AMAMENTAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Por: Cíntia Reis.

No dia 1° de agosto é comemorado o dia Mundial da Amamentação. Tal comemoração tem por objetivo estimular o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida, pois supre todas as necessidades nutricionais para o desenvolvimento saudável do bebê. A amamentação estimula a imunidade passiva, melhora a digestão e reduz as cólicas, previne doenças como a diarreia que podem causar morte infantil, entre outros. Já para a lactante tem-se, como benefícios, a redução do risco de hemorragias pós-parto, a geração do vínculo mãe-filho, a redução da incidência de câncer de mama, entre tantos. Entretanto, em meio a pandemia pelo SARS-CoV-2, muitas mulheres que estão infectadas com o vírus e/ou que foram vacinadas não sabem se devem continuar amamentando os seus bebês, por medo de os infectarem também.

Até o presente momento, não há evidências de que o Sars-Cov-2 infecte por transmissão vertical, ou seja, através da passagem do patógeno da mãe para o bebê durante a gestação, o trabalho de parto, o parto propriamente dito (contato com as secreções cérvico-vaginais e sangue materno) ou durante a amamentação. Um estudo realizado na China e lançado na revista The Lancet, em março de 2020, mostra que o vírus não foi encontrado no leite materno, no líquido amniótico ou no cordão umbilical, o que corrobora para a não transmissão vertical deste vírus.(1 e 2) Dessa maneira, O Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde recomendam manter o aleitamento materno nas mulheres com suspeita ou diagnóstico de COVID-19, desde que se encontrem com bom estado geral e que desejem amamentar neste período.

É importante ressaltar que estas mães ao amamentar devem seguir algumas recomendações dadas pelo Ministério da saúde, a fim de proteger os seus bebês de se infectarem, como:

“• Usar máscara facial (cobrindo completamente nariz e boca) durante as mamadas e evitar falar ou tossir durante a amamentação;

• A máscara deve ser imediatamente trocada em caso de tosse ou espirro ou a cada nova mamada;

• Lavar com frequência as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos, antes de tocar o bebê ou antes de retirar o leite materno (extração manual ou na bomba extratora). Se não for possível, higienize as mãos com álcool em gel 70%. (3 e 4)

As mulheres que não se sentirem confortáveis em amamentar ofertando o seio podem extrair o leite e oferecer a criança em um copinho, xícara ou colher. Não se esquecendo de realizar a limpeza adequada das bombas de extração ao final de cada uso. Terceiros devem ser orientados adequadamente.

Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda que gestantes, puérperas e lactantes que se encontrem em um dos grupos prioritários sejam vacinadas contra o COVID-19. Entretanto, os estados e municípios possuem autonomia para gerir a vacinação dos grupos prioritários. (5)

Ademais, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que as lactantes que se vacinarem contra a COVID-19 não devem interromper a amamentação. Vale frisar, que uma das benesses da amamentação é a transferência de anticorpos maternos para a criança. Logo, mulheres que foram imunizadas contra o SARS-CoV-2, podem proteger os seus bebês contra o COVID-19 e de distúrbios gastrointestinais causados por essa doença de acordo com uma revisão feita por pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, publicada no Physiological Reports (6 e 7).

Referências bibliográficas:

1- MOCELIN, Helaine Jacinta Salvador; PRIMO, Cândida Caniçali; LAIGNIER, Mariana Rabello. Panorama sobre as recomendações para amamentação em tempos de COVID-19. J. Hum. Growth Dev., São Paulo , v. 30, n. 3, p. 335-343, dez. 2020 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822020000300002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 jul. 2021. http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.v30.11060.

2- https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673620303603

3- https://aps.saude.gov.br/noticia/7717

4- https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/como-fica-a-amamentacao-em-maes-covid-19-suspeitas-ou-confirmadas/#:~:text=SIM.,modo%20exclusivo%20at%C3%A9%20seis%20meses.

5- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/gestantes-puerperas-e-lactantes-saude-orienta-vacinacao-contra-a-covid-19-para-mulheres-de-grupos-prioritarios

6- https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-recomenda-vacinacao-contra-a-covid-19-em-lactantes/

7- https://jornal.usp.br/ciencias/anticorpos-gerados-pela-vacina-contra-covid-podem-passar-para-bebes-pela-amamentacao/

8- SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA (GO). Amamentação traz benefícios para o bebê e a mãe. Sociedade goiana de pediatria, [S. l.], p. 1, 28 set. 1918. Disponível em: https://www.sbp.com.br/filiada/goias/noticias/noticia/nid/amamentacao-traz-beneficios-para-o-bebe-e-a-mae/. Acesso em: 13 jul. 2021.