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ENTREVISTA: VOCÊ SABE COMO FUNCIONA A HOMEOPATIA?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 28 de mar. de 2021
  • 5 min de leitura


Com Dr. Helvo Slomp Junior

Médico homeopata e psiquiatra

Mestre em neurociências e doutor em medicina

Professor de saúde coletiva do curso de medicina da UFRJ/Macaé


Autoras: Luísa Erthal e Stella Benjamin


"A homeopatia chegou oficialmente ao Brasil em 1840, por meio do ex-comerciante francês Benoit Mure. Há relatos, entretanto, de que em 1820, os imigrantes alemães que se estabeleceram em colônias no Sul do Brasil já a utilizavam como uma medicina caseira e seguiam as orientações presentes nos livros escritos pelo médico conterrâneo e criador homeopatia, Dr. Samuel Hahnemann." Em 1980 foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, no Brasil, como especialidade médica. Em 2021, a medicina homeopática ainda se centra na pessoa e destaca a importância em quem adoece e como adoece, mais do que técnicas específicas que são capazes de resgatar a dimensão do cuidado na ação terapêutica médica.

Os medicamentos homeopáticos são produzidos a partir de extratos vegetais, animais ou minerais. Os componentes retirados são, primeiro, diluídos em álcool ou água e, depois, a mistura é vigorosamente agitada, conforme escalas padronizadas na Farmacopéia Homeopática Brasileira. Quanto mais diluída for a preparação, maior será a sua potência. A potência de cada medicamento rigorosamente escolhido varia de indivíduo para indivíduo e em cada situação de seu adoecimento, dependendo da avaliação do médico homeopata.


Nesta entrevista com o Dr. Helvo Slomp Junior, homeopata e psiquiatra, buscamos desvendar um pouco sobre o universo da homeopatia.


1.Quais as principais diferenças entre os medicamentos homeopáticos, alopáticos e fitoterápicos?


MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS: são de origem vegetal, mineral ou animal; são dinamizados (sofrem diluições e agitações ou sucussões sucessivas e padronizadas). São adquiridos em farmácias homeopáticas mediante receita.


MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS: são substâncias únicas sintéticas ou semissintéticas; e têm ação químico-farmacológica. São os medicamentos que comumente compramos nas drogarias.


MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS: cada fitoterápico é um conjunto de várias substâncias (fitocomplexo) extraído exclusivamente de plantas medicinais (se houver compostos sintéticos ou semissintéticos ativos associados, não é fitoterápico); e têm ação também químico-farmacológica (exceto nas fitoterapias tradicionais). Também são comprados em drogarias tradicionais, ou em projetos de plantas medicinais.



2.Quais são as doenças cuja abordagem pela homeopatia traz mais benefícios?


Em homeopatia, se diz que não se trata “a doença”, mas sim “a pessoa”, que naquele momento apresenta um certo padrão de adoecimento que, aliás, nunca é somente físico-orgânico ou psíquico, mas sempre uma combinação desses e de outros aspectos. Trata-se uma totalidade com uma abordagem individualizada. Cada um de nós vai ter sua própria faringo-amigdalite, por exemplo. Portanto, não faz sentido dizer que algumas condições se beneficiarão mais da homeopatia e outras não. Sempre temos uma afecção em nossa força vital que antecede sinais e sintomas patognomônicos (específicos de alguma doença). Temos observado que certas pessoas parecem responder mais facilmente à homeopatia, mas isso não foi detalhadamente estudado ainda.


Mas é evidente que várias condições clínicas, sejam elas doenças crônicas, situações graves de urgência-emergência ou casos cirúrgicos, dentre outras, precisam primeiro de um atendimento médico protocolar, independente de se associar à homeopatia ou não. Por outro lado, tive vários casos de doenças crônicas nos quais associei homeopatia e a evolução geral mudou bastante.



3.Como os medicamentos homeopáticos podem ser combinados com outros no tratamento das enfermidades?


Na minha prática clínica sempre combinei esses tratamentos, não vejo problemas. É verdade que alguns medicamentos alopáticos inibem um pouco a ação do homeopático, mas ainda assim há muitos benefícios, não tenho dúvidas. Além disso, ambas as categorias de medicamentos agem por mecanismos diferentes, não entram em conflito direto.



4.Existe alguma contraindicação ao tratamento homeopático?


Não seriam exatamente “contraindicações”, mas precauções. Um estímulo na força vital pelo medicamento homeopático produz ações em toda nossa saúde e, portanto, vários efeitos, alguns imprevisíveis em função da resposta individual, e por isso é importante um acompanhamento clínico permanente. Vemos agravações antes da melhora e pode até mesmo acontecer o deslocamento mórbido para uma outra forma de adoecimento. Há que se ter cautela na avaliação clínica, no diagnóstico medicamentoso homeopático e na escolha das potências (que é como se chamam as “doses” em homeopatia), um esquema que devem ser adequado a cada caso e a cada momento. É preciso saber fazer uma leitura criteriosa da evolução clínica global, tanto do ponto de vista convencional como do homeopático.


5.Por que você acha que existe uma resistência tão grande por parte da comunidade científica em relação ao uso da homeopatia?


Por vários motivos. Podemos começar com a menor quantidade de pesquisas envolvendo medicamentos homeopáticos (e não ausência, como se costuma dizer). É verdade que há menos pesquisas, porque elas têm um alto custo e, se não houver financiamento público, também não haverá financiamento privado, já que medicamentos homeopáticos não admitem patentes pois são preparados em farmácias de manipulação, e direcionados a cada caso.


Mas há também resistências relacionadas ao paradigma científico utilizado. Numa visão exclusivamente materialista e causalista (toda doença tem uma causa material diagnosticável e tratável), que é como somos formados, parece absurdo pensar que uma espécie de energia ou informação veiculada em arranjos de moléculas de água poderia ter efeitos tão significativos no organismo humano. É mais fácil dizer que é só água, e como matéria é mesmo. No entanto é uma “água” ativada de certo modo. Claro que, se pensarmos a partir de saberes como a física quântica, por exemplo, as coisas poderiam não ser tão absurdas assim, mas nós médicos e profissionais de saúde não somos físicos, não fazemos esse tipo de pesquisa. Há desafios importantes aqui, e há pesquisadores tentando enfrentar isso.


Existem também dificuldades para se entender o que é que se está tratando, dependendo do ponto de vista ser homeopático ou não. É comum alguém chegar ao consultório do homeopata querendo deixar de tomar os medicamentos sintéticos imediatamente. Se o homeopata explica que não é bem assim, que a homeopatia não oferece isso rapidamente, então se diz que ela não funciona ou é muito “lenta”! Ora, o que se está tratando é algo maior do que aquele CID-10 (classificação médica de doenças) que aparece ali, é algo que começou antes de existir aquele diagnóstico, às vezes somado a outros diagnósticos, tem relação com a história de vida. Então, se demorar alguns meses, por exemplo, na verdade não é “tratamento lento”, ao contrário, para vários anos de sofrimento geral o resultado até que pode ser considerado “rápido”. E em condições agudas podemos ver resultados até mais rápidos, a depender de vários fatores.



REFERÊNCIAS


1. Luz MT. A arte de curar versus a ciência da doença - história social da homeopatia no Brasil. São Paulo: Dynamis Editorial; 1996.

2. Fortes L. A institucionalização da homeopatia no Brasil e na Alemanha: uma análise sociológica dos conflitos e convergências entre seus agentes [Tese de Doutorado]. Brasília: Universidade de Brasília;

2000.

3 .EIZAYAGA, Francisco Xavier. Tratado de Medicina Homeopática. 3 ed., Buenos Aires: Ediciones Marecel, 1992, 399pp.

4 .HAEHL, Richard. Samuel Hahnemann sua vida e obra. Vol. 01. Editorial Homeopática Brasileira. Tradução de Tarcizio de Freitas Bazilio de 1922, de 1999.

5. HAHNEMANN, Samuel. Organon da Arte de Curar. Tradução da 6ª edição original de 1821 por Edimea Marturano Villela e Isao C. Soares. Ribeirão Preto: Museu de Homeopatia Abraão Brickmann, 1995.

6. KOSSAK-ROMANACH, Anna. Homeopatia em 1000 Conceitos. São Paulo: Ed. Elcid, 2003, 561p..

8. https://www.homeozulian.med.br/

 
 
 

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