Enchentes: com o que devo me preocupar?
- Jornal A Sístole
- 3 de fev. de 2022
- 4 min de leitura

Por: Stella e Leandro
Em 7 de dezembro de 2021, chuvas torrenciais atingiram o sul da Bahia e o norte de Minas Gerais, provocando deslizamentos de terra, enchentes e levando os governos estaduais a declararem estado de emergência em mais de 350 municípios. Os temporais prosseguiram em 2022, afetando outros estados - como Ceará, Tocantins, Maranhão e Goiás - e resultando em pelo menos 31 mortos e 518 feridos, além de 94 mil pessoas e 530 famílias desalojadas ou desabrigadas.
Apesar da impressionante escala das catástrofes advindas dessas chuvas, potencializadas por fenômenos meteorológicos como o aquecimento global, as enchentes e inundações são fenômenos naturais e recorrentes dos rios. No Brasil, elas ocorrem no período chuvoso entre outubro e março, quando o volume de água nos rios aumenta, subindo o seu nível e preenchendo áreas ao redor, que, idealmente, deveriam se manter livres da ação antrópica. Entretanto, a urbanização desordenada levou à ocupação dessas áreas, sobretudo pela população de baixa renda, expondo pessoas já vulneráveis socioeconomicamente a um risco material e biológico.
Aprender sobre os riscos ligados às enchentes e como evitar ou reduzir seus danos é uma importante forma de impedir futuras catástrofes naturais. Cumprindo com seu papel educador e informativo, o Jornal A Sístole traz uma série de orientações para o leitor sobre o que fazer em casos de inundações e enchentes e como evitá-las.
Quais são os riscos biológicos ligados às enchentes?
Inúmeras doenças têm como seu veículo de transmissão a água. Patologias como cólera, diarreia, hepatite A, giardíase, amebíase, verminoses, leptospirose e febre tifoide são alguns dos exemplos.
Como agir durante uma enchente?
• Fique sempre atento às notícias: alertas meteorológicos são emitidos dias ou horas antes dos fenômenos naturais ocorrerem, dando um tempo precioso aos afetados para se planejarem contra as intempéries.
• Em caso de qualquer sinal de inundação, procure um lugar alto para se abrigar.
• Evite córregos, rios, canais, ruas inclinadas, fundos de vales e valões: tais locais são facilmente inundáveis e não são seguros nestes cenários.
• Se estiver em casa, armazene água potável, alimentos prontos e roupas secas e vá para um andar superior ou lugar alto. Não coloque sua vida em risco por bens não essenciais!
• Desligue a energia elétrica e feche os registros de água: correntes de eletricidade podem ser conduzidas pela água e causar choques elétricos, já a água encanada pode ser contaminada pelas enchentes e deve ser preservada.
• Não ande, nem dirija em áreas inundadas: 10 centímetros de profundidade são suficientes para fazer uma pessoa ser levada pela correnteza ou danificar um carro, enquanto que50 centímetros (altura dos joelhos) já podem flutuar um veículo e um metro (altura da barriga) pode carregar uma caminhonete.
• Se for realmente necessário andar na água, use uma haste rígida (vara, cabo de vassoura, bengala, etc.) para verificar se o solo é firme e raso.
• Tome cuidado com fios elétricos e produtos químicos misturados na água que podem causar danos à sua saúde.
• Siga as orientações das autoridades locais, como a defesa civil: volte para sua residência apenas quando elas determinarem que é seguro.
De acordo com o documento publicado pelo Ministério da Saúde sobre enchentes, os devidos cuidados devem ser tomados:
Cuidados com a água e com a lama
Em situações de emergência (como enchentes e calamidades públicas), algumas doenças podem se propagar facilmente em decorrência da contaminação da água e dos alimentos, como diarreia, cólera, febre tifoide, hepatite A, giardíase, amebíase, verminoses e leptospirose.
Portanto, não consuma alimentos que tenham tido contato com a água da inundação ou lama, incluindo alimentos embalados, enlatados ou perecíveis (como frutas, legumes e verduras). Se possível, filtre e ferva a água antes de beber, apenas consumindo aquela que é indicada pelas autoridades e não use água sanitária para consumo humano ou animal.
Cuidados com os alimentos
Durante e após uma situação de emergência, é possível que os alimentos não estejam em condições adequadas para serem consumidos. Nesse momento, é importante observar e tomar alguns cuidados para garantir a sua qualidade.
O cuidado na higienização, preparação e armazenamento dos alimentos é um procedimento de extrema importância, pois mantimentos manipulados e armazenados de forma inadequada podem transmitir doenças.
Cuidados com a Leptospirose
A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria presente na urina de roedores, como ratos, ratazanas e camundongos, e que normalmente se espalha pela água suja de enchentes, lama e esgoto. A urina de outros animais contaminados pela bactéria, como bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães também pode transmitir a doença. Se apresentar sintomas de febre, dor de cabeça, dores musculares, vômito, diarreia e tosse procure um serviço de saúde.
Cuidados com riscos de tétano
O tétano é uma doença grave causada por uma bactéria que pode estar presente em objetos de metal (mesmo que não esteja enferrujado), de madeira, de vidro ou até no solo, como em galhos, espinhos, pedaços de móveis etc.
A pessoa pode adoecer ao sofrer lesões (ferimentos, cortes, perfurações) por objetos contaminados pela bactéria. Em situações de emergência, o contato com entulhos e destroços pode ocasionar essas lesões e, consequentemente, o adoecimento por tétano acidental.
Cuidados com animais peçonhentos
Locais com enchentes e ambientes com entulhos e destroços aumentam o risco de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras. Em situações como essas, os animais costumam se abrigar em locais secos, como o interior das residências ou em locais de acúmulo de entulhos.
Caso encontre algum desses animais, entre em contato com a autoridade competente (bombeiros, polícia ambiental ou Unidade de Vigilância de Zoonoses, por exemplo). Além disso, evite tocar nesses animais, mesmo que pareçam estar mortos.
Saúde mental
Um evento traumático, seja individual ou coletivo, pode causar grave sofrimento para as pessoas, afetando de forma significativa a qualidade de vida. Em alguns casos, a desordem verificada tende a persistir, podendo evoluir para um quadro de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e gerando consequências danosas, incluindo o desenvolvimento de outras psicopatologias imediatas ou a longo prazo. Identificar os sinais e procurar ajuda profissional são fundamentais para a prevenção e tratamento destes quadros.

Comments