DESAFIOS DO INTERNATO MÉDICO DURANTE A PANDEMIA DE SARS-CoV-2
- Jornal A Sístole
- 29 de ago. de 2021
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Uma entrevista com os Professores Cláudio Luiz Lourenço de Souza e Carlos Alexandre Goulart.
O Dr. Cláudio Luiz Lourenço de Souza é médico cirurgião geral e endoscopista, professor da disciplina de Saúde do Adulto IV (M8) e preceptor da rodada de Cirurgia Geral. Atualmente, ocupa o cargo de coordenador do internato médico da UFRJ-Macaé.
O Dr. Carlos Alexandre Goulart é médico ginecologista/obstetra, professor da disciplina de Saúde da Mulher (M7) e preceptor da rodada de Saúde da Mulher. Atualmente, ocupa o cargo de vice-coordenador do internato médico da UFRJ-Macaé.
Eles foram convidados a responder nossas perguntas sobre os desafios acerca do funcionamento do internato durante o nosso atual estado de pandemia e os planos para o futuro.
1. Quais estão sendo os principais desafios do internato médico durante a pandemia, se compararmos ao funcionamento pré-pandemia?
Carlos A.: “O principal foco é tentar manter o funcionamento dos campos de prática o mais próximo possível da normalidade, com adequação dos espaços físicos utilizados para reduzir o risco de contaminação por COVID nos pacientes, preceptores e alunos.
Outro desafio é manter a qualidade do aprendizado mesmo com as limitações que acontecem nos campos de prática em razão do menor aporte de pacientes, menor variedade de casos e redução da capacidade desses campos de prática em receber um número adequado de alunos”.
Cláudio L.: “a) Adequar e enquadrar os internos nos campos de prática ativos na rede de ensino a qual temos acesso.
b) Redução do número de preceptores das Instituições nos campos de prática tanto pelas questões de riscos pessoais, como pelas estratégias e ações implementadas pela gestão pública.
c) Redução dos leitos hospitalares para casos não COVID e diminuição da clientela com outras morbidades.”
2. Há algum benefício do funcionamento do internato durante a pandemia se comparado ao funcionamento prévio?
Carlos A.: “O benefício é não deixar o curso de Medicina paralisado indefinidamente, comprometendo o aprendizado dos discentes, e, consequentemente, estando o aluno presente no campo é possível manter a qualidade dos atendimentos prestados à população, já que a presença do aluno estimula o preceptor a fazer o serviço dentro dos protocolos preconizados”.
Cláudio L.: “Não dá para comparar os dois momentos. O benefício dá-se na redução da postergação do período de conclusão da graduação, além de minimizar a perda da formação profissional, pois reduz o hiato da falta de contato com as situações e vivências médicas práticas do dia a dia, que é o preceito básico do internato rotatório”.
3. Quais são as perspectivas para o internato retornar ao seu funcionamento usual?
Carlos A.: “Esse retorno depende da velocidade de vacinação da população como um todo, permitindo uma ampliação dos contatos interpessoais, tornando possível a volta da capacidade plena dos campos de prática”.
Cláudio L.: “Não dá para falar com precisão de tempo, porém, com o avanço das imunizações e diminuição dos casos, têm-se esperança de período propício não muito distante, porém será certamente paulatino”.
4. Em quais aspectos o estudante de Medicina da UFRJ Macaé está se saindo bem e em quais pontos deve melhorar?
Carlos A.: “Todos os internos que estão atuando no momento têm apresentado um grande comprometimento em ajudar na prevenção da disseminação da COVID, com o uso dos EPIs corretamente e busca pela própria vacinação, bem como tem ajudado muito com orientações à população sobre a importância da vacinação, dos EPIs e do distanciamento social.
O ponto a melhorar se refere a alguns poucos alunos, e esse ponto é entender e aceitar as limitações ainda presentes nos campos de prática, e ajudar a construir melhorias ao Internato, trazendo sugestões sempre com polidez e respeito aos preceptores, professores e coordenadores”.
Cláudio L.: “Na perseverança e na determinação para que dias mais promissores venham a se perpetuar.
Aspectos que devem ser melhorados independentemente da pandemia são: foco nos objetivos, busca e aprimoração do conhecimento, relação de empatia com os demais para construção e crescimento em conjunto, etc...”
5. Há previsões de novos campos práticos após a pandemia? Em quais rodadas?
Carlos A.: “O Internato é um período do curso de Medicina em constante evolução, sendo tentado a todo momento a criação de novos campos de prática. Mas os campos de prática devem ser próprios a um ensino de qualidade, com espaço físico adequado e, indubitavelmente, com supervisão constante por preceptores ou professores qualificados para tal atividade. Não basta ter um novo lugar, tem que ser um lugar adequado para ensinar. Essa busca por campos novos acontece em todas as rodadas, e conseguimos há pouco tempo parcerias com o Hospital Unimed Costa do Sol e com a Clínica São Lucas”.
Cláudio L.: “Sim. Convênios estão sendo ratificados, renovados e novos evoluindo nas conversações tanto com instituições públicas, como em particulares, nas cinco áreas pertinentes ao internato rotatório”.
Agradecemos aos professores Cláudio Luiz e Carlos Alexandre pela disponibilidade!
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