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ENTREVISTA COM A MÉDICA MASTOLOGISTA DRA KARINA SCHUELER

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 18 de out. de 2020
  • 4 min de leitura


Mediada por Francília Garcia Paes Barreto e Raquel Coelho


1- O mês de outubro tem sido dedicado à prevenção do câncer de mama. Qual a importância, do ponto de vista da prevenção, da existência de uma data dedicada ao assunto? Acha que esse tema é abordado da forma correta?

O outubro rosa é uma campanha mundial de alerta para prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Acho válido ter um mês dedicado a esta causa, no qual se intensifica a divulgação sobre a importância do autoexame, da realização da mamografia a partir dos 40 anos e dos sinais e sintomas que podem estar relacionados ao câncer de mama. Porém, devemos lembrar-nos dos cuidados com a mama ao longo de todo o ano e não apenas no mês de outubro.

Na minha opinião, esta campanha deveria focar também em informações a respeito da prevenção primária, ou seja, em orientações sobre os hábitos de vida que podem ajudar a evitar que a doença se instale, e não apenas na prevenção secundária por meio do diagnóstico proporcionado pelos exames.

2- Como é o perfil epidemiológico do câncer de mama no Brasil? É comparável a outros países? Sobre prevenção e tratamento, nossa atenção primária e secundária é capaz de suprir a demanda?

O câncer de mama é a neoplasia maligna que mais acomete mulheres no mundo e no Brasil. De acordo com as últimas estatísticas mundiais do Globocan 2018, foram estimados 2,1 milhões de novos casos de câncer de mama. No Brasil, as estimativas do INCA para o ano de 2020 é de 66.280 casos novos. O câncer de mama também acomete homens, porém sua incidência é rara, correspondendo a apenas 1% dos cânceres de mama.

Segundo dados do Sistema de Informação do SUS, tem ocorrido um aumento contínuo, desde 2012, de mamografias de rastreamento para faixa etária recomendada de 50 e 69 anos (aumento de 19% entre 2012 e 2017), porém a cobertura ainda é insuficiente e difere entre as regiões do país.

3- Quando os pacientes precisam iniciar os exames preventivos? Existe uma forma fácil de saber quais exames são os indicados pelo perfil e pela idade do paciente? Pacientes idosos também precisam continuar a fazer os exames?

De acordo com o Ministério da Saúde, o rastreamento com a mamografia deve ser realizado nas mulheres entre 50 e 69 anos de idade de dois em dois anos.

Pela Sociedade Brasileira de Mastologia, Colégio Brasileiro de Radiologia e Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, é recomendado o rastreamento anual a partir dos 40 anos de idade até os 75 anos.

Pacientes com história familiar devem iniciar o rastreamento a partir dos 35 anos de idade. Pacientes jovens e com mamas densas devem complementar a mamografia com exame de ultrassonografia das mamas.

4- O estilo de vida interfere nas chances de desenvolvimento do câncer de mama? Quais atitudes devemos ter para evitar um desfecho negativo?


Sim. O estilo de vida e os fatores ambientais podem influenciar no desenvolvimento do câncer de mama. A obesidade e o sobrepeso, em especial na pós menopausa, a ingesta de álcool, o sedentarismo, o estresse e a exposição excessiva à radiação ionizante podem favorecer o desenvolvimento do câncer de mama.


5- O autoexame é muito divulgado no Outubro Rosa. É um exame válido? Realmente é confiável para um rastreio?

O autoexame é importante para que a mulher conheça a sua mama e possa procurar ajuda quando perceber que algo está errado. Porém, ele não deve substituir os exames de mamografia e ultrassonografia das mamas. A detecção precoce do tumor é muito importante, então, o ideal é que as lesões sejam identificadas antes mesmo de se tornarem palpáveis.

6- A mamografia de rastreio é um exame que depende do examinador? É possível que dê resultados diferentes a depender disso? Já existe algum outro exame ou recomendação que seja tão válida quanto a mamografia para o rastreio de câncer de mama?


A mamografia deve ser realizada de forma correta por um técnico especializado e o laudo deve ser dado por um médico especialista. O aparelho deve estar devidamente calibrado e com a manutenção em dia. O posicionamento correto da mama no aparelho e a compressão da mama são essenciais para um exame de boa qualidade. A mamografia continua sendo o principal exame para o rastreamento do câncer de mama. Em alguns casos, deve-se associar a ultrassonografia de mamas e, em casos especiais, pode ser necessária a realização da ressonância magnética.


7- Torna-se necessário algum cuidado ou atenção especial com pacientes que não possuem mães ou irmãs com histórico de CA de mama, mas que possuem outros parentes com a doença?


O câncer de mama hereditário corresponde a 5-10% dos casos de câncer de mama. Está relacionado a mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2.O risco é maior para pacientes que possuem parentes de primeiro grau com a doença, mulheres com vários casos de câncer de mama na família, casos de câncer de ovário ou de homens com câncer de mama, em especial abaixo dos 50 anos de idade.

8- Por fim, que conselhos e orientações a doutora daria aos nossos leitores?


A detecção precoce do câncer de mama aumenta em 95% as chances de cura. Portanto, mantenham seus exames em dia. Conhecer a sua mama é importante para que qualquer sinal de anormalidade seja notado e é necessário que o médico seja logo procurado. Mas, tão importante quanto à realização dos exames é cuidar da sua saúde como um todo. Busque um estilo de vida saudável, cuide da sua alimentação com dieta rica em alimentos naturais, evite alimentos industrializados gordurosos e ricos em açúcar e evite o excesso de álcool. Pratique atividade física regularmente, durma bem e reduza o estresse. Essas são as medidas que podem te ajudar a evitar o câncer de mama!



A equipe "A Sístole" agradece à doutora Karina pela disponibilidade e confiança em nosso trabalho.

 
 
 

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