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A SÍSTOLE RESPONDE: CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O DIABETES

  • Foto do escritor: Jornal A Sístole
    Jornal A Sístole
  • 3 de jan. de 2023
  • 4 min de leitura

por Orlando D. Canichio


O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina (hormônio regulador da glicose no sangue), que tem como função “quebrar” as moléculas de açúcar, utilizando a energia presente em suas ligações químicas para manutenção das células do nosso organismo. O Diabetes pode causar o aumento da glicemia (nível de glicose sanguíneo), de modo que altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias e veias, nos olhos, nos rins e nos nervos.


Uma projeção mostra que, em 2030, existirão 578 milhões de pacientes com DM, e outra, para 2045, que chegará a 700 milhões. Essa doença pode apresentar uma evolução lenta e, muitas vezes, silenciosa. Isto é, caso não seja feito um acompanhamento de rotina adequado, ela pode evoluir e gerar danos irreparáveis.

Nosso país é o 5° com maior número de pessoas com diabetes em todo o mundo, atrás de países como Estados Unidos, China e Índia. Tendo em vista a importância epidemiológica da DM em nosso país, tentarei abordar algumas questões relevantes sobre essa doença, tentando desmistificar e esclarecer alguns pontos.


1) Qual a causa do Diabetes Mellitus?

Existem diversos tipos de Diabetes para além do tipo 1 e 2. Outros tipos são: Diabetes Gestacional; Diabetes relacionada a efeitos monogênicos na função das células ß pancreáticas (ex: Diabetes neonatal transitório ou permanente) ou a defeitos genéticos na ação da insulina (ex: Síndrome de Rabson-Mendenhall) ou a doenças do pâncreas exócrino (ex: Fibrose cística); Diabetes associada a endocrinopatias (ex: Síndrome de Cushing), secundária a drogas, ou quimicamente induzido (ex: Tiazídicos), secundário a infecções (ex: rubéola congênita), além de outras síndromes genéticas associadas ao DM, como a Sd. de Down e Klinefelter.

Além dos fatores genéticos, as interações ambientais são fundamentais para uma pessoa vir a desenvolver DM. Hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, alimentação pouco balanceada (priorizando alimentos de alta carga glicêmica e ultraprocessados), alcoolismo e tabagismo, aumentam consideravelmente, a longo prazo, o risco de desenvolvimento dessa doença em pacientes que podem nem apresentar propensão genética ao DM.


2) O endocrinologista é o único profissional que trata o Diabetes?

Não! Muitas vezes, nos casos de Diabetes descobertos no início, em pacientes com poucas comorbidades e não descompensados, o manejo da doença pode ser feito pelo próprio Médico da Família ou pelo Clínico Geral. Porém, como colocado anteriormente, o indivíduo deve ser encaminhado ao nutricionista para haver uma readequação da alimentação, além da orientação e estímulo à prática de atividades físicas realizadas sob supervisão de educadores físico e/ou fisioterapeutas. Ademais, nos casos mais graves da doença, os quais há a necessidade da avaliação do médico especialista, deve ser feito o encaminhamento (ex: insulinoterapia).


3) Como é feito o diagnóstico do DM?

Em geral, existem 4 métodos de diagnóstico dessa doença:

  1. Medição de duas taxas de glicemia em dias diferentes, maiores ou iguais a 126 mg/dL, em jejum de 8h.

  2. Exame de hemoglobina glicada maior ou igual 6,5%.

  3. Diversos sintomas de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, desidratação, perda de peso significativa) com uma glicose plasmática aleatória maior ou igual a 200 mg/dL.

  4. Teste de Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), no qual o paciente ingere 75g de dextrosol sentado e em terá a colheita da glicemia em 2h. Se ela vier acima de 200 mg/dL, fecha-se o diagnóstico. Se vier entre 140 mg/dL e 199 mg/dL tem-se um pré-diabetes (intolerante). Caso venha menor que 140 mg/dL, descarta-se o DM.


4) Existe o pré-DM?

Sim! É fundamental para o paciente entender que essa condição não é uma “pré-doença”, mas sim uma doença de fato, necessária de tratamento. Muitas vezes, esses pacientes podem apresentar complicações sistêmicas semelhantes às de pessoas com diabetes. Assim, é imprescindível que esse indivíduo realize o tratamento adequadamente, pois o risco de desenvolver a DM tipo 2 é altíssimo.


5) O que é a hemoglobina glicada?

Também descrita como HbA1C, é um dos métodos diagnósticos mais assertivos do Diabetes. A glicada representa a média das glicemias dos últimos 2 a 3 meses. Porém, alguns fatores podem alterar esse valor, podendo gerar falsas interpretações importantes. Um valor falsamente baixo pode ter diversas causas, como gravidez, altas doses de vitamina C e E e hemoglobinopatias. Por sua vez, aqueles erroneamente aumentados podem estar associados ao uso de AAS e opióides, alcoolismo, uremia e hipertrigliceridemia.


6) Todo paciente diabético será insulinizado?

Não! Existem diversos fármacos utilizados para o tratamento do DM, dentre eles temos os inibidores da DPP-4 (ex: Linagliptina), os análogos de SGLT-2 (ex: Empaglifozina) e os análogos de GLP-1 (ex: Liraglutida), dentre outros. Se o tratamento for seguido à risca, associado a importantes/fundamentais mudanças nos hábitos de vida, é quase nula essa possibilidade.


7) O SUS oferece o tratamento gratuitamente?

Não são todas as classes de medicamentos indicados para tratar o DM que estão na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) de 2022. Porém, alguns dos mais utilizados são disponibilizados de forma gratuita nas Farmácias Populares, como o acetato de desmopressina, a dapagliflozina, a insulina análoga de ação prolongada e a de ação rápida e o cloridrato de metformina.


8) O diagnóstico de Diabetes Mellitus não é o fim do mundo!

Com os avanços nos conhecimentos científicos, com o aumento da oferta de fármacos cada vez mais eficazes e com os constantes estudos feitos sobre a doença é possível oferecer um melhor prognóstico aos pacientes. É extremamente comum ver pessoas com diabetes participando de maratonas e corridas amadoras, sem apresentar qualquer tipo de impedimento. Basta fazer o acompanhamento adequado, com uma equipe multiprofissional, a fim de que a doença não seja incapacitante.


REFERÊNCIA

Rodacki M, Teles M, Gabbay M, Montenegro R, Bertoluci M. Classificação do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022). DOI: 10.29327/557753.2022-1, ISBN: 978-65-5941-622-6.


 
 
 

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