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CONHECENDO AS ESPECIALIDADES: NEUROLOGIA

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 6 de jul. de 2021
  • 4 min de leitura


Autora: Thalita Sodré

Entrevistada: Viviane Tavares Carvalho



No quadro de hoje, vamos conversar com Viviane Tavares Carvalho, ex-aluna de medicina da UFRJ CAMPUS MACAÉ, formada em 2017 e aprovada no programa de Residência Médica de Neurologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), finalizado em fevereiro de 2021.


1. COMO É A RESIDÊNCIA DE NEUROLOGIA, NO GERAL?

A residência de neurologia é um programa de acesso direto, ou seja, você não precisa fazer Clínica Médica como pré-requisito. Dentro da própria residência de neurologia nós fazemos um ano de clínica médica. O conteúdo proposto nesse primeiro ano, que chamamos de “R1”, varia de instituição para instituição. Em geral, no primeiro ano, o residente faz as rodadas de enfermaria e ambulatórios de clínica médica, além dos plantões de emergência. Há alguns programas que oferecem também rodadas em outras especialidades ou já algumas atividades dentro da própria neurologia. No geral, a residência tem duração de 3 anos, mas alguns programas começaram a implementar um regime de 4 anos.


2. COMO É O MERCADO DE TRABALHO DO NEUROLOGISTA?

A atuação do neurologista é muito ampla, podemos trabalhar em áreas específicas ou realizar atividades combinadas. No meu caso, estou começando no mercado de trabalho e no início é difícil não viver de plantão (risos). No início é mais complicado manter-se apenas com um consultório próprio, por exemplo. Além disso, a consulta do neurologista é mais demorada. Inicialmente, podemos fazer dos plantões algo mais voltado para a neurologia, atuando em terapia intensiva/neurointensivismo, por exemplo. Também podemos responder parecer em hospitais ou fazer rotina em enfermarias neurológicas. Ademais, é possível atuar junto com o neurocirurgião avaliando o paciente clinicamente no pré/pós-operatório, ou até mesmo durante alguns tipos de cirurgias. Além disso, você pode optar por fazer um “R4” ou um “fellow” em alguma subespecialidade. Existem muitas opções e o importante é ter em mente o caminho que deseja seguir. Nesse sentido, você pode se especializar dentro de alguma área da neurologia como, por exemplo, neuroimunologia, distúrbios de movimento, cerebrovascular, cefaleia, cognição... “o céu é o limite”. Ou então, se o desejo é a realização de exames complementares e procedimentos, você pode seguir com a neurofisiologia para realizar/laudar exames de Eletroneuromiografia ou Eletroencefalograma, por exemplo. Pode-se também fazer Doppler Transcraniano ou Polissonografia. Ou, ainda, por exemplo realizar aplicação de toxina botulínica para o tratamento de patologias específicas na Neurologia, como espasticidade, cefaleia...


3. O QUE TE MOTIVOU A ESCOLHER A NEUROLOGIA E QUAIS OS MAIORES DESAFIOS DA ESPECIALIDADE?

Isso é bastante individual. Eu não entrei na faculdade querendo algo específico ou com a “cabeça fechada” para uma especialidade. Durante a faculdade pude perceber que a parte cirúrgica não era o meu interesse. Cheguei a cogitar radiologia e até oftalmologia. Sempre gostei muito de clínica médica (sim a clínica é soberana!) e mais para o final do curso fiquei muito em dúvida entre a Reumatologia e a Neurologia. Mas então fui percebendo que dentro de tudo o que gostava, a neurologia sempre estava envolvida de alguma forma, por exemplo exames de imagem de crânio, neuro-oftalmologia, doenças reumatológicas com manifestações neurológicas combinadas... e aí não teve como não perceber o que eu queria de fato. Confesso que, durante a faculdade, eu também tinha “neurofobia”. A neuro carrega essa carga negativa de ser uma especialidade muito difícil ou que não traz resultados imediatos com os tratamentos empregados. Percebo hoje com mais clareza que essa questão vem na própria graduação, já que além de já ser uma matéria naturalmente complexa, os livros didáticos eram, em geral, muito prolixos. Passar pela barreira da “neurofobia” e assumir que, de fato, era isso mesmo o que eu gostava, apesar de todas as dificuldades, foi libertador. E quando hoje alguém faz aquela “cara feia” e fala: Nossa, como você gosta de neuro? Eu posso dizer: Pois é, eu amo! (Risos) Talvez tenha me interessado também pois nunca gostei de estar num lugar cômodo e sem emoção. A neurologia me proporciona esse desafio diário, tanto na beleza do exame físico, quanto nos desafios diagnósticos e terapêuticos. Sem falar o quanto é lindo ver como você é capaz de, apenas com o exame físico, muitas vezes “matar a charada” do diagnóstico e, posteriormente, ter o prazer da confirmação com um exame de imagem ou uma terapêutica, por exemplo. Acho que realizei meu sonho de infância de ser detetive.


4. E QUAIS DICAS VOCÊ DEIXARIA PARA OS ALUNOS QUE SE INTERESSAM EM SEGUIR ESSA ÁREA?

Minha dica principal é: Não perca seu interesse genuíno apenas pelo que as pessoas falam da especialidade, pela “neurofobia”. Não é uma especialidade fácil, mas é linda, instigante e desafiadora. E, mesmo com todas as suas dificuldades, vem avançando muito ao longo dos últimos anos, tanto em critérios diagnósticos quanto terapêuticos. É muito importante, também, ver como é a rotina do médico neurologista. Veja se você só gosta da matéria ou se você se identifica também pelo dia a dia do especialista. Não se deixe abater pelo estigma da profissão! E se precisarem, contem comigo!


A equipe A Sístole agradece à Viviane pela disponibilidade e confiança no nosso trabalho.

 
 
 

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