A SÍSTOLE CONVIDA: DR. MIGUEL ALEXANDRE
- Jornal A Sístole
- 13 de out. de 2020
- 3 min de leitura
CÂNCER DE MAMA E A MAMOGRAFIA NO BRASIL
Por Dr. Miguel Alexandre
Membro Titular do CBR
Prof. Pós-Graduação SOGIMA / UNIRIO
CEDI Diagnósticos
Texto mediado por Izabel Feitosa
Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil em consulta pública
O câncer da mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil. A estimativa de incidência de câncer no Brasil, para o ano de 2017, aponta quase 59.000 casos novos de câncer da mama, com risco estimado de 55 casos a cada grupo de 100 mil mulheres.
A detecção precoce compreende duas estratégias:
1- Diagnóstico precoce: abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença.
2- Rastreamento (Screening): exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões precoces sugestivas de câncer.
Detecção Precoce
• Exame Clínico das Mamas (ECM)
Quando realizado por um médico ou enfermeira treinados, pode detectar tumor de até 1 (um) centímetro, se superficial. Deve ser feito uma vez ao ano pelas mulheres a partir de 40 anos.
• Mamografia
A mamografia (radiografia da mama) permite a detecção precoce do câncer ao mostrar lesões em fase inicial, muito pequenas (medindo milímetros). Deve ser realizada a cada ano por mulheres a partir dos 40 anos de idade ou segundo recomendação médica.
Somente o autoexame não basta!
Diagnóstico tardio
No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados (nódulos com mais de 2 cm).
Um dos maiores problemas no diagnóstico tardio é o Câncer de intervalo – MMG falso-negativa – detectado entre 2 mamografias, cujo intervalo de realização seja menor que 1 ano. Há dois tipos: câncer de intervalo por deficiência técnica, ou seja, quando a primeira mamografia foi realizada erradamente ou o exame apresentou má qualidade, falhando em diagnosticar um câncer já existente; e câncer de intervalo verdadeiro, quando a mama realmente estava normal ao primeiro exame, mas o câncer surge em um crescimento altamente acelerado, só sendo detectado após 6 a 8 meses.
Controle de qualidade das mamografias
Frequentemente, anuncia-se a compra de grande número de mamógrafos em diversas cidades, como se a solução para a melhoria da detecção precoce do câncer de mama dependesse apenas da existência destes aparelhos. Nesse sentido, é necessário comentar sobre o padrão de qualidade desses exames.
No Brasil, a partir da Portaria n° 453 do Ministério da Saúde, que estabelece as Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico, o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) modificou seu “Programa de Qualidade em Mamografia”, adequando-o aos requisitos da regulamentação. Assim, o CBR é responsável por supervisionar a qualidade dos serviços de mamografia. Entre os quesitos avaliados, citam-se: doses de radiação, testes de qualidade de imagem e análise de artefatos.
No mais, ressalta-se a importância de profissionais capacitados para operar nos mamógrafos, bem como para interpretação adequada dos resultados, essenciais para manter a qualidade e o padrão de confiabilidade do exame.
Por fim, é válido pontuar que, entre os três principais exames para avaliação da mama – mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética – a mamografia é o melhor método que dispomos para o diagnóstico precoce do câncer de mama, mostrando REDUÇÃO DA MORTALIDADE em estudos de rastreamento (screening), isto é, em mulheres assintomáticas ≥ 40 anos de idade, anualmente.
Referências bibliográficas
Secretaria de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Regulamento técnico. Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico. Brasília, Portaria n° 453, 2/6/1998. Disponível em: https://saude.es.gov.br/Media/sesa/NEVS/Servi%C3%A7os%20de%20sa%C3%BAde%20e%20de%20interesse/portaria453.pdf Acesso em 16 set 2020.
CALDAS, Flávio Augusto Ataliba et al . Controle de qualidade e artefatos em mamografia. Radiol Bras, São Paulo, v. 38, n. 4, p. 295-300, Aug. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-9842005000400012&lng=en&nrm=iso .Acesso em 16 Set 2020. https://doi.org/10.1590/S0100-39842005000400012.
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