top of page

Depressão na adolescência

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 19 de mai. de 2022
  • 3 min de leitura



Autoras: Thalita Sodré e Isadora Santana


A adolescência, compreendida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como a faixa etária entre 12 e 18 anos, é uma fase de transição constituída por diversas mudanças importantes, que fazem parte da construção da nossa identidade e personalidade. Assim, esse período pode ser um tanto turbulento, recheado de variações de humor e de crises emocionais. Porém, é preciso estar atento para a percepção de um sofrimento intrínseco relacionado a essa nova fase da vida, e para a diferenciação entre este e aquele causado por um quadro de depressão.


Diversos estudos destacam os transtornos depressivos como um problema cada vez mais presente na adolescência. A prevalência de quadros depressivos nessa faixa etária varia de 3,3 a 12,4%, com predomínio do sexo feminino. Ademais, o transtorno é considerado um importante fator de risco prevenível e remediável para o suicídio, o qual representa a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.


Quais os principais fatores de risco para o desenvolvimento de depressão na adolescência?

● Sexo feminino

● História familiar de depressão

● Traumas

● Doenças crônicas

● Conflitos familiares

● Minorias sexuais e de gênero


Como identificar a depressão no adolescente?

Segundo o DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5° edição), o Transtorno Depressivo Maior é definido como humor deprimido e perda de interesse e prazer por, pelo menos, 2 semanas, acompanhado de mais quatro dos seguintes sintomas:


● alteração do sono (como insônia, ou hipersonia - aumento do sono)

● alteração no apetite e/ou de peso (aumento ou diminuição da fome e/ou do peso)

● diminuição da concentração ou da indecisão

● fadiga ou baixa energia

● lentificação ou agitação psicomotora

● sentimento de culpa e de inutilidade

● pensamentos de morte recorrentes e ideação suicida


No caso dos adolescentes, a irritabilidade também é considerada um sintoma de depressão, podendo estar, muitas vezes, associada a quadros de ansiedade. Além disso, algumas formas de apresentação do transtorno são mais comuns na população jovem. Por exemplo, mudanças no apetite, no peso e no padrão de sono ocorrem mais frequentemente nos adolescentes, enquanto a anedonia (perda de interesse) e a falha de concentração são mais frequentes nos adultos com depressão.


Como é conduzido o tratamento?

Como a depressão é uma doença multifatorial, é importante que o seu tratamento abranja diversos aspectos da vida do adolescente. Dessa forma, são recomendados:


- Educação do paciente e da família:

É de suma importância que o adolescente e seus familiares entendam não apenas sobre os sintomas, o curso, o prognóstico e o tratamento da depressão, mas principalmente que ela se trata de um transtorno tratável e passível de recorrência (sobretudo naqueles pacientes que não completam o plano terapêutico).


- Higiene mental:

A prática de atividades físicas, a manutenção de uma alimentação saudável e regular e a construção de uma rotina diária também são bases importantes para o tratamento e para a prevenção de recorrências do transtorno depressivo.


- Psicoterapia:

As abordagens terapêuticas mais recomendadas são a terapia cognitivo comportamental (TCC) e a psicoterapia interpessoal (TIP). A TCC possui um foco maior no efeito ativo que os pensamentos, sentimentos e comportamentos exercem na manutenção ou na regressão da depressão. Este trabalho tem um papel bem efetivo, principalmente porque os adolescentes, geralmente, possuem maior dificuldade em identificar pensamentos negativos e reformulá-los. A TIP, por sua vez, aborda a relação da depressão com as interações interpessoais do indivíduo. Também está relacionada com a diminuição dos sintomas depressivos e com o desenvolvimento da comunicação, da habilidade de resolução de problemas e do reconhecimento das próprias emoções.


- Farmacoterapia

O tratamento farmacológico é prescrito pelo médico.Normalmente, são indicados os inibidores seletivos da recaptação de serotonina como primeira escolha. É importante salientar que o efeito máximo dos medicamentos demora em torno de 6 a 8 semanas para ser atingido e que não deve ser feita descontinuação do uso sem recomendação médica.

Por fim, a depressão é um transtorno que gera muito sofrimento e que pode produzir diversos danos no desenvolvimento do adolescente, sendo uma questão de saúde pública. Por isso, o reconhecimento e a busca por ajuda profissional de forma precoce é de suma importância.



REFERÊNCIAS:

Sucídio- OPAS/ OMS: https://www.paho.org/pt/topicos/suicidio

Leslie Miller, M.D., John V. Campo, M.D. Depression in Adolescents. N Engl J Med 2021; 385:445-449 DOI: 10.1056/NEJMra2033475

Silva EF, Teixeira RCP, Hallberg SCM. Prevalência de depressão na adolescência: uma consulta a prontuários de uma clínica-escola em Porto Alegre. Rev. bras. psicoter. 2018;20(3):17-29

 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post

Formulário de inscrição

Obrigado(a)

©2020 por Jornal A Sístole. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page