica é linda, mas tenho me questionado sobre como me defino enquanto ser; a medicina é o meu axioma, mas não apenas. É necessário que haja transcendência, que haja equilíbrio e parcimônia, mesmo nesse conflito que sou. Eu não quero ser Carolina, a estudante de medicina, eu quero viver a medicina em mim... Somos tudo e nada, somos a coexistência do caos e da paz, da felicidade e da raiva, tudo em um único ser, em uma grande aldeia global, em um grande universo. Mas, o próprio universo é o caos e sem instabilidade, nada somos.


Creio que a medicina é uma profissão “pequena” por cuidar de outros seres falhos e mortais, como eu; seres que adormecem, têm profundas dores, seres limitados, que irão, em última instância, morrer. Médicos não “salvam vidas”, eles apenas retardam a inexorabilidade de Deus. Não sei se a medicina, na minha vida, é derivada de racionalização excessiva ou de um processo de ininteligibilidade; o fato é que abracei essa missão para todos os dias da minha vida, até que ela cesse e que, então, minha alma possa descansar , tranquila; se unir às estrelas. ✨🌺




Quem é Carolina Corbeceiri? Lendo seu depoimento, percebo que qualquer definição fechada seria limitada. Mas, para que possa apresentá-la, garanto que onde ela estiver, será aquela pessoa que te fará refletir. Mobilizando um delicado e complexo repertório intelectual, ela compartilha a sua visão de mundo com palavras embebidas em bondade e gentileza.

Em nome do Jornal A Sístole, eu agradeço a autorização que ela me concedeu para compartilhar um texto enviado no WhatsApp aqui no nosso “Espaço Aberto”.

 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post

Formulário de inscrição

Obrigado(a)

©2020 por Jornal A Sístole. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page