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ENTREVISTA: CÂNCER DE PELE

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 20 de fev. de 2022
  • 4 min de leitura

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Mediada por: Cibele Loiola e Júlia Lourenço

Entrevistada: Dra Luciana Lourenço

● Dermatologista pela SBD

● Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP

● Sócia e membro do conselho deliberativo da SBCD

● Membro da American Academy of Dermatology e International Society for Dermatologic Surgery

● Especialização em Dermatologia no Hospital Heliópolis

● Especialização em Cosmiatria pela Faculdade de Medicina do ABC

● Participação em diversos congressos internacionais como participante e palestrante

● 20 anos de experiência clínica

● Idealizadora do evento BODY ON TOP

● Idealizadora do canal médico @ll.ensina


O câncer de pele é um problema que atinge uma porção considerável da população brasileira. Fatores como a exposição ao sol, o acúmulo de raios ultravioleta durante a vida e as condições socioeconômicas interferem diretamente na recorrência desse tipo de tumor. Tendo em vista a importância do assunto, o jornal “A Sístole” convidou a dermatologista Dra. Luciana Lourenço para entendermos melhor o tema.

➔ Qual o principal fator de risco para o câncer de pele?

“Sem dúvida alguma, o principal fator de risco para o câncer de pele é o Sol. Lógico, existem vários tipos de câncer de pele, sendo o mais comum no Brasil o carcinoma basocelular e, em relação a esse, o fator de exposição solar contínua é muito importante, pois não é somente o Sol que você toma hoje, mas a exposição aos raios Ultravioleta A (UVA) e Ultravioleta B (UVB) cumulativa ao longo dos anos. O UVB realmente acaba sendo um agente causador muito importante dessa neoplasia, porém hoje nós sabemos que o UVA pode ser também, além de que ambos podem causar câncer de pele de forma cumulativa. Então, todos os raios solares que você tomou desde a infância até a sua vida adulta influenciam no desenvolvimento do câncer.”


➔ Quais medidas diárias a população deve tomar para prevenir um futuro câncer de pele?

“Se as principais causas são as UVA e UVB, a medida maior de prevenção é o filtro solar. Logo, o protetor solar é responsável pela prevenção do câncer de pele. Então, é importante que toda a população o utilize de forma correta. É fundamental a educação da população, que ela saiba que o filtro solar é indispensável e que esse deve ser acima de FPS 30, já que a proteção deve ser maior que 30. Além disso, ele deve ser passado 30 minutos antes da exposição e reforçado a cada 3 horas de sol ou após um banho, já que o

contato com a água pode reduzir o filtro. É importante, ainda, que você use a quantidade correta de filtro solar. A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda a regra da colher de chá, que consiste na aplicação de uma colher de chá de filtro nas seguintes partes do corpo: uma para a região do rosto, do pescoço e da cabeça, uma para a parte de frente e uma para a parte de trás do tronco, uma para cada braço, uma colher para a parte da frente e outra para a parte de trás de cada perna. Então, tem que usar, espalhar e repassar o filtro solar acima de 30 da forma correta e com a quantidade adequada. Além disso, hoje nós dispomos de uma substância natural, conhecida como filtro solar oral, um Polypodium leucotomos capaz de trabalhar a dose eritematosa mínima, que é o tempo mínimo de exposição aos raios solares capaz de gerar lesões e inflamações na pele. Atualmente, o filtro solar oral está indicado para ser utilizado meia hora antes e tem durabilidade no corpo de 3 horas. Lembrando que o filtro solar oral não invalida o uso do filtro solar em creme. O ideal é utilizar os dois. Se o paciente for esportista, é interessante lembrar que o filtro precisa ter maior resistência à água. Outra coisa é a proteção de outras áreas que também merecem proteção, como lábios, cabelos, entre outros, garantindo uma proteção intensa e completa. Para isso, as pessoas podem apostar também no uso de: chapéus com abas largas, bonés, óculos solar e roupas especiais que possuam fator de defesa no tecido

➔ Há algum grupo mais suscetível a desenvolver câncer de pele, como os albinos, por exemplo? Quais cuidados devem ser tomados?

“Existe sim um grupo mais suscetível ao câncer de pele. Fitzpatrick classificou a pele em 6 tipos. Essa classificação se baseia em pele que, quando exposta ao sol, fica mais vermelha ou fica mais morena. Então, a pele do tipo 1 só fica vermelha, ela não se bronzeia. Já o tipo 6 é o tipo que não fica vermelho. Logo, a incidência de cor de pele influencia sim no câncer, sendo os tipos 1 e 2 os mais suscetíveis. Geralmente, quem tem esses tipos de pele são as pessoas de olhos claros, então costuma-se falar que os tipos de Fitzpatrick 1 e 2 e olhos claros são mais suscetíveis ao câncer de pele. Lógico que no Brasil existe uma miscigenação muito grande, então muitas vezes a pessoa tem um Fitzpatrick de 1 e 2 e não tem o olho claro. É muito relativa essa casuística, mas é importante saber que nos tipos de pele mais claras (tipos de Fitzpatrick 1 e 2) existe uma incidência maior de câncer de pele. Dessa forma, aqueles indivíduos que têm doenças em que se perde a proteção da melanina, como os albinos, por exemplo, têm uma incidência maior dessa neoplasia, já que há uma menor proteção da célula envolvida na defesa solar. Portanto, é importante dar destaque a esses grupos, assim como aos portadores de outras doenças genéticas que também podem propiciar o câncer.”

➔ Você acha que as barreiras socioeconômicas contribuem para uma exposição maior de determinadas populações?

“Sim, as condições socioeconômicas influenciam no câncer de pele, porque o filtro solar não é um produto barato e, para ser usado de forma adequada e em grandes quantidades, ele realmente sai caro. Nesse sentido, além da população

socioeconomicamente desfavorecida apresentar uma dificuldade financeira em comprar o filtro, ela também tem menos conhecimento sobre o assunto, ou seja, menos informação, e essa protege tanto quanto o filtro. Assim, a pessoa precisa saber que não deve se expor, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda, nos horários de pico, pois é importante evitar exposição ao sol das 10 às 15 horas, onde a incidência dos raios solares é mais direta e causa mais lesões às células. A maior parte da população não sabe disso, então eu falo que não é só o filtro solar que importa, mas a informação também. Portanto, todas essas informações têm relação com a parte socioeconômica, já que a educação no Brasil ainda é restrita a alguns grupos.”

 
 
 

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