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Câncer é uma sentença de morte?: Motivos para acreditar na superação da doença

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 6 de nov. de 2021
  • 4 min de leitura

por Isadora Santana e Leandro dos Santos


Poucas doenças são tão estigmatizadas quanto o câncer. Esse termo, que nomeia um grupo de mais de 100 doenças que acometem o ser humano, da infância à terceira idade, provoca reações negativas em muitos apenas pela sua menção. Uma pesquisa de opinião, feita entre 2007 e 2008 pelo National Câncer Institute (EUA), indicou que 61% dos americanos participantes associavam “câncer” à “morte”. Também em 2007, um estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA)contendo partícipes de sete capitais brasileiras indicou tendência similar: 50% das respostas de Goiânia definiam o câncer como “doença sem cura” e “morte”, e 53,3% dos entrevistados em Porto Alegre citaram emoções negativas, tais como sofrimento e desespero.

Tal perspectiva gera uma reflexão: será que, realmente, o diagnóstico de câncer é uma sentença de morte? É inegável que as neoplasias malignas (sinônimo de câncer) são umas das principais causas de morte e que sua incidência vem aumentando anualmente por todo o mundo. Entretanto, faz-se necessário explicitar que nem todo câncer leva a óbito e que, na atualidade, há mais motivos para acreditar na prevenção, no tratamento e na recuperação do câncer do que no passado.

Para combater o estigma da doença e propagar conhecimento acerca do tema, o Jornal A Sístole apresenta 4 motivos para acreditar que o câncer pode ser superado - seja do ponto de vista de quem recebeu o diagnóstico, seja da sociedade contra um dos maiores problemas de saúde pública do século XXI.


1. Existe rastreio efetivo para vários dos cânceres mais prevalentes:

A realização de exames de rastreio em populações específicas, quando aplicados segundo critérios adequados, se torna uma ferramenta crucial na redução do número de óbitos pelas neoplasias malignas, pois são capazes de identificar e guiar o tratamento já em estágios iniciais da doença – nos quais o prognóstico é mais favorável.

Não são em todos os cânceres que essa medida é vantajosa, mas, felizmente, a maioria das neoplasiasmalignas mais prevalentes na população possui rastreio cientificamente comprovado como efetivo. Segundo o INCA, 4 dos 6 cânceres que serão mais incidentes no triênio 2020-2022 são rastreáveis (mama, próstata, colorretal e pulmão), o que reforça a importância de se realizar o rastreamento quando lhe for recomendado por um profissional de saúde.


2. Um estilo de vida saudável pode prevenir o câncer:

​Uma outra forma de enfrentar o câncer é reduzindo a probabilidade de que ele se desenvolva. Nesse ponto, a adoção de hábitos de vida saudáveis, como evitar o tabagismo e o consumo de álcool, manter um peso saudável, possuir uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos regularmente, é de suma importância para prevenir as neoplasias malignas.

O benefício dessa iniciativa é cientificamente comprovado: uma investigação conduzida por pesquisadores da USP e da Universidade de Harvard revelou que 27% dos casos anuais de câncer seriam evitados e 63 mil vidas seriam poupadas com um estilo de vida saudável.


3. Os tratamentos estão evoluindo diariamente:

Outro ponto crucial no avanço da superação do câncer é a evolução do tratamento da doença. A identificação precoce de tumores através de métodos diagnósticos e protocolos de investigação mais robustos, a pesquisa e o desenvolvimento de novos quimioterápicos, assim como terapêuticas mais específicas como a imunoterapia, os anticorpos monoclonais e o aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas têm contribuído expressivamente para esse progresso.

Por conta disso, a taxa de sobrevida de diversos cânceres aumentou significativamente nas últimas décadas. Por exemplo, um estudo realizado no Serviço de Oncologia Pediátrica do Instituto Materno Infantil de Pernambuco demonstrou uma evolução da taxa de sobrevida da leucemia linfoide aguda (LLA - um tipo de câncer do sangue e da medula óssea que afeta os glóbulos brancos) em crianças menores de 15 anos de idade, de 29%, nos anos 80, para 75% nos anos 2000. A LLA, assim como várias outras neoplasias, evoluiu de uma doença mal definida e intratável na metade do século passado, para uma enfermidade bem compreendida e com ótimas respostas à terapêutica.

4. Ninguém precisa enfrentar o câncer sozinho:

Apesar de muita evolução, o processo de enfrentamento do câncer ainda é repleto de dificuldades, tanto no sentido biológico, como psicossocial. Por isso, ninguém precisa viver esse momento sozinho. O fortalecimento de uma rede de apoio sólida e acolhedora faz toda diferença. Afinal, ter familiares e amigos com quem dividir esse período difícil o torna mais leve e suportável.

Os grupos de acolhimento e aconselhamento para pessoas com câncer também possuem grande importância nessa etapa. A participação em grupos, nos quais é possível ocorrer a troca de informações e vivências com indivíduos em situações semelhantes, permite o desenvolvimento de novas perspectivas em relação a todo processo de luta contra a doença, fortalecendo o ânimo da pessoa nesse novo momento da vida.

É incontestável que receber um diagnóstico de câncer é, para a maioria das pessoas, assustador e muito preocupante. Todavia, como discutido nesse texto, essa circunstância não é uma sentença de morte! Hoje, podemos contar com tratamentos mais efetivos, com serviços e profissionais mais preparados para lidar com o processo de enfrentamento da doença, promovendo qualidade de vida e apoio para quem está passando por esse processo. Fatos que são motivos de esperança. É claro que enfrentar essa enfermidade não é fácil e exige muita perseverança e esperança no futuro, mas ela pode ser superada!

Referências:

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