top of page
Buscar

Coronavírus ou gripe? E agora?

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 10 de mar. de 2022
  • 7 min de leitura

por Julia Rocco e Luisa Erthal

​Já no início de 2022, temos observado um aumento expressivo no número de casos de infecções pelo Sars-Cov-2, com o agravante de uma nova variante circulante, ainda mais contagiosa que as anteriores, a denominada Ômicron. Em paralelo, os casos de Influenza - popularmente conhecida como gripe - também vêm aumentando e, com isso, no mês deJaneiro, nos deparamos com os primeiros casos de coinfecção, a chamada “Flurona”. Uma vez que ambas as infecções geram quadros sintomáticos similares, sendo difícil sua diferenciação apenas pelo quadro clínico, o Jornal “A Sístole” reuniu as principais questões sobre esse tema, a fim de ajudar nossos leitores a lidar com a atual situação.

1) Como saber se estou com influenza ou covid-19?

Os quadros clínicos, de fato, são muito parecidos, sendo necessária a realização de exames laboratoriais para fazer a diferenciação diagnóstica. Sintomas comuns a ambos os quadros são: febre, tosse seca, coriza, dor de garganta, cansaço e mialgia (dor no corpo).

Ambas condições também têm em comum a forma de transmissão, que se dá por meio de gotículas de saliva, com os vírus começando a serem disseminados já cerca de 24-48h antes do início dos sintomas. Entretanto, o quadro de perda de olfato e paladar fala mais a favor da infecção por Covid-19 (apesar de também poder ocorrer em outras síndromes gripais).

Atualmente, alguns laboratórios particulares já dispõem de testes combinados para os vírus Influenza e Sars-Cov-2, permitindo diferenciar entre as duas condições.

2) Estou com dor de cabeça e tossindo: O que devo fazer?

Na presença de algum sintoma gripal, como febre, calafrios, tosse, coriza, dor de cabeça, dor de garganta, perda de olfato/ paladar, o melhor a se fazer é o isolamento. Independente da etiologia, sendo uma infecção pelo novo coronavírus (covid-19) ou vírus Influenza, a medida de contenção é o isolamento e medidas de suporte como aumento da ingesta hídrica, uso de antitérmicos em caso de febre e repouso. Caso tenha disponibilidade na sua localidade, para fins de monitorização clínica e epidemiológica, existem diferentes tipos de testes que podem diagnosticar o “culpado” pela infecção, disponíveis em redes públicas e privadas.

O teste de antígeno (também chamado de teste rápidopara detecção do antígeno, pode ser feito do 1º ao 7º dia do início dos sintomas, levando em média 15 minutos para o resultado. É válido ressaltar que, no caso do teste de antígeno, um resultado negativo não serve para excluir a hipótese da infecção, devido condições de sensibilidade inerentes ao próprio teste.

Já o RT-PCR, considerado padrão-ouro (o melhor exame) para diagnóstico de infecção por Sars-Cov-2, pode ser feito do 1º ao 8º dia do início dos sintomas, com resultado em aproximadamente 48h, dependendo do local de análise. Se o resultado for positivo em qualquer um dos dois testes, siga as orientações médicas, adote corretamente as medidas de isolamento e utilize máscara.

Também existe o teste sorológico de IgM e IgG para Covid-19, realizado idealmente a partir de 10 dias do início dos sintomas. Um resultado de IgM e IgG negativos significa que a pessoa, provavelmente, não teve infecção pelo novo coronavírus, ou, já teve seus níveis de IgG diminuídos após infecção passada, visto que é incerto o tempo de permanência deste anticorpo na infecção pela COVID-19; IgM positivo e IgG negativo indica que a pessoa está contaminada e pode estar na fase ativa da infecção, podendo transmitir para outros; IgM negativo e IgG positivo significa que a pessoa já teve contato com o vírus, não sendo possível afirmar se existe infecção ativa ou não, devido à sensibilidade variável deste teste; IgM e IgG positivos indicam que a pessoa pode estarcom uma infecção recente. Devido à complexidade da interpretação do exame sorológico, o ideal é que o resultado seja analisado por um profissional da saúde qualificado e que sejam considerados fatores clínicos e epidemiológicos.

3) Testei positivo para Covid-19 e outras pessoas moram comigo. E agora?

Se possível, fique em um cômodo isolado dos outros moradores e evite compartilhar utensílios de cozinha como talheres e copos. Também é indicado o uso de máscaras nos ambientes comuns da residência, para evitar contaminar os outros residentes.

4) Estou com Covid-19. Quanto tempo preciso ficar isolado?

No dia 10 de janeiro de 2022, o Ministério da Saúde definiu novas regras sobre o isolamento:


5 dias de isolamento: se ao 5º dia completo desde o início dos sintomas o paciente não apresentar sintomas respiratórios ou febre por, pelo menos, 24h sem o uso de antitérmicos ele deve fazer um teste, como o RT-PCR ou o antígeno. Em caso de resultado negativo, ele podesuspender o isolamento, mas deverá manter as recomendações adicionais que serão abordadas a seguir até o 10º dia. Entretanto, se o resultado for positivo, ele deverá manter o isolamento até o 10º dia.

7 dias de isolamento: se ao 7º dia o paciente não apresentar mais sintomas respiratórios e estiver sem febre por, pelo menos, 24h sem o uso de antitérmicos, ele pode interromper o isolamento, sem a necessidade de realizar outro teste, mas deve adotar as recomendações adicionais. Entretanto, caso o paciente ainda tenha sintomas no 7º dia, é necessário realizar um teste. Nesse caso, se o resultado for negativo, ele poderá suspender o isolamento no 8º dia, desde que esteja sem febre e sem sintomas respiratórios, devendo adotar as recomendações adicionais até o 10º dia. Caso o resultado seja positivo, ele deverá permanecer em isolamento até o 10º dia.

10 dias de isolamento: após esse período, não é necessário realizar outro teste, sendo possível suspender isolamento desde que o indivíduo não apresente febre por, pelo menos, 24h sem o uso de antitérmicos ou sintomas respiratórios.

Recomendações adicionais:

- usar máscara de forma correta, preferencialmente cirúrgica ou PFF2/ N95

- evitar contato com pessoas imunocomprometidas ou que possuam fatores de risco para agravamento do quadro de Covid-19

- evitar locais com aglomeração

- evitar frequentar locais em que seja preciso retirar a máscara em algum momento, como restaurantes e bares, bem como evitar comer perto de outras pessoas

- evitar viagens

5) Tive contato com alguém que testou positivo para Covid-19. O que eu devo fazer?

Nesse caso, é recomendado realizar o teste rápido de Covid-19 (teste de antígeno) ou o RT-PCR 5 dias após o contato com a pessoa contaminada. Enquanto o teste não é realizado, deve-se usar a melhor máscara possível (PFF2/N95) e evitar aglomerações.

6) Estou com sintomas gripais e testei negativo para Covid-19. E agora?

​O ideal, nesse caso, é a realização de um teste para detecção de Influenza, se houver disponibilidade. Os principais testes disponíveis são: teste de antígeno para influenza A e B (teste rápido), que pode ser feito até 5 dias após o início dos sintomas (depois desse tempo as chances de um falso negativo são grandes, que é quando o teste não consegue detectar o vírus, apesar de o indivíduo estar contaminado e transmitindo), o PCR para Influenza A, que deve ser feito entre o terceiro e o sétimo dia de sintomas e o teste sorológico de IgM e IgG para Influenza A e B, devendo ser feito 10 dias após o início dos sintomas. O grande problema atual é que a rede pública carece de testes para Influenza, sendo estes dificilmente encontrados nos postos de saúde e hospitais.

​Em relação ao isolamento e cuidados de higiene, as recomendações para infecção por Influenza são as mesmas daCovid-19: O uso de máscaras, álcool gel e distanciamento social faz-se extremamente importante para evitar a disseminação do vírus!

7) Positivei para Influenza. Devo tomar Tamiflu?

​Primeiramente, o uso de qualquer medicamento só é recomendado com prescrição e orientação médica! Paralelo a isso, o Ministério da Saúde recomenda que apenas as pessoas que se encaixam no grupo de risco devem fazer uso do Tamiflu (oseltamivir) desde o início dos sintomas de Influenza (demais indivíduos, fora do grupo de risco, devem fazer uso somente em casos de agravamento do quadro clínico).

Grupos de risco para influenza:

- menores de 2 anos ou maiores de 60 anos

- gestantes (em qualquer idade gestacional)

- imunodeprimidos (transplantados, pacientes com câncer, HIV positivos ou indivíduos em uso de medicações imunossupressoras)

- portadores de hemoglobinopatias

- cardiopatas ou pneumopatas

- indivíduos com doenças renais crônicas

- indivíduos com insuficiência hepática

- portadores de doenças neurológicas

- portadores de doenças metabólicas (diabetes mellitus, obesidade grau 3…)

- portadores de outras condições genéticas

- indígenas aldeados


8) Tomei a vacina da gripe e mesmo assim peguei Influenza. Isso significa que a vacina não funciona?

NÃO! Da mesma forma que ocorre com a vacina da Covid-19, a imunização diminui substancialmente o risco de desenvolvimento de uma forma mais grave da doença, com complicações mais sérias, porém nem a vacina contra a COVID-19 nem a da influenza são capazes de impedir o contágio pelos vírus em questão! Mas o problema, é claro, não é o contágio, mas sim o desenvolvimento de formas graves que podem levar ao óbito. Por isso, AS VACINAS SÃO EXTREMAMENTE EFICAZES e devem ser tomadas por todos! Se você ainda não completou o seu esquema vacinal, procure o mais rápido possível um posto de saúde (lembrando que a terceira dose da vacina contra Covid-19 pode ser tomada após 4 meses da segunda dose).

Orientações importantes:

- Utilize máscara, de preferência cirúrgica ou PFF2/ N95, de forma correta, bem ajustada ao rosto

- Fique atento ao possível aparecimento de sintomas

- Mantenha cuidados como distanciamento social e uso de álcool gel

- Vacine-se! Não se esqueça da 2ª dose e da dose de reforço contra a Covid-19 e, também, da vacina contra Influenza.

Referências:

Guia de vigilância epidemiológica: emergência de saúde pública de importância nacional pela doença pelo coronavírus 2019 – covid-19 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022

Nota Técnica S/SUBPAV/SAP nº 01/2022 - Orientações à Atenção Primária à Saúde (APS) no cenário epidemiológico de aumento de casos de Covid-19 no Município do Rio de Janeiro

Portal Fiocruz. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/pergunta/o-que-significa-um-exame-igm-e/ou-igg-positivo. Acesso em 23 de janeiro de 2022.

 
 
 

Comentários


Post: Blog2_Post

Formulário de inscrição

Obrigado(a)

©2020 por Jornal A Sístole. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page