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ENTREVISTA: COMO APROVEITAR OPORTUNIDADES DE INTERCÂMBIO NO EXTERIOR

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 30 de mai. de 2021
  • 5 min de leitura


Entrevistadoras: Rachel Boechat e Stella Benjamin.

Entrevistado: David Richer


Nossa entrevista de hoje é com o David, estudante do 12º período de Medicina da UFRJ-Macaé, que está atualmente fazendo um intercâmbio em Miami, nos EUA, e um curso de pós-graduação em Harvard.


1. Fale um pouco sobre as oportunidades que você tem tido no exterior.

RESPOSTA:

Estou fazendo um intercâmbio de 3 meses na Florida International University (FIU), em Miami, nos EUA. Já completei 1 mês de clínica médica e 1 mês de neurologia, e estou finalizando agora a rodada de psiquiatria. Fazer esse intercâmbio era algo que eu sonhava desde a metade do curso de Medicina. Vinha me planejando bastante quanto à aplicação, pois essa modalidade de estágio, que é chamada de clerkship, só pode ser feita ainda como estudante. No entanto, por causa da pandemia, muitas universidades aqui nos EUA fecharam, então precisei atrasar minha formatura para conseguir ter a experiência incrível que estou tendo hoje.

Além disso, estou fazendo um curso de pós-graduação em pesquisa clínica em Harvard, que está acontecendo no formato online, também por causa da pandemia. As aulas começaram em março e vão até outubro. O curso tem sido ótimo para consolidar e aprofundar meu conhecimento em pesquisa. Toda semana temos diversas atividades, desde fazer ao menos 5 posts na plataforma, ler cerca de 10 a 15 artigos para referenciar meus comentários, e entregar o que é chamado de assignment, que é a tarefa da semana, sem falar das aulas e monitorias. Tem sido bastante desafiador, mas também tem sido uma experiência incrível.


2. Como foi o processo de pesquisa dos processos seletivos? Quais foram as plataformas que você mais utilizou?

RESPOSTA:

Para o intercâmbio, encontrei muita informação num grupo do Facebook, chamado USMLE Brazil, para interessados em fazer residência nos EUA. Há muitos relatos de estudantes e médicos, que fizeram intercâmbios, prestaram as provas e gostariam de ajudar outras pessoas a terem as mesmas oportunidades. Eu também tive que pesquisar sobre os pré-requisitos da aplicação nos sites das universidades, em que eu fazia a pesquisa digitando o nome da universidade no Google com a palavra clerkship ou international visiting medical student. Mandei muitos e-mails para a coordenação do intercâmbio na FIU, e eles sempre foram muito solícitos em me responderem. Para o curso da pós-graduação em Harvard, o processo foi basicamente o mesmo. Outra plataforma muito boa para vivências no exterior é o site e página do Facebook “Partiu intercâmbio”. Vejo várias oportunidades sendo divulgadas por lá.


3. Quais foram os principais passos que você percorreu durante a graduação que foram fundamentais para sua aprovação?

RESPOSTA:

Eu fiz até uma publicação no meu Facebook e no meu Instagram falando sobre isso, porque recebi muitas mensagens perguntando como foi o processo para eu ser aprovado. O que considero que mais foi importante para eu ser aprovado, tanto no intercâmbio na FIU como no curso da pós-graduação de Harvard, foi participar de iniciação científica (IC). Durante 8 semestres, eu fiz IC com a professora Lilian Bahia-Oliveira e o professor Joelson Rodrigues. Durante minha trajetória na pesquisa, tive a oportunidade de interagir com outros grupos aqui no Brasil, como no Instituto de Psiquiatria (IPUB) e na FIOCRUZ (do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte), além de professores e alunos da Universidade da Califórnia, em Davis, nos EUA. Todas essas vivências foram essenciais para acreditar que eu seria capaz de estudar em uma universidade no exterior. Dessa forma, gostaria de aproveitar para ressaltar que deveríamos ter mais laboratórios de pesquisa no campus de Macaé, principalmente laboratórios para trabalhar com material biológico de seres humanos, porque precisei estagiar em laboratórios em outros lugares. Gostaria muito que outros estudantes tivessem a mesma experiência de pesquisa que eu tive.


4. Quais foram as principais dificuldades na admissão?

RESPOSTA:

A principal dificuldade na admissão foi a questão da pandemia. A única universidade para qual pude me aplicar foi a FIU, e não acreditei quando fui aprovado. Todas as outras universidades estavam fechadas e eu achava que eu não ia conseguir fazer o intercâmbio ainda como estudante. Para o intercâmbio e para o curso em Harvard, o processo de aplicação foi bem holístico. Eles avaliam seu currículo, personal statements, que são cartas de intenção, histórico da faculdade, nível de inglês baseado na prova do TOEFL, cartas de recomendação e entrevistas. Eles também pedem sorologias de vacinas, seguro-saúde e mais uma série de documentos. Foi bem trabalhoso! Acredito que alguns fatores foram muito determinantes para eu ser aprovado, como meu currículo (IC, monitorias, projetos de extensão, presidente de ligas acadêmicas, coordenador geral de Centro Acadêmico (CA), voluntariado, além de outras atividades), minha nota no TOEFL de 116 de 120 e minhas cartas de recomendação. Agradeço muito aos professores Alice Abi-Kair, Carlos Alexandre Goulart, Laila Ertler, Lilian Bahia-Oliveira, Joelson Rodrigues e Priscila Mazucanti, que escreveram minhas cartas de recomendação. Também gostaria de agradecer ao secretário do curso de Medicina na época, Diego Andrade, que me ajudou muito com a parte da burocracia dos documentos. Todos eles foram muito importantes e contribuíram bastante para minha aprovação nos processos seletivos.


5. Quais dicas você daria para quem quer fazer intercâmbio ou ter outras oportunidades de vivência no exterior?

RESPOSTA:

Eu diria para ficar atento a essas oportunidades em grupos e páginas do Facebook e Instagram, e entrar em contato com o CA. Muitos estudantes não sabem, mas existe a Coordenação Local de Estágios e Vivências (CLEV) dentro do CA, que cuida dessa parte de intercâmbios. A International Federation of Medical Students’ Associations (IFMSA) é excelente para se ter uma vivência no exterior de forma mais barata, porque você fica hospedado na casa de outro estudante de Medicina. Só não fiz o meu pela CLEV porque eles geralmente não têm estágios para os EUA. Mas tem uma lista bem rica de intercâmbios em outros países. Além disso, a UFRJ tem um setor de estágios e intercâmbios que pode ajudar muito nessa busca de oportunidades no exterior.

Fora isso, eu recomendaria participar de atividades extracurriculares ao longo da graduação. A universidade é muito mais do que ter aulas formais e prestar as provas. Como disse acima, você pode participar de monitorias, iniciações científicas, projetos de extensão, ligas acadêmicas, CA, representações de turma e de colegiado, coletivos, atlética, voluntariado e por aí vai. Eu pude ter a chance de vivenciar um pouco de cada experiência dessa, e considero que elas foram não só importantes para eu ser aprovado nos processos seletivos, como também complementaram muito minha trajetória no curso de Medicina. Me formo agora no final de maio e sinto que minha formação não poderia ter sido melhor. Contudo, acho importante ressaltar que tudo tem seu tempo para ser feito. Não adianta fazer tudo na mesma hora, nem fazer aquilo que você não gosta. O mais importante é cuidar da sua saúde mental. Tendo isso como prioridade, acho que as atividades extracurriculares são ótimas para se ter um currículo diferenciado e se formar com uma visão mais ampliada do que é uma universidade pública.


Para finalizar, gostaria de agradecer o convite de poder falar um pouco das minhas experiências no exterior e incentivar outros estudantes a terem as mesmas oportunidades. E gostaria de dizer que fico muito feliz com o sucesso do jornal. O jornal “A Sístole” foi criado na época em que fui coordenador geral do CA. É muito bom saber que o projeto continua e ainda que se expandiu para o Instagram. Por isso, gostaria de desejar meus parabéns a toda equipe do jornal! Vocês têm feito um trabalho maravilhoso!

 
 
 

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