A VACINAÇÃO NO POLO UNIVERSITÁRIO DE MACAÉ: DE QUAL LADO ESTÁ A CIÊNCIA?
- Jornal A Sístole
- 20 de jul. de 2021
- 3 min de leitura

Por Miguel Soares de Brito Júnior
Em um momento de tantas angústias com relação à sobrevivência das universidades públicas devido aos cortes e/ou congelamentos orçamentários, vive-se em Macaé a esperança de que a voz e as mãos da ciência sejam propulsoras de divulgação do poder universitário ao lado da proteção da população, bem como do avanço da vacinação. Voluntários discentes, docentes e técnicos administrativos do curso de Enfermagem e de demais cursos da área da saúde, em parceria com a direção do campus e em contato direto com as necessidades da prefeitura da cidade, auxiliaram no processo de vacinação reacendendo as discussões de que as ações da universidade pública caminham em consonância com o combate à pandemia.
Assim, convidamos a acadêmica de enfermagem, Isabela Slaviero para que nos contasse sobre a experiência de estar participando dessa proposta de vacinação no polo. Segue:
Como você ficou sabendo da oportunidade de acadêmicos participarem da vacinação como voluntários? Quais motivos lhe incentivaram?
“Então, lembro que logo quando eu soube que a vacinação iria iniciar em Macaé, fiquei muito animada porque na época estava cursando o 5° período remotamente, e um dos campos práticos que a enfermagem tem no 5° período é justamente a campanha de vacinação. Em períodos normais, seria da gripe, mas como a gente está vivendo todo esse contexto pandêmico, imaginei que a minha turma faria parte da campanha da COVID. Não foi da forma como imaginei porque infelizmente não estamos autorizados a voltar aos campos práticos ainda, mas surgiu a oportunidade do voluntariado, em que foi feito um acordo entre a prefeitura de Macaé e o curso de enfermagem da UFRJ. Fomos avisados pela coordenação do curso e logo me inscrevi e felizmente fui chamada para participar.
Acho que além de fazer parte desse momento histórico, o que me motivou a participar foi saber que estaria ajudando de alguma forma; levar o cuidado e a reconstrução da esperança para população é gratificante demais. Os agradecimentos de todas as pessoas que foram vacinadas e o olhar sorridente preenchem o coração em meio a tanto caos que nosso país está vivendo. Também tive a oportunidade de vacinar as duas pessoas que mais amo e que foram motivo de preocupação e angústia durante a pandemia inteira: meus pais. Para mim, tem sido um momento de alívio e a certeza de que, mesmo devagar, tudo ficará bem”.
O que você diria sobre a importância desse espaço universitário, em especial em se tratando da UFRJ, nesse processo de vacinação?
“Na verdade, não só é importante para a UFRJ como para o Campus em si, por tudo que temos passado como instituição federal com cortes e mais cortes de verba, mas também para o curso de enfermagem que está sendo a linha de frente na vacinação do polo FUNEMAC. A enfermagem constitui mais da metade da força de trabalho da saúde no Brasil e, infelizmente, não tem o devido reconhecimento e valorização que merece ter. A pandemia veio para nos mostrar que sem a enfermagem não há saúde. Estamos na linha de frente nos hospitais, unidades básicas de saúde, vacinação... é literalmente o cuidado do nascer ao morrer, estamos sempre lá. Ter a participação de acadêmicos durante esse momento nos motiva a lutarmos cada vez mais como futuros enfermeiros e enfermeiras por condições dignas de trabalho, salariais e principalmente exaltarmos a importância e o protagonismo da nossa futura profissão, não só nesse momento como em todos os outros”.
Isabela ainda destaca que ela mesma vacinou os pais, reforçando em entrevista que foi muito emocionante, em especial por conta da resistência do pai para com a imunização, tendo sido vencida pelo fato da própria filha poder vaciná-lo. Poder fazer parte desse processo a incentiva na proposta de continuar a atuar como voluntária. Ao observar a emoção da mãe que se colocava muito ansiosa e esperançosa com a vacina, a acadêmica se declara fortemente aliviada em estar contribuindo com a cidade e com o mundo nessa luta travada contra o vírus.
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