ELUCIDANDO TERMOS: Mitos e verdades sobre variantes do SARS-CoV-2 e vacinação
- Jornal A Sístole
- 6 de abr. de 2021
- 3 min de leitura

Por Nathalia Cardozo
Chegando à marca de um ano de pandemia de COVID-19, dúvidas sobre as características virais e a capacidade de mutações e transmissibilidade ainda permeiam a comunidade científica. Aliado à esperança que a vacinação traz à população, está o medo diante do surgimento das variantes do SARS-CoV-2 e o que isso implica na eficácia das vacinas. Desmistificar as ideias errôneas sobre esses conceitos, a partir do conhecimento que já está disseminado, é o melhor caminho para a compreensão e para o combate da nova fase pandêmica.
● O termo “variante” significa nova linhagem ou cepa.
o Mito. Variantes, linhagens e cepas são termos que designam coisas diferentes. A variante é o resultado de uma mutação, a qual pode ou não conferir vantagem ao vírus – ou seja, o surgimento de uma variante não significa necessariamente que esta será mais transmissível ou mais letal do que outra. Quando um conjunto de variantes estabelece uma vantagem evolutiva para o vírus e passa a infectar a maior parte de pessoas, pode-se considerar uma nova linhagem, que substituirá a antiga. Por fim, a cepa se comporta diferente do vírus original de uma linhagem, colecionando pequenas mutações que não alteram o sequenciamento que determina tal linhagem.
● As variantes têm maior capacidade de transmissão e provocam infecções mais graves.
o As variantes ainda estão sendo analisadas nos laboratórios de todo o mundo e, até o momento, apesar de fortes suspeitas, não se pode confirmar que as mutações permitem maior transmissibilidade ou letalidade. A variante B117, a primeira encontrada no Reino Unido, está associada a maiores chances de contaminação. Essa premissa, no entanto, é questionada por pesquisadores: a variante é realmente mais transmissível ou as taxas estão relacionadas a uma maior negligência da população, a partir de aglomerações e ausência do uso de máscaras? Para chegar a esta e outras conclusões, faz-se necessária a denominada vigilância genômica, em que os infectados são testados e seus resultados intensamente analisados em laboratório, a fim de detectar as novas características. Por estudos observacionais, entretanto, já pode-se dizer que as variantes têm um perfil de infecção nos mais jovens, diferente do que ocorria no início da pandemia.
● A vacina impede a infecção por todas as variantes do coronavírus.
o O Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) afirmou que as novas variantes poderiam escapar da imunização induzida pelas vacinas disponíveis. Atualmente, no Brasil, os dados sobre as novas variantes que surgiram em Manaus (variante p.1) e no Rio de Janeiro (variante p.2) não respondem essa pergunta. No entanto, sabe-se que uma boa cobertura vacinal, mesmo com neutralização parcial, é fundamental para o combate às novas variantes e, é claro, para a imunização contra o vírus original, já comprovada. A diminuição da circulação viral é a chave para amenizar o impacto do surgimento de novas variantes.
● Haverá necessidade de nova vacinação contra o SARS-CoV-2, mesmo após as duas doses.
o Verdade. Pesquisadores estimam que não haverá necessidade anual de vacinação, como ocorre com a vacinação da gripe, pois a capacidade de mutação do novo Coronavírus não é tão grande como a do vírus Influenza, por exemplo. Porém, uma vez que já há espaço para que o vírus sofra mutações, provavelmente, novas vacinas terão de ser desenvolvidas e administradas à população futuramente.
Referências
“Variantes do Coronavírus: o que são e quais as diferenças entre elas”, acessado em https://www.nsctotal.com.br/noticias/variantes-do-coronavirus-o-que-sao-e-quais-as-diferencas-entre-elas.
“Fiocruz detecta mutação associada a variantes de preocupação do Sars-Cov-2 em diversos estados do país”, acessado em https://portal.fiocruz.br/documento/fiocruz-detecta-mutacao-associada-variantes-de-preocupacao-do-sars-cov-2-em-diversos.
“Nova variante do coronavírus é encontrada por pesquisadores no Brasil”, acessado em https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/03/nova-variante-do-coronavirus-e-encontrada-por-pesquisadores-no-brasil.shtml.
Entrevista com Dr. Fernando Spilki, pesquisador da RedeVírus – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, em 4 de fevereiro de 2021, transmitida no YouTube, “SARS-CoV-2 e suas variantes”, no canal do Laboratório de Imunoparasitologia e da UFRJ Macaé.
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